Capítulo 16- Você não pensa

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- Okay, Buiar, estou chegando. - grito por Harry entro do lado do motorista e dirijo o mais rápido que posso.

ALERTA DE GATILHO!

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Raiva, ódio, minha respiração estava descompensada e descontrolada, já não controlava mais o choro, minhas mão estão grudadas na cama, enquanto estou de pé, com o corpo curvado, tentando me segurar, enquanto o choro era desesperador e copioso. Minha cabeça só pensava em sair daquele quarto e descontar toda a minha raiva nela, a pessoa que me causou isso, a pessoa que está partindo meu coração agora, minha mãe.

Como ela poderia ter feito isso? Como ela teve coragem de desrespeitar a memória e a casa que era de meu pai e nossa. Ela não tinha esse direito, e foi tudo que eu mais pedi para ela não fazer e mesmo assim ela o fez. Os flashes iam e se repetiam em minha cabeça.

Estou em casa, trancada em meu quarto escrevendo um poema, de como as coisas andavam estranhas e esquisitas. Minha mãe havia saído, provavelmente voltaria bêbada a que não era nenhuma novidade, minha irmã ou estava no quarto ou no banho.

Tento focar meus pensamentos apenas no texto a minha frente, mas existem vozes na área de casa. Duas vozes. Acho estranho, eu poderia está imaginando, mas eu reconheci uma das vozes, uma feminina e a outra era masculina.

Levanto-me devagar, abrindo a porta com cuidado para não fazer barulho, havia um portão que separava a sala do corredor e quartos para minhas cachorras não saírem, me encosto lentamente posicionando minha vista para a direção das vozes.

Minha mãe estava beijando um conhecido da cidade usuário de drogas dentro da minha casa, e as crianças que sempre brincam em nossa calçada estavam vendo tudo, enquanto ela cambaleava bêbada grudada ao cara. Um sentimento de ódio se instalou no mesmo instante sobre mim.

Minha cabeça paralisada volta a funcionar decidindo por não esconder mais segredos, por não permitir que ela fizesse isso dentro da minha casa. Vou pedir ajuda antes que algo de muito ruim aconteça. Eu já não era mais eu.

Abro a porta do quarto de minha irmã que estava só de toalha como imaginei.

-Duda, vem aqui comigo agora. - ela me acompanha percebendo a angústia em minha voz, sem entender nada.

Eduarda não teve duas reações ao ver a cena que ainda acontecia, rapidamente e só de toalha abriu o portão e partiu para cima do cara que agarrava nossa mãe, dando chutes e o colocando para fora. Minha mãe mal se sustentava em pé, minha irmã a empurrou fazendo com que ela se desequilibre e segurada por mim não foi ao chão.

Gritos e mais gritos, minha irmã surtando. Eu tinha plena certeza de que os gritos davam para ouvir no bairro todo e minha mãe nem conseguia falar de tão alcoolizada que estava. Uma vergonha para nossa família e para a memória de meu pai.

-Você vai destruir nossa família, é isso que você quer, é isso que você faz. - Sophia berrava. - Por onde você passa.

Eu já não me controlava, minhas lágrimas desciam bufantes, marcando meu rosto, vou para o meu quarto e me tranco. Tendo o meu próprio surto.

Eu não queria pensar em nada, precisava de algo para aliviar tudo isso, então eu fiz a única coisa que me veio à mente. Segundos depois sentia gosto de sangue e minha pele sendo rasgada. Por um breve momento senti alívio, mas retornei em si quando ouvi o portão sendo aberto e batido na porta.

- Luiza? - era Valentina. Ela estava ali. De todas as pessoas que eu podia imaginar, Valentina estava ali. - Luiza, eu sei que está ai, eu não vou fazer nada, só me deixa entrar. - pediu de forma amena. O silêncio que se instituiu nos segundos seguintes é eterno. Abro só uma fresta da porta para ver se a mesma estava só e ela entende. - Sou só eu, sim? - Dou espaço para que ela entre, e quando seu corpo está dentro do meu quarto e a porta, estou trancada, automaticamente naquele escuro eu procuro os seus braços.

Até o Para Sempre - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora