Capítulo 25- Sem maldade

1.5K 104 114
                                    

Corro em direção ao rio e mergulho o mais fundo que consigo, e nada. Volto a superfície me livrando do colete do SAMU, e mergulho mais uma vez.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Valentina PVO.

Enquanto tento salvar aquela mulher, meus olhos percorrem por todo o local à procura de Luiza que ainda não havia voltado, estava começando a ficar preocupada. Não a vejo em lugar nenhum e esse era o meu medo de trazê-la.

Tento focar ao máximo na mulher sem entrar em pânico, colocando todo o meu profissionalismo no meio. Aquela mulher precisava de um cesariana de emergência ou um dos dois morreria, ou os dois.

- HARRY, VEM AQUI. - Grito rápido. - ASSUME AQUI ATÉ EU VOLTAR. - Ele me olha assustado, mas eu volto para verificar os parâmetros que até agora estavam estáveis.

Corro a vista por todos os lugares em busca de Luiza, vejo uma cadeirinha infantil fora da estrada e sigo aquele rastro. Corro para fora da pista e visualizo o rio, mas de dentro do rio eu vejo o colete do SAMU que Luiza estava usando. Entro em desespero.

- LUIZAAAAAA. - Grito desesperada, já entrando na água, quando a cerca de 30m Luiza saia, sem falar nada coloca a criança em cianose em meus braços, Luiza estava cansada, ofegante e tossia engasgada com água.

Corro rapidamente de volta a estrada, onde ocorria todo o acidente.

- Harry, aqui, rápido! - grito desesperada colocando a criança do lado da mãe, ouvindo-a chama-lo de Pablo, e se desesperar.

- Valentina o que aconteceu? Valentina ela tá piorando, precisamos fazer algo rápido. - Harry diz preocupado.

- Luiza, Harry, Luiza, vou busca-la. - Saio em disparada de volta ao lago, ela ainda estava cuspindo água.

- Hey, você está bem? - ela acena que sim. Pego-a em meu colo, ela se esforçava para dizer que não precisava, antes de chegarmos à pista a coloco no chão. - Eu sei que você não tá bem, mas temos dois pacientes graves, a criança e a mulher grávida. Eu preciso de você, você acha que consegue?

Caminhamos lado a lado de volta ao local, Harry estava na reanimação da criança.

- Temos que fazer a cesárea agora, Valentina! - Harry informa rapidamente. - Luiza o que houve com você? – Ele olha para as vestes molhadas de Luiza.

- Depois explico, ajuda a Valentina, eu assumo a reanimação. - Luiza fala pela primeira vez desde que saio do lago e olha para mim buscando a afirmação para sua ideia. Prontamente dou e eles se posicionam em seus lugares.

Harry e eu colocamos a grávida na ambulância, lá teríamos mais suporte, para realizar a cesárea. Antes de iniciar, vejo Luiza se empenhando na reanimação, a criança estava coberta para reestabelecer sua temperatura, enquanto Luiza tentava uma respiração boca a boca, eu sentia dentro de mim que tinha que dá certo, eu não sei como Luiza reagiria caso não.

Retiro o recém-nascido prematuro de umas 26 semanas, teste de Apgar 6, era preocupante, ele precisa de suporte de imediato, não havia muito o que se fazer, Harry assume o bebê, e eu me empenho em salvar a vida daquela mulher que sangrava muito.

Luiza PVO.

Eu estava fazendo de tudo, eu não podia perder ele, eu estava tão cansada, não sabia mais o que fazer, a temperatura dele estava subindo muito devagar, eu não podia desistir. Então me lembro de uma manobra de uma das aulas que pouco importa agora, sento-me colocando-o entre minhas pernas, faço uma coroa com minhas mãos na altura do diafragma, conto até três, e aperto. Nada. Mais uma vez, sem sinal. Mais uma vez, eu já estava toda molhada mesmo, mas havia ficado mais ainda quando a água foi jorrada pela boca e pelo nariz do garoto. Agora sim.

Até o Para Sempre - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora