Capítulo 18- Viagem de última hora

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Decido pela criança e enquanto eles levam o menino eu digo que ficarei massageando até a outra ambulância chegar. Vinte minutos depois a outra ambulância chegou meu braço ainda sangrado e cansado. Colocam o pai nela e eu pergunto em qual hospital iria levá-los, então acompanho a ambulância com meu carro.

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Luiza P.V.O.

Valentina acabara de me deixar em casa, minha mãe me olhou alguns segundos com uma cara de interrogação, mas por fim decidiu fazer o que ela sempre fazia, fingir que nada aconteceu, tentando puxar assunto comigo. Era notório o quanto eu estava chateada, só pela cara que fazia e pela forma como não fazia questão alguma de disfarçar.

- O que houve com o seu braço? - ela me fita enquanto tomo mais um pouco de café revirando os olhos pela preocupação.

- Nada de importante. -falo totalmente desinteressada, cortando o assunto. Para que aquilo não se estendesse.

Abro meu celular, várias mensagens. Meu Tio Marcelo me liga me chamando para almoçar com ele, vou tomar banho tendo todo o cuidado para não molhar meu braço. Coloco um cropped branco com estampa das cores LGBTQ+, um short jeans cintura alta e um tênis branco, deixo meus cabelos soltos caírem sobre meus ombros.

Eu estava tão distraída que não percebi o caminho que estava fazendo, até parar frente a casa de Heloise ou seja, de Louise. Se eu soubesse teria ficado em casa.

Almoço rapidamente me praguejando mil vezes por ter aceitado o convite, Louise me analisava o tempo inteiro, enquanto eu decidia que não queria falar com ninguém, apenas peço a madrinha Marie para ir para o quarto que sempre vou, quando ficava ali. Com seu consentimento peço licença e me retiro.

Mal me deito na cama e já ouço a porta sendo aberta, já posso imaginar quem seja sem nem me virar para ver. E não é porque meu fim de semana foi uma loucura que eu havia me esquecido do que a dita cuja havia me feito.

- Luiza, precisamos conversar. - o colchão afunda e sinto uma pessoa deitar ao meu lado, nem preciso me virar para reconhecer aquela voz. Era castigo, só podia ser.

- Eu não estou afim, eu só quero ficar de boa aqui na minha. - Louise era sem dúvida o menor dos meus pensamentos agora, não queria ter que lidar com isso também.

- Sabe qual é o maior problema? Você fica tentando me controlar, eu não posso sair para conhecer uma pessoa? Não posso mais ter amigos, ou receber amigos em minha em casa, então eu vou me fechar para o mundo. E Luiza eu não tenho controle de quem anda na minha casa. - desatou a falar tudo de uma vez, com uma certeza tão grande. Tudo que eu faço é me virar e me sentar de frente para ela na cama e a mesma fazer o mesmo. Dessa vez não. Dessa vez você não jogaria a culpa das merdas que você faz para cima de mim, como se a errada fosse eu.

- É isso que você acha dessa situação toda? - pergunto com a cara mais entediada que consigo fazer.

- Sim. É isso. - sua mão sobe até meu rosto, seus dedos fazem um carinho suave, como pode? Minha cara continua de tédio, e quando ela vai me beijar rapidamente coloco meu dedo, impedindo-a. Totalmente sem paciência para essas infantilidades desconexas de Luiza. Um dia ela iria refletir sobre tudo isso e talvez, não que me importasse, mas ela teria uma opinião diferente sobre isso ou pelo menos aprenderia alguma coisa.

-Bom, se é isso que você acha, ainda tem muito que pensar então. Passar bem, Luiza. - dito isso me levanto e saio daquele quarto, saindo pela porta da frente sem que ninguém me visse. Pego meus fones de ouvido e coloco no último volume, fazendo meu caminho para casa, aquele momento era meu.

O dia se passou relativamente rápido, e eu gostei muito disso, pois estava ansiosa para ver Valentina. E aqui estou meia hora antes, sentada em minha cadeira, esperando a mesma e todos chegar. Ansiosa? Talvez. Por quê? Eu não sabia.

Até o Para Sempre - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora