Capítulo 14- Machucados

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Então vamos pra casa, já está tarde. - Digo tênue.

- Porque você sempre estraga a diversão? Tá bom, vamos.

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Levanto-a da cadeira e passo seu braço sobre meu pescoço, com muita dificuldade e com Luiza cambaleando atravessamos a avenida e chegamos até o meu carro.

Luiza mexeu em todos os botões possíveis que ela achou, mas logo, estávamos em casa. Tive que segurar seus braços para que nós não ficássemos a noite toda no elevador, já que ela amava botões.

Levo-a para o banheiro do quarto de hóspedes, e ameaço banha-la se ela não o fizesse, até que ela tranca a porta. Arrumo uma muda de roupas minhas e troco as colchas da cama de hóspede. Dirijo-me ao meu quarto pegando meu computador e procurando a ficha de Luiza. Disco o primeiro número, de sua mãe, três toques depois ela atende.

- Alô, quem é? - sua voz está mais embolada que a de Luiza, com certeza estaria bebendo, conseguia até ver todas aquelas pessoas na casa de Luiza bebendo, esse não era um ambiente saudável para alguém como Luiza viver.

- Boa noite, eu sou Valentina, professora de Luiza? – Me apresento na expectativa de que eu consiga passar o recado.

- O que essa merda fez dessa vez? - sua voz agora está grave pela raiva em menção do nome de Luiza. Meus olhos reviram sem paciência e raiva, era inacreditável o quão maldoso esse povo estava sendo maldoso. Percebo em sua ficha outro número, o de sua irmã, então decido por desligar.

- Nada demais senhora, só pra avisar que sua filha é uma excelente aluna. - Ela resmunga e ri, eu desligo com raiva e disco o próximo número. Dois toques dessa vez.

- Alô? - uma voz jovem surge do outro lado da linha e gritos de alguém ao fundo, provavelmente sua mãe e de Luiza.

- Sou Valentina Reis, professora da UniFronteiras e de sua irmã, Luiza Buiar, com quem eu falo? – Sabia que era com a irmã de Luiza, mas queria só ter a confirmação,

- Eduarda Buiar, o que ela fez? - porque todo mundo espera o pior dela? Não consigo pensar em como ninguém consegue ver o quanto Luiza está sofrendo.

- Bom, não é nada grave, ela saiu com as amigas depois da aula e bebeu um pouco, e eu achei melhor traze-la para o meu apartamento aqui próximo da faculdade, eu trabalho em sua cidade aos fins de semana, me comprometo em levar sua irmã em segurança amanhã e deixa-la na porta de casa. - explico calmamente, rezando para que a reação dela seja diferente de sua mãe.

- Já não basta uma aqui em casa, a outra dando trabalho aí em Fortaleza, essa criança aí, você deveria ter deixado ela no bar amanhã sem ter como voltar pra ela aprender. - E desliga. Eu estou chocada. Meu Deus. Como pode isso? Como uma irmã pode falar assim da outra?

Tento esquecer a ligação, e fazer água com açúcar, para Luiza. Deixo em cima da mesinha de centro da sala e me sento no sofá, logo uma Luiza banhada vem até mim e fica de pé.

- Preparei o quarto de hóspedes pra você, as roupas ficaram boas, toma essa água com açúcar que fiz, mas mexe antes de beber, o açúcar já deve estar todo embaixo, talvez você melhore da ressaca amanhã. - Ela nada fala, está mais sóbria acredito, mas quieta. E nesse silêncio ela se senta ao meu lado.

Meu coração está do tamanho de uma formiga por está conhecendo a situação da garota. E de maneira terna minha mão repousa em seu ombro para transmitir conforto, mas ela se encolhe ao meu toque e sua expressão é de dor. Espera. Não. Ela não faria isso, faria?

Luiza abaixa seus olhos em vergonha, entendendo que eu havia compreendido aquilo. Minhas mãos pegam seu queixo os fazendo me encarar. Com meus olhos peço autorização para ver, olhando para o ombro em que toquei. Ela confirma em um sutil aceno de cabeça.

Até o Para Sempre - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora