Capítulo 17- Acidente

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Mas ela não me responde. Silêncio. Desprendo-me do seu abraço apenas o suficiente para que meus olhos encontrassem os seus e sua respiração se misturasse a minha. Percebo sua respiração ficar mais acelerada, mas como se estivesse saindo de um transe ela quebra nosso contato visual, se levantando para ajeitar a pequena mala que trouxe.

ALERTA GATILHO: DESCRIÇÃO DE ALGUMAS CENAS PERTURBADORAS.

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Valentina P.V.O.

Estou nervosa e desconfortável, ajeito uma muda de roupas minhas que trouxe para Luiza. Ela ia me beijar? Vagarosamente sinto seu olhar em minhas costas. Ela estava incomodada. Será que foi porque me levantei? Ou porque eu cortei o contato visual.

- Eu trouxe essa muda de roupas para você. - apenas assente envergonhada, enquanto pega a muda de roupas de minha mão sem encarar meus olhos. Fico aflita.

Vou até a varanda que daria a visão do mar, fazia frio, mas minha cabeça pegava fogo. Porque eu me importava? Eu sei que se eu buscar uma resposta, para a pergunta eu vou encontrar, mas eu não sei se quero respostas. Não agora. Talvez fosse demais para mim.

Não sei quanto tempo se passou, encarar o mar fazia com que eu me perdesse no tempo, o que me trouxe de volta, foi o cheiro de banho recém-tomado se aproximar de mim. O cheiro dela era inconfundível.

Ela está linda, fez um coque em seu cabelo, a roupa que trouxe, coube perfeitamente nela, acho que ficou até mais bonita, seus traços joviais, a moldavam com uma sutil e íntegra beleza. E enquanto ela se perdia no mar a nossa frente, eu me perdia nela. Eu sabia que era errado, mas havia algo de especial naquela garota, quando ela estava longe, só eu e ela bebendo naquele bar, ela era engraçada, alegre, seus olhos brilhavam e quando ficava bêbada, seus olhinhos ficavam murchos e era tão fofa.

- Me desculpa. - suas palavras saem baixinho, como se estivesse envergonhada. Ela faz uma pausa e eu deixo apenas para ver o que vem em seguida. - Eu aceito o psicólogo e o CAPS, e sua ajuda. - Luiza agora se vira para mim, e eu consigo ver a cor negra de seus olhos refletida em minha íris verde, fico extasiada que ela tenha aceitado. - obrigada por hoje, obrigada por estar aqui, e por ter feito tudo isso por mim.

Não sei o que responder agora, eu sei o quanto ela está frágil, somente a puxo para um abraço, deixando seu corpo relaxar em volta dos meus braços. Luiza perdeu alguém que ama, e não tem ninguém para orienta-la, eu não a deixaria sozinha. Eu sabia exatamente como era aquela sensação.

-Valentina? - se remexe em meus braços, mas não desgruda. - Às vezes em que você me ajudou, foram às vezes em que me senti mais protegida, eu não havia me sentido assim, não desde que meu pai se foi. - aperta meu corpo sobre o seu e o meu coração bate mais forte com essa revelação.

-É muito bom ouvir isso Luiza. - sinto-me calorosa com isso, mas tenho medo. Medo das proporções disso. - Ei, eu acho que vou dormir. - me desprendo do abraço, a informando e já entrando. Havia muitas coisas em minha cabeça, eu estava cansada também.

Deito-me na cama que estávamos deitadas antes. E Luiza na outra, apago o abajur ao lado, que é a única luz no quarto. Fecho meus olhos, tentando me concentrar em minha respiração, mas tudo que escuto é a sonância de um nariz que está congestionado sem dúvidas.

Abro meus olhos e me viro para o lado, Luiza está deitada de lado e de costas para mim, encolhida na cama, estava chorando. E sem nem pensa já estou de pé me deitando próximo ao seu corpo, assustando-a.

- Hey, está tudo bem. - agora vira para mim e juntas encaramos o teto, sua mão procura a minha e entrelaça, e eu aperto firme. Espero conseguir toda a segurança que eu queria.

Até o Para Sempre - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora