Capítulo 14

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Ajoelhada em um canto na funerária, algumas pessoas conhecidas, vizinhos e amigos se ajoelharam para se despedir de Dinda; sua fotografia estava no altar coberto de flores e sua urna com as cinzas repousava abaixo. De pensar que a pessoa mais importante para mim estava dentro de um pequeno jarro branco, com detalhes de flores de cerejeira — flores estas favoritas da Dinda.

Não conseguia aceitar que ela havia ido embora para sempre, deixando-me para trás, minha única família, não, eu tinha o Donghae e Mihee, o melhor presente que uma pecadora como eu poderia receber. Eu não merecia eles, mas sabia que a Dinda fez de tudo para que eu crescesse bem, tivesse um futuro promissor, me salvou daquela vida que só me levaria para o fundo do poço, uma gravidez na adolescência talvez, ou prisão.

Eu não seria ninguém sem ela, meu anjo guardião, mas ela se foi, então o que seria de mim? Se eu sucumbisse? Voltasse a ser uma perdida?

Apoiei as mãos nos joelhos e voltei a chorar como uma criança, derramando talvez as últimas lágrimas que derramaria por alguém. Só queria desaparecer do mundo, não ver ninguém ou falar com alguém — apenas me esconder no meu mundinho e chorar.

Perdida em meus pensamentos, não percebi ser observada, na verdade todos me observavam, entretanto aquele olhar em algum momento me trouxe de volta para o chão. Virei a cabeça para frente e encontrei o rosto terno do padre Byun; ele me encarava com complacência e meu coração pareceu voltar a bater.

Ele estava de joelhos, como se tivesse feito a reverência, mas permaneceu ali, me encarando. O mundo parecia ficar em silêncio perante sua presença — todo som ou vozes desapareceram e só existia nós dois dentro daquele lugar; a dor parecia perder a força, como uma injeção de ânimo.

Byun BaekHyun trazia a luz a qualquer lugar a qual pisava e eu sabia que meu coração pecaminoso era afetado sempre que o via. Então ele se pôs de pé e caminhou até mim, se ajoelhando à minha frente, por um momento apenas analisando meu rosto, decorando cada detalhe, por conseguinte o padre estendeu suas mãos alvas e de dedos longos, tocando as minhas.

Seu toque era macio, apaziguador, não havia nesse mundo mãos tão incrivelmente macias como as dele; meu coração ficava cada vez mais acelerado. Ele não precisou dizer uma única palavra — apenas ficar ali, tocando minhas mãos, então ele fechou os olhos e rezou; sua voz soava baixinha, apenas pequenos murmúrios.

Nos dias que se sucederam o velório, o padre Byun permaneceu ali, às vezes em um canto quando DongHae estava ao meu lado, ou sentado à minha frente com os olhos fixos em mim. De alguma forma me sentia grata por sua presença, pois me sentia presa naquele laço que nos unia. Porém quando a realidade me socou no estômago e tive que voltar para casa, me escondi dentro do quarto, desejando nunca mais sair dali, afogada na tristeza e luto.

Por longos dez dias mal comia, ou bebia, trancafiada sem querer ver as pessoas e tudo doía.

[...]

— Linda- jagy... — DongHae entrou no quarto, eu estava coberta dos pés à cabeça, encolhida na cama como um feto. — Precisa se alimentar — disse ao encarar a comida intacta na cômoda, a qual deixou para que eu comesse. — Querida, me dói lhe ver assim e nossa filha sente sua falta — quando ouvi sobre nossa filha, meu coração se apertou, pois me isolei em um luto, esquecendo que tinha alguém que precisava de mim.

Tirei o lençol da cabeça, encarando por fim DongHae, que soltou um suspiro, sentando ao meu lado na cama. Definitivamente eu não merecia aquele homem, que esteve nos momentos mais difíceis, permaneceu ao meu lado e eu estava sendo egoísta em apenas pensar em meus sentimentos.

— Desculpe — murmurei fraco.

— Não tem o que se desculpar, meu amor! — DongHae sorriu gentilmente, acariciou meu rosto e deu um selar em minha cabeça. — Estarei ao seu lado para sempre! Eu te amo!

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora