Os policiais me fizeram mil e uma perguntas sobre o ocorrido e tentei falar tudo que me lembrava, mas parecia que eles desconfiavam de mim, fazendo perguntas estranhas sobre minha relação com o aluno. Enquanto eles falavam, meus olhos estavam fixos na ambulância que levava o menino atacado e um alívio se apossou de mim.
Aquele desgraçado não fez o que queria. Infelizmente, por ter sido responsável por impedi-lo, era certo que coloquei um alvo bem no meio das minhas costas. Das lembranças daquela noite horrenda, percebi que Jason tinha razão, o assassino poderia sim ser um padre, por causa das roupas e pela oração estranha. Claro, poderia também ser um maníaco religioso, porém aquilo fazia muito sentido na minha cabeça.
Por vezes tentei contar para a polícia sobre o homem, no entanto, sem uma descrição do rosto, ficava difícil de descobrir.
— A senhora está dizendo que o assassino era um padre? Em uma escola católica? — o policial tentou reafirmar minha declaração e pelo olhar dos demais, eles estavam me achando uma louca. Até esperaria que logo eu seria uma suspeita. — Senhora Campos, precisa fazer seu depoimento na delegacia. — Meus olhos se ergueram na direção do policial, arregalando-os.
— Delegacia? Não posso ir na delegacia! Preciso voltar pra casa, meu marido e filha estão esperando...
— Senhora, você não tem escolha.
Praticamente fui arrastada pelos policiais até a delegacia, como se eu tivesse feito aquilo. Eles me colocaram em uma viatura e seguiram para o tal depoimento, que eu tinha certeza que era uma daquelas sessões de perguntas acusatórias. Todos os meus colegas, inclusive os padres, eram coreanos e eu a única estrangeira.
Por que acusar um dos seus, se pode acusar um estrangeiro?
Fiquei em uma sala com um espelho atrás, sabendo que do outro lado havia outros policiais monitorando tudo e não vou negar que meu lado afrontoso desejou mandar o dedo do meio. Não, eu não podia mostrar para aquelas pessoas ainda mais suspeitas sobre mim, pior, eles não podiam descobrir o que fiz no passado.
Se já era ruim ser acusada de assassinato, imagine se descobrissem que fui uma incendiária na adolescencia. Além de presa, ainda seria deportada e para o Brasil eu não queria voltar — muito menos com uma ficha suja na polícia internacional. Minhas chances de emprego seriam ínfimas.
Eu estava contando que o aluno se recuperasse e dissesse que eu o salvei. O assassino era outro, talvez até descrever quem era. Foi um dos meus argumentos, montar uma equipe no hospital, caso o assassino decidisse matar o menino para silenciá-lo de uma vez por todas e ninguém saber quem realmente cometeu aqueles crimes.
— Como não viu o rosto do assassino, senhora Campos? — o investigador pressionou, então voltei meus olhos para ele, soltando meu centésimo suspiro.
— Deve ser porque ele estava de costas e quando o confrontei, o desgraçado fugiu?! — rebati irritada.
— Só queremos entender as coisas, senhora...
— Não, vocês estão me acusando indiretamente! — o interrompi. — Eu não fiz aquilo com o menino! Claro que não querem acreditar, porque seria demais um padre coreano "bonzinho" — fiz aspas com os dedos. —, seja um assassino de alunos. É mais fácil acusar uma estrangeira.
— Está sendo incoerente...
— Vai me dizer que é minha mentira? — soltei uma risada sem humor. — Vocês policiais são uma comédia!
— Vejo como fala, senhora Campos... — de repente a porta da sala de interrogatório foi aberta, nos chamando atenção e um homem devidamente vestido em um terno adentrou.
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Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)
Roman d'amourEsqueça sua beleza... Esqueça sua inocência... Esqueça sua batina... Esqueça quem você é e se concentre no que está fazendo... Porque ela esqueceu que você é um padre! Reconheça a face do demônio, ele não tem chifres ou rabo pontudo, ao invés disso...