Capítulo 24

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Sabe quando você sente que sua vida perdeu todo o controle quando alguém do seu passado volta como uma assombração para te assustar?! E eu não falo do padre Byun e sim do meu pai. A última vez que o vi, tinha sido quando praticamente me expulsaram de casa para morar com a Dinda.

Ele não fez nada e deixou que sua esposa colocasse os filhos dele no olho da rua. Nem lembrava mais como era o rosto dos meus irmãos mais novos, perdi totalmente o contato. Um pai deveria ficar ao lado dos filhos, mas ele fez uma escolha, então fiz a minha de não querer saber da sua existência.

Eu sabia que voltar a minha antiga cidade significava em algum momento dar de cara com meu pai, no entanto, não tinha intenção de ser tão cedo. Por mais que me esforçasse, não conseguia perdoá-lo pelo o que aconteceu. Mainha tinha morrido e logo ele colocou outra mulher dentro da nossa casa — mulher essa que era o próprio demônio.

— Ouvi da senhora Marlúcia, que você havia voltado, mas não acreditei no início. — Começou.

Aquele deveria ser um encontro divertido entre mim e o padre Byun, então reencontrar meu pai era um pesadelo.

— Dona Marlúcia, é? Ela ainda está viva? Ela tem quantos anos, duzentos? — o encarei fazendo pouco caso.

— Você cresceu tanto e parece bem. — Apoiei a mão no queixo.

— Não graças a você, com certeza.

— Linda!! — o padre Byun me repreendeu.

— Ah, eu não te apresentei, padre... esse é o homem que me pôs no mundo e quando minha mãe morreu, colocou a amante dele dentro da nossa casa e ela nos expulsou, ainda crianças e sabe o que ele fez? Nada! — apontei para o homem com um sorriso afetado. — Você sabe como os gêmeos estão? — o encarei. — Porque eu não sei!

— Belinda, por favor, filha, podemos conversar?

— Não, eu não quero falar com você e nem sequer olhar na sua cara, então volte para sua verdadeira família.

Houve um silêncio constrangedor, eu estava profundamente irritada e só queria ir embora e me afogar na minha auto piedade, pois odiava voltar ao passado. Eu cresci em um ambiente sórdido, não tinha uma mãe, a mulher que meu pai casou era uma megera, me afastou dos meus irmãos e tive que aprender a linguagem das ruas para sobreviver naquele mundo onde os caras me viam como objeto.

A única coisa boa nisso tudo foi a Dinda, se não fosse ela, talvez estivesse nas ruas, vendendo meu corpo por um prato de comida. Ela me deu um teto, amor, carinho e uma boa educação — seria grata para toda uma vida, mas meu genitor não lhe devia nada.

— Acho que deveria falar com ele. — Virei a cabeça com os olhos arregalados para o padre Byun, negando logo em seguida. — Olha só — segurou minha mão. — Se quer seguir em frente, precisa resolver essa pendência do seu passado.

— Eu não preciso nada!

— Linda, você é uma mulher inteligente e sensata, então precisa fazer isso. — Olhei para nossas mãos unidas e pela primeira vez em anos me senti segura, como se tivesse alguém por mim. — Vou ficar ao seu lado.

Fomos até a pracinha mais próxima, onde pudéssemos conversar, pois jamais o chamaria até minha casa. O padre Byun ficou um pouco afastado e um carrinho de pipoca conversando com o pipoqueiro. Fazer aquilo era a última coisa que queria, então sentei na ponta de um banco e meu pai sentou na outra ponta.

— Como tem estado? — quebrou o silêncio e eu cruzei os braços.

— Seja direto, tenho provas para corrigir.

— Tornou-se professora? Que coisa boa, minha filha! — nada do que ele dissesse iria me amolecer. — Você e o padre parecem bem íntimos... — virei para ele com o cenho franzido.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora