Capítulo 26

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Vi estrelas quando recebi um soco bem no meio do rosto, caindo para trás de corpo e alma. O mestre Lee sorriu ladino, enquanto meus demais colegas riam da minha falta de desenvoltura em artes marciais. Eu entendia bem de lutas de presídio, onde a força bruta era essencial, porém ali todos usavam artes marciais mais complexas, fazendo meus golpes serem limitados.

Eu era motivo de chacota dos meus colegas, pois era o único frei a não aprender com facilidade a arte das lutas. Muitas vezes passava a maior parte do tempo recluso, concentrado em livros antigos e estudando a numerologia nos textos. O arcebispo responsável pela biblioteca me deu liberdade para fazer os cálculos de alguns manuscritos tão antigos, que eu não podia sequer tocar.

Ok, eu era um nerd e assumo isso sem vergonha, pois até poderia não ter habilidades na luta, mas se tratando de matemática — de alguma forma queria contribuir. Talvez nunca tivesse uma missão de campo, porém, estar trabalhando com numerologia teológica, era completamente gratificante.

Em um desses dias que me escondi na biblioteca evitando os treinos para não passar ainda mais vergonha, parei próximo a uma das colunas ao ver dois padres treinando. Não era novidade ver padres treinando na cúpula, no entanto, aqueles dois me chamaram atenção. Eles lutavam de igual para igual, movimentos rápidos com bastões e o que pareciam espadas.

Ver aquela luta me deixou completamente embasbacado com tamanha habilidade — talvez fossem os melhores ali. Corpos se movendo com leveza, braços e pernas firmes, mas às vezes pareciam que sequer tocavam o chão.

— Fugindo dos treinos de novo, frei Baekinho?! — frei Jason, o brutamontes loiro da minha turma, onde quase sempre fazia questão de me ver cuspindo sangue, surgiu do nada com mais outros dois freis. — Tsi, deve ser triste não ter nenhuma habilidade de luta e ficar se escondendo na biblioteca, como um covarde. — Jason era italiano nativo e fazia questão de estar acima de qualquer um por ter parentes da mesma linhagem que o pontífice.

Tudo aquilo o dava liberdade para ser um grande escroto com todo mundo e seus alvos sempre eram aqueles mais vulneráveis e sem habilidades, como eu. Ele tirou meus óculos do rosto e lançou aquele sorriso largo e branco em minha direção.

— Eu não sabia que estávamos no colegial! — De repente uma voz desconhecida nos chamou atenção.

Para minha surpresa, era nada menos que um daqueles dois padres. Ambos eram asiáticos assim como eu, mas não sabia dizer de onde, o italiano do que falou era impecável. Seus olhos eram pequenos e a boca fina — talvez tivesse minha idade e com certeza minha altura; ele segurava o bastão e não haviam dúvidas ser capaz de destruir Jason e sua trupe.

— Aqui é um centro de treinamento para padres, não o colegial para a prática de bullying. — Ele se aproximou, assim como seu parceiro de luta.

Jason arregalou os olhos, abaixando a cabeça em respeito.

— Só estávamos conversando sênior. — Respondeu com a voz tremida.

— Tenho certeza que meus exames de ouvido foram perfeitos, então não há dúvidas de ouvi-lo praticando bullying com o frei Byun. — O outro rebateu e assim como o primeiro, também tinha o italiano impecável e para minha surpresa, sabia do meu nome.

— Perdoe-me, padre! — Os três clérigos se curvaram e rapidamente sumiram de nossas vistas.

Quem é o covarde agora?

— Frei Byun BaekHyun, certo? — Virei para os dois e assenti.

— Me chamo Kim JongDae! — O primeiro a falar esticou a mão e apertei de volta.

— Kim MinSeok! — seu parceiro também esticou a mão a qual apertei.

— É um prazer conhecê-los! — respondi sorrindo.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora