Capítulo 16

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— Era uma noite de outono, as crianças da escola secundária de Gyeongju já descansavam em suas casas e o vigia noturno fazia a ronda nos corredores escuros e sombrios da escola. Havia uma lenda antiga sobre um fantasma vestido de padre, que atacava quem andasse pelos corredores a noite. As crianças adoravam aquela lenda, mas realmente ninguém lembrava se algum dia aquilo aconteceu. O vigia noturno continuou seu trabalho, quando em certa distância ouviu um choro baixinho e logo em seguida o completo silêncio. Era estranho, pois lembrava o choro de uma criança e naquele horário não havia ninguém na escola, então um pouco temeroso, o vigia foi verificar de onde vinha o choro cessado. O som da porta rangendo ao abri-la, fez os pelos dele se arrepiarem, principalmente porque a capela era ainda mais assustadora, com todos os santos o encarando e julgando, porém, o que realmente lhe assombrou, foi aquele pequeno corpo deitado sobre o altar. Era Kim Jonghae, um menino de sete anos, criança alegre e cheia de vida, desfalecido sobre o altar da capela, enquanto seu sangue escorria pela manta branca que cobria o altar e ele estava em posição sacra. Não importava o quanto a polícia investigasse sobre o ocorrido, não haviam pistas e nem nada que descobrisse quem era o assassino, apenas que ele matava impiedosamente. Eu trabalhava lá quando os crimes aconteceram — era estagiário e até encontrei um dos corpos. Uma menina de dez anos, Soyeon, menina linda e gentil. Sou traumatizado até hoje, porque a encontrei na quadra esportiva, de cabeça para baixo e algumas freiras disseram que era a posição de São Pedro na cruz. Ó, fico todo arrepiado só de lembrar! — Wonho esticou o braço, mostrando seu arrepio ao falar do ocorrido. — Acreditem em mim, esse maldito matou mais de dez crianças no Gyeongju e quando decidiram distribuir os alunos em outras escolas, porque era perigoso, simplesmente as mortes acabaram. Pelo menos foi o que achei, pois vi no jornal um mês depois que as mortes continuaram acontecendo, mas em outra escola.

— Está dizendo que estamos diante de um serial killer? — questionei e Hoseok assentiu com os olhos arregalados.

— Mas não um serial killer qualquer, um padre assassino! — Ao dizer aquelas palavras, ele voltou-se para o padre Byun, que parecia um pouco aéreo, então ao perceber que estávamos o encarando, franziu o cenho.

— Você não está insinuando...

— Não sei padre, mas acho que deva ter uma ideia sobre isso, esteve na cadeia não foi? — a expressão do padre tornou-se uma pedra de gelo e fiquei surpresa pela primeira vez de vê-lo agindo com tamanha frieza, pois novamente estavam insinuando algo ao seu respeito.

— Não seja cretino, Wonho! — rebati chamando atenção do outro. — Pare de fazer insinuações que não sabe!

— Por que eu estaria fazendo insinuações? Mas não é estranho que os crimes começaram quando nosso padreco saiu da cadeia? — Hoseok cruzou os braços sobre o peito e ergui o punho para dar um cascudo naquele infeliz, fazendo-o recuar. — Não seja tão cruel, Linda-ssi!

Ah como eu odiava quando Wonho falava aquelas abobrinhas sem sentido! Ir para a cadeia foi muito difícil para o padre Byun e tinha certeza que era um assunto que ele queria esquecer, pois não parecia fácil passar por tudo aquilo e ficar são.

Também não poderia negar que toda aquela história me deixava apreensiva e quando olhei para o padre, ele parecia ainda mais distante da conversa e senti que algo estava muito errado. Claro que tudo estava errado, uma de nossas crianças morreu e o que lhe aconteceu foi muito cruel — talvez não conseguisse superar aquilo.

Minha vontade era de quebrar a cara de Hoseok, por continuar nos irritando e ainda por cima com aquela história macabra.

[...]

Aquele foi um dia estranho e não posso dizer que toda aquela história contada por Wonho me deixou um pouco assustada, pois não era comum aquilo acontecer tantas vezes, logo em escolas católicas. Era nítido que havia um padrão ali e se houvesse mesmo um serial killer, nossas crianças não estavam em segurança, pior, a desgraça caiu sobre nós.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora