Capítulo 25

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Byun BaekHyun

O sol parecia mais intenso naquela manhã e eu encarava a rua de Bucheon, vendo os outros garotos jogando bola na rua, desejando estar entre eles. Então senti a mão pesada do appu-di em meu ombro — olhei para o lado virando a cabeça, vendo o sorriso largo dele.

— O que está fazendo aí nessa janela?

As pessoas próximas costumavam dizer que eu era a cópia fiel do appu-di; os mesmos olhos e o sorriso quadrado. Meu pai era muito querido pela comunidade e tinha um senso de humor divertido. Eu o adorava e se realmente fosse parecido com ele, me sentia orgulhoso.

— Por que não sai com os outros garotos?

— Baek tem as atividades da escola para fazer e esses meninos da rua são imundos! — omma-ni apareceu na sala com Soojin nos braços.

— Querida, esse menino só fica dentro de casa e já é um adolescente.

— Querido, eu sei o que é melhor pros nossos filhos!

— Ok... tenham um bom dia! — appu-di bagunçou meus cabelos, para em seguida beijar o rosto da omma-ni.

Aquela foi a última vez que vi meu pai vivo; pois no caminho do trabalho, um homem embriagado invadiu a calçada e meu pai foi uma das vítimas, morrendo no local. Nossa família ficou em pedaços. Omma-ni chorava o tempo todo, se isolando em seu quarto, então passei a cuidar da minha irmãzinha.

Eu cresci em uma família feliz — appu-di parecia uma luz em meio a escuridão, o melhor pai que um garoto poderia ter e naquele momento senti que um pedaço importante da minha vida havia sido arrancado. No entanto, fui o único a não poder viver aquele luto, chorar a ausência do patriarca, pois tinha uma irmã recém nascida e uma mãe para cuidar.

As coisas tornaram-se muito difíceis, porque eu precisei me desdobrar entre os estudos e trabalhos de meio período. Minha avó paterna até tentou ajudar, pois éramos seus únicos netos, porém omma-ni passou a agir estranho e cortou relações com o restante da família.

Sem a ajuda financeira da avó, precisei até arrumar empregos na madrugada para nos sustentar — Soojin precisava de fraldas e leite, além de algumas vezes pedir permissão na escola para levá-la comigo, pois a omma-di estava doente. O ensino médio foi um tormento, mas por sorte sempre tive bons amigos e as garotas costumavam me ajudar com minha irmã quando precisava levá-la.

Eu era muito grato por esses amigos, amigos que minha mãe nem podia sonhar existirem, pois após a morte do appa, ela ficou mais rigorosa e obsessiva. Ligava o tempo todo quando eu estava no trabalho e ia me buscar na escola para não ter contato com mais ninguém. Alguns vizinhos diziam que por eu estar crescendo e ficando ainda mais parecido com meu pai, ela projetava a figura dele em mim.

Omma-ni entrou em uma comunidade católica e com isso acreditei que ela ficaria em paz, superaria o luto, talvez ocupando a cabeça. Infelizmente as coisas não foram por esse caminho. Tornando-se muito religiosa, nos arrastava para as missas e nos fazia rezar milhares de vezes durante o dia, além dos castigos por "pecar".

Se antes era horrível, após tornou-se um inferno, pois as loucuras religiosas dela afetaram diretamente a mim e Soojin. Fui praticamente isolado de todo mundo e todos os meus planos de ir para a faculdade, ter um emprego digno, foi por água abaixo, quando omma-ni decidiu que eu deveria ser padre.

Eu poderia aguentar qualquer coisa, mas ser um padre já era demais para mim, pois ela sequer imaginava que na verdade nunca acreditei em nada religioso, ou na existência de Deus. Pode até parecer irônico, um padre não acreditar em Deus. Appu-di era assim, ele achava que coisas religiosas não passavam de uma desculpa para as pessoas se esconderem de suas próprias falhas.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora