Capítulo 23

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Naquele momento não acreditei no que meus olhos estavam vendo e pisquei algumas vezes para ter certeza de não ser uma miragem criada na minha mente perturbada. Logo ele veio para próximo da luz, onde podia vê-lo com mais clareza. O sorriso quadrado estava lá, assim como os olhos se apertando detrás de um par de óculos de aros redondos.

Estou completamente insana.

Pensei ainda sem acreditar no que estava vendo — era realmente ele? Era o padre Byun BaekHyun bem diante dos meus olhos? Não, eu ainda estava desacreditada, pois três anos antes ele me disse adeus, no entanto, havia deixado claro me encontrar onde quer que fosse.

Rapidamente fiquei de pé, virando o corpo para olhá-lo com mais nitidez. Ainda mantendo seu sorriso no rosto, pôs a mão dentro do bolso da calça preta, enquanto me encarava com doçura. Naquele momento desejei correr direto para seus braços, abraçá-lo e beijá-lo, porém estávamos dentro de uma igreja e ele ainda era um padre.

— Eu disse que a encontraria, não disse?! — meu coração bateu acelerado e apertei os lábios contra os dentes para conter o choro engasgado.

— Você não envelhece? Porque já sou velha e você ainda parece igual quando eu era moça. — Falei vendo-o dar uma risada baixa.

— Está tão linda quanto o dia que a conheci. — Soltei um suspiro pesado, dando alguns passos em sua direção e ele fez o mesmo, ao ponto de menos de meio metro nos separar. — Os caminhos de Deus são impressionantes, porque jamais imaginei encontrá-la tão cedo.

— Já se passaram três anos, sabia? — rebati e ele assentiu olhando por alguns instantes os sapatos. — Senti sua falta! — Byun ergueu a cabeça me olhando nos olhos e sorriu.

— Quando estava estudando a língua portuguesa para vir para cá, descobri algo interessante sobre esse sentimento — franzi o cenho. — Saudade é uma palavra tipicamente brasileira, resume a falta e é tão poderosa, que sequer tem tradução para outras línguas.

— Eu sei, mas isso é um não?

— Significa que senti saudade, muita saudade de você! — novamente senti o ar escapando dos meus pulmões.

— Não sabia que era tão poético, padre?! — ele sorriu novamente e estendeu sua mão bonita, de dedos longos, a qual toquei, sentindo aquela eletricidade descrita em livros românticos.

Nunca imaginei que as coisas descritas na ficção não fossem meras fantasias de autores de mente fértil, que era sim possível ter todas aquelas sensações. Meu coração era a própria viva, pois nesses três anos parecia apenas bombear sangue, porém, no momento que reviu o padre Byun, foi como se estivesse acordando de um sono profundo.

Tudo parecia paralisar e os dedos delicados do padre causavam um efeito entorpecente em mim, pois imaginava coisas nada cristãs que ele poderia fazer com aqueles dedos. Então espantei tais pensamentos, me concentrando naquele momento — apenas em mim e nele. O mundo que se explodisse.

Fui guiada até um dos bancos da capela e por alguns instantes nossas mãos ainda estavam unidas e ele brincava com meus dedos, deixando um carinho também no dorso. De repente o padre Byun a ergueu, levando até seus lábios vermelhos e deixando um selar demorado nela — aumentando aquela mistura de sensações baseadas em fatos reais, como dizem.

Encarei seu rosto fino, ele estava mais magro e os cabelos de um preto intenso, ganhou um tom mais claro e nem sabia que isso era possível. A linha fina de seu rosto parecia ter sido esculpida pelo melhor artista do mundo e sabendo que éramos criaturas de Deus, Ele fez um ótimo trabalho ao criar o padre Byun BaekHyun.

— Como você está? — seus olhos estavam fixos nos meus, enquanto ainda segurava minha mão.

— Sozinha, mas bem. — Respondi sucinta, tão hipnotizada quanto qualquer momento.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora