Capítulo 13

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Encarando a janela da cozinha, me sentia completamente impotente com o que o médico falou com relação a Dinda — ela era tudo que eu tinha de família, pois desde que saí do Brasil, nunca mais obtive notícias do meu pai e irmãos. Ela foi a âncora na minha vida e tudo que aconteceu antes e vendo-a naquela situação, era como se um pedaço meu estivesse sendo arrancado do peito.

— Acho que esse prato já está limpo — virei a cabeça ao ouvir a voz de DongHae e este me encarava com ternura..

Casar com aquele homem foi a melhor decisão que havia tomado na vida, Lee DongHae era um marido e pai digno, foi a luz em meio toda escuridão que tinha no meu ser. Ele nunca questionou sobre o passado obscuro me rondando, sempre sendo complacente e compreensivo. O conheci na faculdade, ele era professor de anatomia — as alunas se derretiam pelo belo professor viúvo.

Nosso romance se deu por um dia a babá de Mihee perder ela de vista na universidade e eu a encontrei perdida chorando, então levei a pequena até a sala da reitoria para que anunciassem a descoberta de uma criança perdida — e não demorou para ele aparecer ofegante, desesperado de preocupação, mas quando foi para a menina ir com a babá, ela me agarrou pelo pescoço, se recusando a ir.

Como não queria ouvi-la chorando, acabei por acompanhar DongHae até em casa e pondo a pequena na cama. Devo dizer que foi Mihee que nos uniu, pois depois de alguns cafés e conversas durante o percurso até o ponto de ônibus, um clima passou a nos rondar.

Eu sabia que não encontraria um homem tão incrível como DongHae, pois o único que lhe superava era um homem inalcançável, que já não tinha mais notícias por anos. Precisava esquecer o padre Byun — ele foi um lado do meu passado que queria esquecer completamente — uma desonra.

Quando o pedido inesperado de casamento aconteceu, não pensei duas vezes em aceitar, como se aquilo fosse preencher aquele vazio e sentimento sombrio de ser apaixonada por um padre; logo sendo sacaneada pelo destino que fez Byun BaekHyun cruzar meu caminho.

— Não consigo aceitar a morte dela, Hae! — falei trocando o prato por um copo na lavagem.

— Isso é muito válido, jagy! — ficou ao meu lado. — A Dinda é sua mãe e não quer perdê-la! — enxuguei uma lágrima solitária que insistiu em cair. — Vamos fazer assim — me deu um leve empurrão, me afastando da pia. —, termino de lavar isso e você fica um tempinho com ela lá em cima! — encarei o mais velho, que sorriu lindamente.

— Já disse que é um homem perfeito? — ele soltou uma risada, então dei um beijo em seu rosto.

Meus passos eram temerosos até o andar de cima, pois não me sentia forte o suficiente para seguir até o quarto da Dinda sem que tivesse um colapso emocional. Durante todos aqueles anos me preparei para o pior, pois sua doença foi se agravando, entretanto, estar tão perto de acontecer me fez recuar, não aceitando que havia chegado o momento de me despedir de vez dela.

Abri a porta e ela estava sentada de frente a janela, observando o pé de cerejeira que havia em nosso jardim, árvore esta que a mesma plantou logo quando nos mudamos. Suas folhas rosadas deram todo charme e beleza para o jardim florido que Dinda cuidou com tanto carinho, porém o deixou de lado por não ter mais forças para trabalhar nele.

— Oie! — acenei com apenas a cabeça dentro do quarto, então ela virou a sua sorrindo.

— Venha de uma vez, menina levada! — sua voz estava um pouco fraca, a pele pálida, com profundas olheiras, além da falta de cabelo na cabeça coberta por um turbante. — Lavou a louça? — me fiz de desentendida, sentando ao seu lado. — Pobre do DongHae!

— Uai!? Dinda, não seja injusta! — fiz bico.
 
— Não se aproveite demais dele.

— Eu não me aproveito, Dinda, ele que pede para ajudar e eu deixo! — ela arqueou uma sobrancelha. — Como se sente hoje? — perguntei pegando em sua mão gelada.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora