Padre_ Série: Desejo Profano Livro 2 (Byun BaekHyun)

Capítulo 27

Meus olhos não podiam acreditar quando a vi dentro do jaleco branco e me olhando surpresa por também me ver em sua presença. Belinda não era mais a mesma garota que conheci anos antes, com um olhar travesso e expressão pronta para me desviar. Não, Linda havia crescido, era uma mulher feita, adulta e algo dentro de si mostrava isso.

Não demorei para descobrir o motivo dela ter mudado tanto em personalidade — Belinda tinha se casado, formado família e até com filha. Eu não estava mais em seu coração e muito menos o motivo de sua obsessão — outra pessoa ocupou meu lugar.

Talvez naquele momento do nosso reencontro e de saber que ela era uma mulher proibida para mim, que me senti enciumado, desesperado e louco de amor. Por anos Belinda esteve em meu coração, um fruto proibido o qual não podia usufruir e sabendo que tal fruto tornou-se impossível, aquele sentimento de desolação me atingiu.

Anos longe, preso em um treinamento e entregando minha vida a igreja, eram fatores o suficiente para saber que aquele sentimento deveria ser arrancado do meu peito. Eu não estava ali por ela, para voltar ao passado, que ela fazia questão de esquecer. Tinha uma missão importante ali e revê-la foi nada mais que uma coincidência da vida.

Minha missão naquele lugar era como todas as outras, encontrar um serial killer em uma escola católica. Pode parecer improvável essas coisas acontecerem com frequência, mas acreditem, era mais comum do que se podia imaginar. Os superiores deixaram muito claro sobre a importância daquela missão, além da confidencialidade. Era descobrir o assassino, se fosse um clérigo entregar a Ordem, se fosse apenas um civil, entregar para a polícia — tudo feito conforme o manual.

O que eu não esperava era a perspicácia de Belinda e seu forte desejo de dever pelos alunos da escola. Nunca imaginei que com seu histórico escolar, fosse escolher trabalhar justamente em uma. Os alunos gostavam dela e ela se esforçava muito pelo bem-estar deles. Subestimá-la foi um erro, por isso foi uma surpresa quando a vi dentro de uma carro com Shin Hoseok, me seguindo para descobrir meu segredo.

Apesar de inacreditável, deveria ter percebido o quanto era esperta e não media esforços para conseguir o que queria. Comigo Belinda teria absolutamente tudo, pois meu coração a pertencia, cada pedaço dele, sem sobrar nada.

— Acha que estou louco? — resmunguei, entrelaçando os dedos em cima do balcão do pub.

— Acho — virei a cabeça e JongDae me encarava com um sorriso cínico.

— Por que eu ainda tento conversar com você, hein? — ele riu.

— Porque sou seu amigo?! — rebateu, tomando sua bebida em um só gole. — Entenda, meu amigo... somos padres e fizemos votos de celibato, mas não quer dizer que somos perfeitos.

— Sei que não sou perfeito, mas nem toda reza em anos pode mudar o que sinto. — Resmunguei novamente, dessa vez sendo eu a tomar um gole da minha bebida. — Eu deveria me castrar?

— Mas já somos castrados! — lhe encarei.

— Falo de não sentir mais nada, tipo o padre Lucius. — JongDae arqueou uma sobrancelha ao ouvir aquilo.

Era um fato que os padres da Ordem eram submetidos a vasectomia para serem incapazes de reproduzir, pois o comprometimento era integral e nossos corpos pertenciam somente a Deus. Não se tratava apenas de celibato, se envolver carnalmente com uma pessoa, mas entregar tudo a Ordem e ao Papa.

Eu jamais seria capaz de ser pai, construir família e viver como um homem comum, pois escolhi entregar meu corpo. Padre Lucius foi além do que o normal, castrando-se por completo, assim não sentiria desejos por quem quer que fosse. No passado ele fora um viciado em sexo, então buscou ajuda em Deus e quando a Ordem o encontrou, decidiu encarar aquilo como uma redenção de seus pecados.