Capítulo 13 - Em Nossos Mundos Distintos

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"Lindo Mundo dos Vampiros!

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"Lindo Mundo dos Vampiros!..."


Scarlett parou o carro diante da Academia Real e entregou as chaves ao guerreiro Tiburtus.

Ainda irritada e profundamente desapontada com o rumo dos acontecimentos, raciocinou que deveria ter imaginado que Rigard Dimitrescu era mais do que um simples mestiço vampiro da Ordem Tiburtus. Poucos guerreiros dos clãs como a dele tinham ordenados que permitissem hospedagens nas Academias Reais de Morlóvia.

Cruzando o saguão em direção à mesa do caçador, ela imaginou que outras surpresas estariam à sua espera. E mais importante ainda: queria ela, realmente, descobrir?

- Posso ajudá-la em alguma coisa? - Um guerreiro de experiência nível supremo, usando uma roupa de couro pesado e escuro, perguntou-lhe. Obviamente era ele o encarregado da segurança do lugar.

- Quer, por favor, avisar ao vampiro Rigard Dimitrescu de que a Lady Redfild está esperando por ele no saguão?

- Pois não. Disse desconfiando pela situação bastante inusitada, como que uma vampira real estava em busca de um Tiburtus sem ao mesmos estar com os seus seguranças particulares a tira colo.

Scarlett sorriu, em agradecimento, e caminhou até uma vitrina a poucos passos, contendo várias peças de armas feitas de prata e ouro fino. Um cartão, preso discretamente a um dos cantos da vitrina, anunciava que as peças estavam à venda numa das lojas de presentes da cidade de Morlóvia.

A peça central chamou sua atenção de imediato. Havia algo estranhamente familiar na figura solitária de um chicote mágico em forma de cobra se movimentando por toda a vitrine, olhando ao longe com ar nostálgico a serpente anseiava por uma nova caçadora. Uma tristeza intensa marcava-lhe as feições estóicas, e, lembrando-se de um jogo de infância, ela imaginou-se como uma serpente negra e tentou ver e sentir o que ela estava vendo e sentindo.

Palavras ditas pelo Ancião Adrian Alucard, do clã dos primeiros originais, um dos poucos vampiros que tinham conseguido sobreviver ao massacre de sua raça, voltaram-lhe à mente: "O sonho de uma raça morreu lá. Era um lindo sonho... O esteio de uma nação foi quebrado e dizimado. Não há mais centro, e a árvore da vida está morta daqui por diante. Perdida num mundo de humanos que também irão entrar em extinção brevemente e dois mundos que mais cedo ou mais tarde chegaram ao fim!..." Scarlett custou a perceber que estava sendo chamada. Quando, afinal, ouviu seu nome, virou-se, assustada, dando com o guerreiro a seu lado.

- Lady Redfield, o Tiburtus Dimitrescu me pediu para lhe dizer que custará um pouco a descer, ainda, e sugeriu que esperasse por ele na Sala de conferência e treinamento.

- Está bem. Obrigada.

Scarlett virou-se, de novo, para a vitrina. Saber que teria que esperar mais tempo tinha feito seu nervosismo reaparecer. Um desejo louco de entrar no carro e ir embora, esquecendo-se por completo de que já vira um mestiço vampiro chamado Rigard Dimitrescu, invadiu-a, e ela agarrou-se a esta ideia como um vampiro náufrago à tábua de salvação. No entanto, como as vítimas de afogamento fazem, às vezes, levadas pelo pânico e pela confusão, descartou a única alternativa que poderia salvá-la e ficou.

Olhando o vidro da vitrina, Scarlett viu, de repente, sua imagem superposta à da serpente mágica. Foi como se, embora distintas, as duas imagens se tornassem uma só. E, naquele momento, ela percebeu por que a figura lhe parecera tão familiar. A semelhança com Rigard Dimitrescu era tão grande, que ele poderia ter posado para a bruxa que fez tal arma, pois os olhos da serpente tinha o mesmo tom azulado de seus olhos frios. Estava tudo lá, a imagem de um se fundia ao outro, a magia ancestral gritando querendo lhe dizer algo muito importante que ela mesma não conseguia decifrar ainda... o corpo de músculos rijos, mas esbelto; as feições fortes e angulosas; os cabelos negros e espessos. Só os olhos estavam errados ou certos. Em vez de serem do azul intenso de um céu tempestuoso, eram vermelhos como as gotas de sangue fresco.

Incapaz de continuar esperando, paciente, pelas respostas que queria, Scarlett caminhou até a mesa do caçador de plantão.

- Por favor... - Disse, lutando para conservar a voz natural.

- Sim?

Ciente de que uma aproximação direta jamais faria o guerreiro revelar o número do quarto de Rigard por causo dos diversos protocolos de segurança, ela deu seu sorriso mais convincente e acrescentou.

- Decidi me encontrar com o Dimitrescu em sua suíte, afinal. Pode me dizer como chegar até lá?

As indicações que o vampiro lhe deu foram tão precisas, que Scarlett poderia ter achado o quarto de Rigard mesmo sem saber o número. Atravessando o saguão, ela saiu para um passeio largo, que dava a volta ao lago junto do qual estava a mansão feita de pedras vulcânicas.

Chegando ao fim da seção de quartos, que ficava na parte velha do estabelecimento, dirigiu-se à pequena varanda que fazia parte do quarto ocupada por Rigard. Lá, parou, mordendo o lábio, adiando ao máximo o momento em que o encontraria de novo, embora estivesse desejando esse reencontro com uma intensidade assustadora.

Atrás dela, as águas do lago brilhavam sob o sol poente da tarde, que tingia as paredes cor de escurecida da velha mansão de um suave alaranjado. O luxo e a formalidade da ambiente ajudaram-na a se acalmar um pouco, e ela levantou a mão para bater na porta. Antes, porém, que tocasse a madeira, a porta foi aberta.

- Eu senti a sua presença e o seu cheiro se aproximando. - Rigard explicou, em resposta à exclamação assustada que lhe escapou dos lábios. E, dando um passo para o lado, convidou-a a entrar.

Scarlett não se moveu, limitando-se a fitá-lo. Ele devia ter saído do chuveiro há pouco, pois ainda estava com os cabelos úmidos e a camisa desabotoada, revelando um boa porção do tórax. Involuntariamente, ela se lembrou do Rigard quase nu que vira andando pelo jardim de rosas vermelhas do castelo, a cabeça jogada para trás e as mãos apoiadas nos quadris enquanto treinava seus golpes com sua espada e adaga. Esta imagem juntou-se à figura da serpente prateada, misturando-se em sua mente, enquanto a força do vampiro diante de si estendia-se e a envolvia de forma quase sufocante.

1040 Palavras

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