Capítulo 26 - Breve Como a Lua de Sangue

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A chave entrou com facilidade na fechadura, e a pesada de madeira e aço maciço da porta abriu-se ao primeiro toque

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A chave entrou com facilidade na fechadura, e a pesada de madeira e aço maciço da porta abriu-se ao primeiro toque. Depressa, Scarlett foi até o armário do hall e apertou a série de botões que desligariam o sistema de alarme, como Jack tinha lhe dito.

Rigard seguiu-a, com uma mala em cada mão.

— Bonito, mas sinto uma atmosfera familiar por aqui. — Comentou, examinando a sala muito bem decorada. — Este castelo é da sua família ou mesmo pertence aos anciões para a qual você trabalha?

— Está brincando? Quando os anciões manda alguém para cá, é para ficar no lugar mais barato. — Ela entrou na sala ricamente carpetada. — Este castelo é de um amigo meu, que também é dono de quase todos os castelos de Marlóvia de que lhe falei. Quando ele descobriu que eu vinha para cá, me pediu para fazer o favor de ficar neste castelo em especial. Que favor, hein? Ele queria ter certeza de que tudo estava bem por aqui, antes que comece a nevar. — Scarlett virou-se e, surpresa, viu que Rigard estava olhando para ela com uma ruga na testa. — Olhe, se você está pensando o que acho que está pensando... Bem, está enganado.

O ar fechado de Rigard foi substituído por uma expressão confusa.

— O que foi que você disse?

Embaraçada, ela percebeu que tinha errado ao interpretar o olhar dele. Não era nela que Rigard estivera pensando.

— Nada. Mas temos um probleminha: só há um quarto neste castelo.

Rigard olhou para a escada de carvalho e pedras vulgânicas que levava a um cômodo mais elevado e aberto, que os anciões chamavam de cela purpúra.

— Ele fica no último andar, não é?

— É.

Ele tornou a olhar para a sala, notando o sofá em forma de V, colocado diante de uma enorme lareira de pedras e tijolos escuros, que ia do chão ao teto.

— Aquele sofá parece bem confortável.

— Rigard, eu...

— Não se preocupe. Já dormi em lugares bem piores. Qualquer dia desses vou lhe contar sobre as minhas aventuras quando caçava pelos dosi reinos.

No armário do quarto, eles acharam vários lençóis e puderam transformar o sofá numa cama bem confortável. Quando já estava tudo pronto, rigard acompanhou Scarlett até o início da escada, onde a tomou nos braços. De pé, no primeiro degrau, ela ficou quase tão alta quanto ele e pôde olhá-lo nos olhos. O que viu chegou a assustá-la. Além da fadiga e de um amor radiante, havia nos olhos profundamente azuis um brilho de... de medo!

Como se tivesse lido os pensamentos dela, Rigard murmurou.

— Não quero dormir. Estou com medo de acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho cruel. Luto a anos com diversos tipos de fantasmas, e mais um acabou entrando na minha vida.

— Pode me tocar. Eu sou real.

Com um carinho infinito, ele beijou-lhe o rosto, emocionado.

— Partilhar a minha vida é algo completamente novo, para mim. Perdoe-me se eu falhar em alguma coisa.

— É algo novo para mim também. — Scarlett pôs-se a acariciar a nuca de Rigard e, mais uma vez, seus lábios se encontraram. — Rigard, você não tem que dormir aqui. A cama lá em cima é tão larga que podemos dormir os dois nela, sem nos tocarmos.

— Não tenho tanto autocontrole quanto você pensa.

Como que para provar suas palavras, Rigard colou os lábios aos de Scarlett, num beijo profundo e apaixonado, muito diferente dos que haviam trocado até aquele momento. Depois, com um gemido que expressava sua frustração, livrou-se dos braços dela e deu um passo para trás.

— Acho melhor irmos para a cama. — Murmurou de forma indistinta.

Scarlett abriu a boca pensando em lhe dizer que o amava, mas hesitou. Apesar de ter dormido no carro, Rigard ainda estava com uma aparência extremamente cansada, e ela sabia que ele não a deixaria confessar uma coisa tão importante e depois virar as costas e ir dormir. Haveria tempo, mais tarde. A vida inteira. Mandando-lhe um beijo começou a subir a escada.

Rigard observou-a desaparecer no fim da escada e amaldiçoou-se por ser tão tolo, não a retendo a seu lado. Voltando para junto do sofá, pôs-se a tirar as roupas. Seus movimentos estavam mais lentos, devido à fadiga, mas seu cérebro continuava tão alerta quanto antes, pensando e repensando em algumas das palavras que Scarlett tinha dito.

Este castelo é de um amigo meu... ele me pediu para ficar aqui. Se pelo menos pudesse duvidar da identidade desse amigo. Mas as iniciais douradas, nas portas de vidro do bar de sangue, a um canto da sala, afastavam qualquer possibilidade de que o castelo pertencesse a outra pessoa que não Jack Nemesis.

Uma onda de raiva invadiu-o. Seria Jack, para sempre, um obstáculo entre ele e Scarlett? Teria ele condições, um dia, de afastar Jack para sempre de sua vida, como desejava tanto fazer? Sem concretizar a sua tão sonhada vingança.

Rigard apagou as luzes e se acomodou na cama improvisada. Tivera que fazer um esforço tremendo para continuar ali, para não exigir que fossem para outro lugar, qualquer lugar. Obrigando-se a continuar deitado, ele cruzou as mãos sob a cabeça e fitou o teto. A sombra de Scarlett movia-se sensualmente sobre as vigas aparentes que aos olhos treinados e super sensíveis, enquanto ela se aprontava para dormir, e lembranças da tarde que tinham passado, fazendo amor, vieram-lhe à mente. Quando ela levantou os braços, para tirar a blusa, ele prendeu a respiração, recordando a beleza dos seios dela. Uma vontade incrível de tocá-los, de prender os mamilos rosados entre os dentes, de ouvi-la gemer de prazer, um prazer causado por ele, assaltou-o.

Não!, pensou, apertando os maxilares com força. Não deixaria que Jack destruísse o que esperara a vida inteira para conhecer. Daria um jeito de esquecer o que acontecera antes. Toda a dor e a amargura teriam que ser deixadas para trás. No entanto... como poderia exorcizar o demônio que permanecera adormecido em seu coração por tantos anos? Um demônio que havia acordado, tomado por um desejo de vingança tão intenso que acabaria por destruir até mesmo um amor como o que sentia por Scarlett, se não fosse cuidadoso.

No dia seguinte, os dois começariam a reconstruir seu relacionamento. Ele daria um jeito de pronunciar as palavras que nunca dissera a ninguém. Entregaria todo seu ser a Scarlett, certo de que não havia outro jeito. Só através da confiança total seu amor poderia ser completo. Completo e indestrutível.

Scarlett estava demorando para se arrumar. Talvez soubesse que estava sendo observada e quisesse que ele percebesse o que havia negado a ambos. Um desejo profundo e ardente invadiu-o. Um desejo difícil de resistir, principalmente pelo fato de saber que ela o receberia de braços abertos, se apenas subisse a escada a tão poucos passos de distância.

Com um gemido de autonegação, ele virou a cabeça para o outro lado, cobrindo os olhos com o braço. Talvez o dia seguinte fosse o dia certo para eles.

1172 Palavras

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