o que aconteceu?

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Sou tirado dos meus pensamentos quando escuto lo'ak me chamar. Saio do Marui vendo o sol na praia.

Caminho em sua direção, sentando no cais junto a ele.

— então, vai me contar o que houve ontem? — ele pergunta direto.

— não aconteceu nada ontem, skxawng — reviro os olhos, ele me fita.

— ah não? esse enfeito no seu cabelo e esses chupões no seu pescoço, significam o que? — arregalo os olhos, olhando para o meu reflexo na água. Droga, eu vou matar o aonung. Cheguei tão desnorteado ontem que nem pensei nisso.

— já disse que o enfeite foi um amigo que me deu e isso foi um inseto, quando estava treinando de tsko swizaw. — invento uma desculpa rápida, ele levanta a sobrancelha direita e sua cauda balança em divertimento. Minhas orelhas abaixam com a vergonha e minha cauda se enrola na minha cintura.

— um amigo? Ou foi o aonung que te deu as duas coisas? — meus olhos triplicam de tamanho, bato na sua nuca com força. — Ai! Isso doeu! Sabia? — ele exclama enquanto acaricia na região do tapa.

— é para você aprender a parar de ser um estúpido.

— neteyam, você quer enganar a quem? Suas orelhas abaixam e sua cauda se enrola na sua cintura quando você mente.

— sendo o aonung ou não, mesmo que ele seja um idiota. Eu estou aqui para você, irmão. Só não demore muito tempo para assumir.

Reviro os olhos mas o abraço em agradecimento. Tsireya está vindo na nossa direção, me pergunto onde está o seu irmão.

— rewon lefpom — ela diz sorridente, me abraçando e indo em direção ao lo'ak, vejo kiri ao lado dela, revirando os olhos para algo que rotxo disse.

Kiri e lo'ak não enganam ninguém em questão de sentimentos, meu irmão obedece tudo que a tsireya manda e a kiri vive falando do rotxo.

— rewon lefpom tsireya, ngaru lu fpom srak?

— tam ke tam, meu irmão anda estressado com um visitante da nossa família. — ela me responde, minha cauda não para de se balançar.

— e quem é? — pergunto curioso

— ah, um amigo está voltando, chegará hoje a tarde. Aonung não para de enlouquecer, papai está mandando ele preparar tudo para essa chegada.

Tsireya vira sua atenção para o lo'ak e eu fico perdido nos meus pensamentos.

Um amigo? Por que aonung está fazendo isso? Será que são próximos? Aonung com outra pessoa? Balanço a cabeça com os pensamentos, por que estou me questionando tanto? Por eywa.

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Vou para o mar, chamando meu ilu. Faz um tempo desde que estive mergulhando.

Encontro uma ilha próxima e vou na direção da mesma. Caminho por ela, vejo um riacho com uma cachoeira no final, que visão linda.

Minha expressão de maravilhado caí quando vejo uma movimentação na água do riacho.

Um na'vi com os cabelos cacheados, tatuagem no corpo estava de costas para mim. Espera... AONUNG?

Me escondo atrás de uma rocha, é errado observar os outros tomando banho? Sim. Mas não consigo desviar meus olhos das suas costas, ele passa a mão pelo seus braços musculosos, desço meu olhar pelo seu corpo, parando na sua bunda, e que bunda, por eywa.

— se queria me ver sem roupa, deveria ter me pedido, não precisava fazer isso escondido. — saio do meu transe vendo ele virar na direção que eu estava escondido, com o maldito sorriso no rosto. Como que ele me viu?

oel ngati kameie, NeteyamOnde histórias criam vida. Descubra agora