depois do amanhã

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Neteyam

Saimos da árvore das almas no amanhecer, logo após o aonung se acalmar. Ele a todo momento com as mãos em minha cintura ou alguma parte no meu corpo.

Ele ainda teme que eu suma da sua vista ou algo assim.

Chegamos na vila metkayinas.

Eu não estou exagerando quando falo que TODOS olharam na nossa direção, com expressões em choque, surpresa, felicidades e outras emoções.

É ainda maior quando eu sorrio e aceno para o povo, o mar imitando os movimentos das minhas mãos.

Acho que depois do meu encontro com eywa, minha conexão ficou ainda mais forte, me sinto mais... Vivo? É irônico se for para pensar que eu estava morto a algumas horas atrás.

Uma na'vi passa por entre as pessoas, empurrando a multidão da sua frente, correndo em minha direção.

Sinto minha mãe segurar minhas mãos com os olhos arregalados, tocando no meu corpo e parando em meu rosto.

Sua feição em pura felicidade, lágrimas caindo dos seus olhos.

- neteyam? Neteyam? - ela pergunta algumas vezes. Sorrio e aceno para cada pergunta.

Ela me abraça apertado, chorando em meu ombro. A abraço com um braço só, já que aonung não fez muita questão de soltar minha outra mão.

- meu filho. Meu filho, você está vivo. Meu filho... Meu menino, meu neteyam. Você está vivo. - ela repete várias vezes, em uma pergunta muda do por que.

- eu vi eywa, mamãe.

- oh grande mãe. Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada... Obrigada por trazer o meu menino para casa, para sua família, para mim. - ela chora mais forte.

Ouço mais choros por perto, faço um esforço imenso para afastar minha mãe e receber kiri em meus braços.

- teyam, estou feliz que está de volta, ma tsmukan. - kiri chora um pouco, me olhando.

Selo sua testa com um beijo.

- estou aqui, agora. Não vou embora tão cedo. - falo enquanto limpo suas lágrimas, ela sorri para mim.

Tsireya parecia um bebê, suas lágrimas chegavam a pingar no chão.

- n-neteyam... Eu tive tanto medo... - ela fala, a abraço fortemente.

- oh, tsireya... Estou em casa. - beijo sua cabeça e ela sussurra.

- é horrível a sensação de perder um irmão... E-Eu tive medo pelo aonung. - aonung abaixa a cabeça, tsireya soluçava com o choro.

- está tudo bem, estou aqui. - passo a mão pelo seu rostinho e ela se afasta para dar espaço par o lo'ak se aproximar.

Ele não ia me abraçar, mas seguro sua cabeça, encosto minha testa na sua.

- Que bom que está vivo, mano. Bem vindo de volta, senti sua falta.

- é bom estar de volta, lo'ak. Não vou deixar o seu pé tão cedo. - ele sorri.

oel ngati kameie, NeteyamOnde histórias criam vida. Descubra agora