2° Temporada: dificil

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Aonung

Sinto como se meu corpo flutasse, assim como eu nadava na água. Não havia nada e nem ninguém. Sem barulho, sem na'vi, sem o mar agitado, sem o Neteyam... Apenas o nada.

Estava no lugar muito familiar, um lugar que só visitei quando perdi o meu amado.

Eu realmente morri?

- a resposta para a sua pergunta, minha criança, é não.

Abro os olhos, finalmente vendo uma praia, várias criancinhas correndo, caçadores metkayinas jogando suas redes, mulheres tecendo redes e cordões de canções para seus filhos.

Parecia mais um dia normal na vila, mas eu sentia como se algo estivesse faltando.

- chegou a hora, Aonung. Eu te dei um dom por um motivo, chegou a sua hora.

Escuto a voz familiar falar, me fazendo virar na direção de onde vinha.

- mas eu não sei o que fazer.

- olhe bem para o que está na sua frente, lembre de quem você é, minha criança.

Volto minha atenção para onde estava olhando antes da voz interromper meus pensamentos.

Dessa vez eu vejo um na'vi adulto, um omaticaya com mais quatro crianças. Ele acena para mim. Seu sorriso cativante, seus olhos diretamente em mim, me fazendo ficar hipnotizado nas orbes amarelas.

- hey, aonung! - ele me chama. Eu ainda não entendo, quem são essas pessoas?

Me aproximo cautelosamente dos na'vis na praia. As meninas me abraçam, sorrindo para mim e mergulhando na água logo após.

Retribuo ainda sem saber quem são, sem saber por que me sentia tão confortável, sem saber o motivo do meu coração ficar mais aliviado nesse pequeno abraço.

Logo dois jovens na'vis se aproximam, me abraçando de cada lado.

- bem vindo de volta, pai. Sentimos sua falta. - o que aparentava ser o mais velho me dá um leve beijo na bochecha direita.

- a mamãe principalmente! - o mais novo retruca, indo em direção as duas que estavam na água.

Me deixando a sós com o na'vi sorridente a minha frente.

- aonung...? - sua feição preocupada, enquanto sua mão acaricia minha bochecha direita.

- hum? - por algum motivo, seu toque aqueceu minha pele. Normalmente eu teria me afastado, mas ele me deixa muito intrigado. Por que eu não conseguia afasta-lo?

- aconteceu alguma coisa, querido?

- quem é você? - pergunto a primeira coisa que me vem a mente. Seu rosto antes amoroso agora estava completamente confuso, mas logo passa, sua feição mudando para uma em divertimento.

- vamos, as crianças estão esperando, não temos tempo para brincarmos. Você prometeu que iria levá-los para caçar - ele caminha na direção do mar, puxando meu braço, me arrastando pela areia.

Estanco no lugar, fazendo ele se virar para mim. Dessa vez seu rosto estava em confusão.

- não, é sério. Quem é você? Onde eu estou? Quem são essas crianças? E como você me conhece? - metralho as perguntas que me vinham a mente. Um erro fatal, percebi assim que vi seu sorriso morrer e seus olhos ficarem em tristeza. Eu não o conhecia, mas ver seus olhos cheios de brilhos ficando confusos e tristes, me fez recuar três passos.

oel ngati kameie, NeteyamOnde histórias criam vida. Descubra agora