Era o meu primeiro dia de aula e a minha única motivação era saber que: esse é o meu último ano. Infelizmente tive que me mudar de colégio pela terceira ou quarta vez e os meus pais não estavam... Vamos se dizer, contentes com isso. Meu pai ofereceu até dinheiro para a última diretora, mesmo assim ela recusou. Minha fama não era uma das melhores e na última vez que eu fui parar na diretoria, confesso que tremi na base achando que meus pais haviam descoberto que eu torço para o outro time. Não! Não estou falando de futebol, mas da minha sexualidade. Meu pai principalmente me mataria depois de me deserdar e eu não estava afim de passar por nenhuma dessas situações desagradáveis. Enfim, vamos para a minha rotina.
Acordo. Me dirijo até o banheiro para realizar a minha higiene matinal e como toda garota de fanfic: faço um coque desajeitado. Brincadeirinha... Mas sério, eu costumava ler muito essas coisas e não entendo como as personagens conseguem ficar tão bonitas. Encarando a minha imagem no espelho parece que eu acabei de acordar, e sim, acabei de acordar mas infelizmente eu não sou como todas as protagonistas que parecem que saiu de uma revista de moda. Então resolvi deixar o meu cabelo solto mesmo. Resumindo, terminei tomando um banho e vestindo o uniforme do colégio que se tratava de uma vibe mais RBD. Uma camisa social branca, saia (céus! Eu odeio vestir saía!) e por último e não menos importante, a gravata e as sapatilhas.
Fui para a cozinha.
— Bom dia, crias!
— Crias? Se o seu pai te ver falando assim, Rebecca... — Reprovou.
— Mas o papai não está aqui agora. — Sorri pegando uma maçã da fruteira. — Ou vocês vão me entregar? — Estreitei os olhos encarando a imagem emburrada da minha mãe e da Guilhermina que era basicamente a nossa empregada, mas eu a considerava como uma segunda mãe.
Ambas negaram com a cabeça.
— Só quero que você se comporte, filha. Não dê motivos para ser expulsa ou para seu pai encher a minha cabeça.
— Tudo bem.
— Promete para nós? — Pediu se referindo a Guilhermina.
— Claro.
— Depois que você chegar vou preparar seu almoço favorito, Becca.
— Obrigada, você é um amor! — Beijei sua testa e depois fiz o mesmo com a minha mãe. — Agora eu preciso ir, estou atrasada.
As duas concordaram. Pela manhã sempre era uma correria e por esse motivo elas não se importavam muito com o café, conseguíamos ter paz de todos os afazeres quase na hora do jantar e as vezes era um saco! Não tínhamos tempo para nós, e o meu pai, nem se fale. Sai de casa e peguei a minha bicicleta no quintal, depois do que havia acontecido no outro colégio meu pai tirou as minhas regalias e isso incluía o meu carro. Não importa, até que eu gostava de pedalar e só precisava andar logo para não me atrasar. Já pensou ficar fora da primeira aula? Isso seria um porre.
E esse ano eu estava disposta a ser uma excelente aluna. Querem pagar para ver?
[...]
6:56Cheguei no colégio e guardei a minha bicicleta junto com as outras que haviam por aqui. Entrei correndo em disparada, corri feito uma doida para achar a minha sala porque às sete horas em ponto a porta se fecharia. Aqui eles eram bem rigorosos com isso. Então de repente meu corpo se chocou contra outro me fazendo quase cair, mas já a segunda pessoa não teve a mesma sorte de ficar de pé e acabou indo ao chão. Olhei para o lado e encarei a imagem da diretora Forbes que havia me recebido antes do começo das aulas e logo em seguida voltei a minha atenção para a mulher no chão.
— Eu sinto muito por isso.
— Tenho certeza que se a senhorita estivesse prestando atenção por onde anda, sentiria bem menos. — Levantou com ajuda da diretora. — Além disso é proibido correr nos corredores!
Parei de ouvir assim que encarei a imagem impecável dessa mulher que provavelmente se tratava de uma professora. Ela era maravilhosa, cabelos loiros e curto, olhos claros, altura mediana e um corpo incrível que era denunciado devido ao vestido justo preto acompanhado de um blazer marsala. Confesso que nunca uma mulher atraiu tanto a minha atenção. Claro que ela parecia ser bem durona e chata... Mas ninguém é perfeito! Então seus olhos miraram os meus impacientemente e parece que ela não teve a mesma visão sobre mim, quanto eu tive dela.
— Parece que a senhora já conheceu a sua aluna nova, professora Laquintinie, mesmo que não tenha sido nas melhores das ocasiões.
— Minha sala já está super lotada! Espero que a senhorita não dê mais trabalho levando em conta a sua reputação.
Minha reputação? Pelo visto minhas chances de causar uma boa impressão foram de cem a zero bem rápido.
— Eu sou incapaz de uma coisa dessas! — Coloquei a mão no peito e dramatizei. — Mas uma garota não tem um dia de paz? Olha, não acredita em nada do que disseram para a senhora!
— Rebecca...
— Tudo bem, diretora Forbes, eu acredito no que vejo e se ela está dizendo que se comportará. — Deu de ombros indiferente.
O sinal tocou.
— As aulas mal começaram e já vamos passar um tempinho juntas, Rebecca? — Cruzou os braços. — O sinal tocou e a senhorita não está em sala, então terá que me acompanhar. — Sorriu e em seguida voltou sua atenção para a professora. — Viu só? Mais um ponto para mim.
A professora Laquintinie assentiu. Me deu uma última encarada e depois se foi do nosso campo de vista, pois assim como eu, ela já deveria estar em sala. Enquanto a diretora Forbes andava, aproveitei a deixa para olhar pra trás e ter uma imagem mais formal da minha nova professora e confesso que foi algo bem motivacional.
Ir para o colégio estudar? Não.
Ir para o colégio ver a professora? Sim.
Além do mais eu merecia isso. Certo? Em todas os colégios que passei, sempre encontrava alguém que me motivasse a não faltar, e a primeira regrinha da Rebecca para vocês é exatamente essa para ter um histórico de: sem faltas. Então podem me agradecer depois. A única diferença agora é a idade porque eu nunca me interessei por alguém mais velha do que eu, mas até que seria uma experiência inovadora.
— Sente-se na recepção e espere até que o horário do sinal toque! Você poderá entrar na segunda aula.
— Certo, posso só fazer uma pergunta?
— É claro, qualquer dúvida que tiver pode tirar comigo.
Assenti.
— Bom, aquela professora... Qual é o nome dela mesmo? E que aula ela leciona?
— Na verdade foram duas perguntas. — Sorriu. — O nome dela é, Anna Laquintinie, professora de francês. — Foi até a porta da sua sala. — Algo mais?
— Não, e obrigada!
Assentiu. Assim que ela deu as costas, peguei o meu celular para passar o tempo. Enquanto o tédio me corroía por dentro, não pude deixar de me lembrar da professora Francesa. Olhei para os lados e me certifiquei que ninguém estava ouvindo e entrei no Google em seguida.
— Ok, Google! Como aprender francês fluente em pouquíssimo tempo? — Pesquisei no microfone do mesmo, porque eu precisava me especializar na língua da minha nova namoradinha!
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A Tout de Suíte?
RomancePara a minha querida professora de Francês, por ter me ensinado que a vida não é um conto de fadas. OBS: Leiam essas obras na ordem que quiserem, mas o aconselhável é ler Meraki primeiro. OBS: PLÁGIO É CRIME!