Vinte e Três

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A confraternização havia acabado quando eu resolvi sair daquele quartinho

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A confraternização havia acabado quando eu resolvi sair daquele quartinho. Encontrei algumas pessoas pelo corredor e todas elas paravam para me olhar, talvez eu estivesse horrível agora. Eu me sentia assim, não precisava nem me olhar no espelho para saber disso.

Resolvi procurar o Jun-Seo para que ele me consolasse, esquecendo até mesmo que ele havia me entregado para a professora Anna. As coisas já iam mal, não queria gastar mais energia ficando brava com ele e alguma coisa me dizia que esse ato não foi por mal. Jun-Seo é a pessoa mais doce e sincera que eu já conheci na vida.

Acabei avistando ele na saída do colégio. O mesmo conversava com Xavier quando eu cheguei, mas antes de chamá-lo ou algo do tipo, eu acabei escutando algo como:

— Quando você vai falar para a Rebecca? — Xavier perguntava.

— Eu não sei ainda, tenho medo de como ela possa reagir.

— Melhor você andar logo, antes que ela se machuque mais.

— Eu sei, e só que... — Parou de falar após Xavier me avistar e apontar com o dedo.

Quando Jun-Seo me viu, a surpresa foi notória.

Deus... Eu não aguento mais sofrer, o que mais poderia acontecer? Me perguntava. O mesmo se aproximou e avisou que nós precisávamos conversar, eu apenas assenti com a cabeça. Me sentia anestesiada ao ponto de não ligar para absolutamente nada que pudesse sair da sua boca. O que mais poderia ser pior do que saber que a pessoa que você ama, não sente o mesmo? Acho que nada.

Entramos no meu carro que se encontrava no estacionamento do colégio para que pudéssemos conversar e colocar as cartas na mesa. Levantei os pés para cima do banco me ajeitando como se fosse um sofá, me virei para olha-lo em seguida.

— Pode começar. — Sorri tristemente. — O quê você tem a me dizer?

Jun-Seo comprimiu os lábios.

— Você está com uma cara horrível... Aconteceu alguma coisa? — Tentou desviar do assunto.

Encostei a cabeça no banco do carro.

— Essa pergunta é proibida aqui. Vá logo ao ponto.

— Certo. — Balbuciou. — Bom, você sabe que nós temos uma amizade incrível, né? Você é a pessoa que eu mais...

— Caralho, Jun-Seo, fala logo o quê você quer! — Me estressei. — Só vai logo na ferida, não faça rodeios e muito menos um discurso!

O mesmo arregalou os olhos, assentindo por fim.

— Eu vou voltar para Coréia.

— No final do ano?

— Não, na próxima semana.

Arqueei as sobrancelhas.

— Para de zoar com a minha cara...

— É verdade, nunca mentiria sobre isso.

Comecei a rir de nervoso.

— Mas porquê?

— Rebecca... Eu gosto de você de verdade, não só como amigo. — Confessou.— Tenho convicção que uma relação nossa seria impossível de acontecer, ninguém pode mudar a natureza de uma pessoa e eu nem quero isso! Mas não vou mentir, ver o quanto você ama a Anna foi mais difícil do que eu imaginei que seria. — Me olhou com mais intensidade ainda. — Eu vi vocês na biblioteca quando fomos te procurar. Fui eu que não deixei as meninas te pegarem no flagra. Quando a sua mãe ligou naquela noite em que você e a Anna dormiram juntas pela primeira vez, fui eu que ocultei onde você estava porque sabia que era com ela. Também fiz de tudo para que os meninos não desconfiasse de nada, porque eles notavam a forma como vocês se olhavam, e eu os convencia que era só uma impressão e até inventava que você estava saindo com outras garotas... Por fim contei sobre você ter visto ela com o marido porque eu não aguentava mais te ver sofrendo por isso, então contei para a Anna e assim vocês poderiam conversar de verdade. — Dessa vez foi a sua vez de chorar. — Tentei ao máximo te proteger, mas uma hora cansa. Sei que você nunca me pediu isso, mas não queria correr o risco de você se magoar.

— Você não deveria se sacrificar por mim dessa forma, Jun-Seo. Não é o seu dever pisar nos seus próprios sentimentos para que o outro se sinta confortável. — Dizia.

— Mas acho que o amor é isso, né? — Sorriu cabisbaixo. — É fazer de tudo para que a pessoa que a gente ama ser feliz, independente de qualquer coisa.

Segurei uma de suas mãos.

— Sinto muito não poder corresponder aos seus sentimentos.

— Eu também sinto muito pela sua relação com a Anna não ter dado certo.— Proferiu. Fiz uma cara de desentendida, então ele explicou. — A Anna me pediu para cuidar de você antes de ir embora. Não sei se ela vai continuar dando aula nesse colégio.

Senti minha respiração vim falhando ao ouvir isso. Não sei como ainda continuava suportando toda essa situação, agora até o Jun-Seo eu estava perdendo, eu não podia fazer nada para impedir. Não podia ser egoísta ao ponto de pedir para ele ficar, só para suprir um vazio meu.

— Não precisa fazer isso, não é necessário que cuide de mim quando você também está ferido.

— Tem certeza que você ficará bem?

— Absoluta. — Sorri tentando transparecer uma força inabalável. — Eu posso superar isso. — Beijei sua mão que eu ainda segurava. — E você também vai.

Jun-Seo balançou a cabeça positivamente.

— É, eu acho que sim.

— Como assim, acha? Pode começar a ter certeza disso! Você é o asiático mais gato que eu conheço, fora toda a sua gentileza e fofura. — Sorri. — Qualquer mulher morreria para te ter.

— Você acha?

— É claro que sim, seu bobo! — Dei um tapa leve em seu braço. — Quando você arrumar alguém na Coréia ou seja lá aonde, eu faço questão de conhecê-la porque jamais permitirei que uma sirigaita dê em cima de você, sem estar a altura!

Jun-Seo começou a rir.

— Obrigada. — Suspirou.

— Ah vem cá! — Puxei ele para um abraço, distribuindo vários beijos no topo da sua cabeça fazendo que pelo menos um sorriso ele me desse.

Afinal, já estava mais do que na hora de cuidar dele também...

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