Segunda-feira havia chegado. Acordei um pouco mais cedo que o habitual, tudo por causa do Jun-Seo. E sim, ele passou a noite aqui. Dormiu no chão e eu na cama, afinal acabamos adormecendo e quando despertamos já era muito tarde e felizmente meus pais não viram problema em que ele ficasse.
Tomamos café da manhã depois que eu acabei de me arrumar, passaríamos na sua casa para que ele se trocasse e vestisse o uniforme que era essencial.
— Bom dia, como passaram a noite?
— Muito bem, dona Aurora, obrigada por ter me deixado ficar.
— Imagina, os amigos da Rebecca são meus amigos também. — Sorriu, pegou um copo e encheu com suco de laranja. — Mas beba mais, coma, por favor.
— Não, não obrigada! Já estou satisfeito...
Minha mãe correu até a fruteira.
— Leve pelo menos uma banana para comer no caminho. — Ofereceu, mas Jun-Seo continuou recusando.
— Não se preocupe, mãe, nós já estamos de saída.
— Tem certeza que não querem mais nada?
— Certeza absoluta! — Peguei na mão do meu amigo indo até a saída. — Tchau, mãe, eu te amo! — Exclamei assim que colocamos os pés para fora, não tenho certeza que ela me ouviu, mas não importa.
Pegamos um ônibus até a sua casa, esperei até que ele se vestisse e depois saíamos rumo ao colégio.
Chegamos algum tempinho depois e felizmente no horário certo. Não demorou até que os outros meninos chegassem, não comentei sobre a estadia de Jun-Seo na minha casa, pois eles poderiam nos zoar e encher o saco. Jun-Seo deve ter pensado da mesma forma porque também não falou nada sobre. Também não tocamos no assunto de ontem.
— Que inferno, hoje a primeira aula é daquela professora insuportável. — Noah proferiu enquanto lia a lista de aulas.
— Insuportável será os seus próximos dias nas minhas aulas se continuar se referindo á mim dessa forma.
Ouvimos sua voz atrás de nós. Noah ficou tão pálido quanto um fantasma, os outros meninos tentavam não rir da situação enquanto eu sentia um calafrio percorrer as minhas espinhas por saber que ela finalmente havia chegado.
Me virei e me deparei com a sua aparência impecável mais uma vez.
— Bom dia! — Cumprimentei com um sorriso largo no rosto.
— Bom dia. — Respondeu friamente entrando na sala.
Revirei os olhos lhe seguindo.
Sua aula prosseguiu normalmente, e sério, eu não conseguia desgrudar meus olhos da professora Francesa. Eu faria até questão de errar todas as questões de uma futura prova sua, só para ficar de recuperação e passar mais tempo com ela. Anna vez ou outra me olhava, eu sustentava o seu olhar até que ela ficasse vermelha o suficiente para desviar a atenção.
Sorria feito boba quando isso acontecia.
— Bom, faltam uns cinco minutos para aula acabar e queria avisá-los sobre a avaliação na próxima segunda, então se programem para estudar e colocar o que vimos até aqui em dia.
Todos concordamos, os cinco minutos passou voando e logo o professor Elijah esperava na porta para entrar.
— Acho que não vai ser tão complicado a prova, nós quase não tivemos aula da professora Laquintinie. — Jun-Seo pontuou depois que ela se foi.
— Pelo menos isso... — Noah murmurou. — E vocês viram na entrada? Achei que a professora fosse me mandar direto para a diretoria ou para o céu logo de uma vez depois que me matasse.
— Ninguém manda sair falando mal dos outros por ai...
Noah sacudiu os ombros como a criança infantil que ele é. Revirei os olhos como de costume e voltamos a atenção para o professor Elijah dessa vez.
[...]
O intervalo CHEGOU.Saímos da sala de aula e antes que eu tivesse tempo de ir até a cantina com os meninos, acabei encontrando Emma na porta. Ela sorriu e acenou.
— Podemos conversar?
— Claro. Vejo vocês depois.— Respondi sua pergunta e avisei meus amigos antes que eles se fossem.
Emma e eu conversávamos no corredor como se já fossemos amigas de longa data. Acontece que eu sentia que ela queria falar algo em específico, então pedi que fosse logo ao ponto já que não costumávamos trocar palavras. Ela assentiu.
— Andei pensando muito no que conversamos no banheiro... E bem, eu queria saber o que você acha de ficar comigo? — Inclinou a cabeça para o lado.
Pensei um pouco até resolver aceitar. Afinal, Roma não se construiu em um dia. Eu não podia contar com a paixão platônica que achava sentir pela professora Francesa e se dependesse da forma que as coisas iam nós jamais ficaríamos juntas. Talvez a Anna seja só mais uma obsessão passageira minha.
— Não sabia que curtia pegar meninas.
— Eu nunca fiquei com uma na verdade, mas sempre tive curiosidade. — Pegou na minha mão e me conduziu até o banheiro. — Preciso encontrar com as minhas colegas daqui a pouco... Então não vamos perder tempo!
Assenti.
Me aproximei de Emma e celei nossos lábios em um selinho demorado que logo se intensificou para um beijo de verdade. Ela subiu no meu colo de forma que eu á colocasse sentada sobre a pia.
De repente senti olhos curiosos nos observando, o que me fez abrir os meus. E lá estava ela... Anna. Encarei sua imagem pelo espelho e ela notou que eu havia percebido, porém, não deu um passo sequer para ir embora. Não fazia ideia do que estava passando na sua mente agora, mas quando fechei os olhos de novo e abri, ela já não estava mais lá.
Emma se afastou para retomar o fôlego.
— Nossa, isso foi...
— Bom?
— Sim, muito. — Riu afagando o meu cabelo. — Só que eu preciso mesmo ir, mas com certeza quero te ver de novo.
Sorri em consentimento. Ela desceu da pia e se retirou do banheiro em seguida, me deixando sozinha no banheiro. Nesse momento a cena de alguns segundos atrás se prendeu em minha mente.
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A Tout de Suíte?
RomancePara a minha querida professora de Francês, por ter me ensinado que a vida não é um conto de fadas. OBS: Leiam essas obras na ordem que quiserem, mas o aconselhável é ler Meraki primeiro. OBS: PLÁGIO É CRIME!