Nove

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Anna voltou a entrar no colégio, talvez estivesse esquecido algo

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Anna voltou a entrar no colégio, talvez estivesse esquecido algo. Me aproximei do seu carro encostando Emma nele, ela não deve ter percebido que esse veículo se tratava de uma das professoras, e se sabia, ela realmente parecia não se importar. Envolveu os braços ao redor do meu pescoço e começou a me beijar calorosamente.

— O quê está acontecendo aqui!?

Nos afastamos rapidamente. Sua expressão não era uma das melhores, Anna parecia bem abalada, não por ter nos vistos daquela forma... Parece que algo a mais aconteceu.

Emma pediu um milhão de desculpas.

— Não é o que parece, professora Laquintinie!

— Não é a primeira vez que ouço isso e provavelmente não será a última. — Me olhou. — Saíam da frente do meu carro! — Exclamou.

Emma balançou a cabeça positivamente e saiu quase que correndo. Anna e eu nos encaramos pelos próximos segundos até que eu passasse por ela com um sorriso debochado no rosto. Então novamente, senti sua mão agarrar meu braço. Isso já estava virando costume.

— O quê foi agora? — Me desvencilhei do seu aperto.

— Você fez de propósito.

— Não sei do que a senhora está falando.

— Já chega, Rebecca! — Alterou seu tom de voz. — Está na cara que você sabia que esse era o meu carro por isso trouxe sua namorada, ficante, ou seja lá o que ela for... — Se aproximou, fazendo-me sentir a sua respiração acelerada no meu rosto. — Eu não me importo em te ver aos amassos com qualquer um que seja, mas peço que não me desrespeite.

Tentei desviar o nosso olhar para qualquer ponto morto que fosse, o clima estava demasiadamente pesado agora.

— Ainda estou sem entender. Por acaso a senhora está me acusando de algo? — Arqueei uma das sobrancelhas. — Eu não sabia que esse era o seu carro.

— Incrível como você continua mentindo!

— Agora me senti ofendida, até de mentirosa a senhora está me acusando. — Ironizei.

Anna apoiou uma das mãos no carro e passou a encarar o chão.

— Tudo isso é por causa daquela nossa conversa na sala dos professores?

— O quê?

— A nossa conversa... Não finja que não se lembra. — Foi se acalmando aos poucos. — Não pode me tratar assim só porque eu não correspondi as suas expectativas malucas. Você não entende? Não entende que não se pode obrigar uma pessoa a gostar de você, Rebecca?

Ouvindo tudo aquilo foi inevitável não sentir meus olhos pesarem. Mas eu não podia chorar, não na frente dela. Então eu só ri daquela situação como se ela não me importasse. Sabia muito bem que estava agindo feito uma criança, mas talvez, eu não esteja acostumada a ser rejeitada dessa forma.

— Tudo bem, mas alguma coisa a dizer? — Sorri.

— Não.

Balancei a cabeça em concordância. Anna passou por mim e entrou finalmente no seu carro, colocando desajeitadamente o cinto e dando partida em seguida.


[...]


— Essa sua mania de agir como se o mundo precisasse girar entorno de você é péssimo, Rebecca, porque você acaba se frustrando quando as coisas não saem do seu jeito. — Jun-Seo dizia.

Estava sentada em um parque perto do colégio quando resolvi ligar para ele. Eu tinha noção de todos os sermões que ouviria depois que contasse tudo o que aconteceu, mas mesmo assim, Jun-Seo era a minha fortaleza.

A única pessoa capaz de me acalmar em momentos assim.

— Eu sei, mas posso te fazer uma pergunta? — Me sentei em um balanço, sentindo a brisa de vento sobre o meu rosto.

— Diga.

— Você acha que eu sou uma pessoa difícil de gostar?

— Como assim?

— Não estou falando basicamente de amor, mas só aquele sentimento simples de gostar. — Pensei um pouco. — Hum, você acha que é difícil sentir isso por mim?

Um silêncio se formou do outro lado da linha por cerca de alguns segundos.

— Que besteira, é claro que não. Você é a melhor pessoa que eu já conheci na vida.

— Então me parece que você não conhece muita gente. — Demos risada.

— É sério, Rebecca. Você é uma garota alegre, engraçada, espontânea, sincera... As vezes até demais. — Ouvi sua risada do outro lado. — Mas independente de tudo, eu não mudaria nada em você.

Suspirei.

Senti as lágrimas descerem pelo meu rosto novamente, apoiei a cabeça na corda do balanço que eu segurava com uma das mãos. Não sabia o que dizer, agradecer parecia muito pouco agora.

— Você ainda está ai?

— Sim... Só que eu gostaria de ficar um pouco em silêncio agora.

— Eu compreendo... Quer que eu desligue?

— Não, pode ficar. Vamos ouvir a respiração um do outro. — Voltei a rir. — Curtiu a ideia?

— Hum, achei bem exótico, mas sim! Nós podemos ficar em silêncio agora... Desligue quando quiser e não precisa se preocupar em me avisar.

Assenti com um sorriso, mesmo que ele não pudesse ver.

Fiquei em chamada por longos minutos até finalmente encerrar a chamada. Passei o restinho da tarde na rua e logo a noite foi surgindo, quase não notei o tempo passar. Minha mãe até me ligou, inventei umas desculpas para que ela não se preocupasse.

Entrei em um mercadinho para comprar algo de comer, pois estava faminta. Andava pelos corredores procurando pela prateleira de doces. Uma barra de chocolate e um pote de sorvete eram tudo o que precisava. Uns descontam seus problemas na bebida, mas eu não, pois detesto álcool.

— Achei a danadinha... — Falei para mim mesma indo até lá.

Havia uma única barra da marca Talento, era a minha favorita. Certamente estava esperando por mim, porém quando estava puxando, senti alguém fazendo o mesmo do outro lado.

— Nem fudendo... Eu preciso mais disso do que você! — Usei todas as minhas forças, mas a pessoa do outro lado havia conseguido.

Assim que a barra de chocolate foi tirada da minha frente, avistei um par de olhos azuis. Arregalei os olhos. Não podia ser...

— Professora Anna?

A Tout de Suíte?Onde histórias criam vida. Descubra agora