As semanas foram passando bem rápido depois daquele episódio no cinema. A diretora Forbes resolveu fazer uma confraternização no colégio para comemorar o desempenho de todos nós. As avaliações aumentaram, então não era mais do que justo um bônus. A confraternização acontecerá na sexta-feira! Todos nós comemoramos e ficamos ansiosos, os professores também participariam o que me deixou ainda mais animada. Ultimamente minha “relação” com a professora Francesa só melhorava. Espero que seu marido não volte nunca mais! Não quero correr o risco de perde-la.
— Que tal fazermos um plano para trazer bebida na confraternização?
Estávamos na arquibancada, era horário de intervalo agora.
— Tá louco, Xavier? Isso não deve ser permitido...
— É por isso que nós vamos bolar um plano.
Jun-Seo revirou os olhos, reprovando completamente essa ideia. Já os outros meninos não pensaram duas vezes em aceitar.
— O quê você acha, Rebecca?
— Não sei, acho melhor não. — Beberiquei um gole do meu refrigerante. — Mas se vocês quiserem trazer, eu que não vou me meter. — Dei de ombros. Não era segredo para ninguém que eu não suportava o álcool, tirando os vinhos que Anna e eu bebíamos no seu apartamento.
— É só trazer numa garrafinha de água que não seja transparente. — Noah sugeriu. — Ou então nós deixamos as bebidas na bolsa e escondemos aqui no colégio um dia antes da festa.
— Vai ficar quente. — Asher fez uma careta.
— Isso é o menor dos problemas! — Jun-Seo se levantou. — Acho que é furada.
— Se você não quer é só fazer que nem a Rebecca, não dar palpite. — Xavier protestou.
O mesmo balançou a cabeça negativamente. Pediu licença e avisou que precisava passar na biblioteca antes do intervalo acabar, pedi para ir junto com ele enquanto os outros continuavam conversando.
Andávamos pelo corredor até que eu me deparasse com a presença de Anna, a porta da sala dos professores estava aberta, por esse motivo consegui vê-la de longe. Interrompi o que Jun-Seo dizia e avisei que precisava fazer uma coisa.
— Beleza, a gente se vê na sala daqui a pouco.
Concordei.
Estava prestes a entrar na sala quando notei o celular em uma de suas mãos. Anna falava ao telefone com alguém e parecia alterada. Comprimi os lábios questionando se era uma boa ideia entrar, foi nessa enrolação minha que acabei ouvindo ela dizer:
— Como assim você já trouxe as suas coisas de volta para o meu apartamento? — Massageava a suas têmporas. — Sim, é meu apartamento! Você foi embora a muito tempo, então perdeu esse direito! — Fez uma pausa esperando que ele terminasse de falar. — Já chega dessa conversa. Não vai chegar a lugar algum, então mais tarde nós conversaremos pessoalmente. — E desligou.
Anna apoiou as duas mãos na mesa que havia na sala. Abaixei a cabeça, pensei um pouco e achei melhor não incomoda-la. Mas eu não era tão burra, sabia muito bem que se tratava do Ferdinand. Acaso ele teria voltado? E por quê justo agora que a Anna e eu estávamos nos dando tão bem? Bom, parece que a minha torcida de mais cedo não valeu de nada. Só espero que isso não afete em nada.
[...]
No horário de ir embora eu procurei pela professora Anna nos corredores e até mesmo no estacionamento, mas nada dela, talvez tivesse ido embora já. Resolvi ir até o seu apartamento como costumava fazer quando ela ia embora tão rápido assim.— Ei, Rebecca! — Jun-Seo me chamou de longe.
— Oi. — Sorri. — Precisa de alguma coisa?
— Não, só queria saber se você quer companhia para ir embora. Você passou o restante das aulas muito pensativa, nós podemos fazer alguma coisa para quebrar a tenção.
Concordei.
— Só preciso passar em um lugar antes e depois nós podemos ir no fliperama.
Jun-Seo assentiu. Fomos até o meu carro e assim que entramos eu contei onde realmente precisava passar. O mesmo arregalou os olhos e até ameaçou descer do carro, dizendo que não queria acabar com o clima. Expliquei que estava indo lá por um bem maior e não para namorar, só estava preocupada e queria saber como a Anna está.
Depois de entrarmos em um consenso ele acabou aceitando a ideia. Então finalmente eu dei partida com o carro.
— Sobe lá, eu fico esperando aqui. — Jun-Seo avisou cerca de meia hora depois, havíamos acabado de chegar.
— Certo.
— Mas se vocês começarem a se pegar lá em cima, eu vou embora e levo seu carro comigo.
— Jamais permitiria que você roubasse a Berenice!
— Quem? — Um ponto de interrogação se formou na sua cabeça.
Beijei o volante do meu carro.
— Essa belezinha aqui.
O mesmo começou a rir. Quem daria o nome de Berenice para um carro? Enfim, euzinha aqui.
Parei de enrolar e sai de dentro do carro para fazer conforme havia dito. Queria conversar o quanto antes com a Anna. Jun-Seo foi se sentar no banco do motorista e me desejou boa sorte. Assenti e fui até lá, finalmente.
Apertei o interfone, mas não obtive nenhum resultado então o porteiro permitiu a minha entrada. A gente já havia se tornado até amigos, mas isso não vem ao caso agora.
Estava parada enfrente a sua porta e desferi algumas batidas contra ela. A mesma se abriu automaticamente, parece que a Anna havia se esquecido de trancar a porta. Chamei pelo seu nome algumas vezes cortando o silêncio do ambiente.
— Será que eu entro? — Me perguntava. Enfim, tomei coragem para fazer isso.
Caminhei em passos largos até seu quarto podendo ouvir sua voz, me fazendo sorrir.
— Anna? Me desculpa por entrar assim, mas eu encontrei a porta... — Parei de falar assim que me deparei com a cena.
Ela estava aos beijos com o seu “marido.”
Recuei alguns passos para trás com cuidado, afinal, ela não havia me visto ainda. Assim que atravessei a porta, corri, eu não estava acreditando no que estava vendo, só queria ir embora daqui o mais rápido possível.
— Dirigi! — Pedi entrando no carro e colocando o cinto.
— Você saiu logo. A professora Laquintinie não estava no apartamento?
— Só dirigi! — Aumentei o tom de voz sentindo meus olhos se irritarem devido as lágrimas. — Me tira daqui... — Virei o rosto para a janela, evitando a expressão preocupada de Jun-Seo.
Aquela sensação que vinha sentindo era horrível. Mesmo que Anna e eu não fôssemos um casal, ainda doía. Não podia controlar meus sentimentos e me sentia uma completa idiota por isso.
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A Tout de Suíte?
RomancePara a minha querida professora de Francês, por ter me ensinado que a vida não é um conto de fadas. OBS: Leiam essas obras na ordem que quiserem, mas o aconselhável é ler Meraki primeiro. OBS: PLÁGIO É CRIME!