Vivenciando o sol forte sobre suas cabeças e um clima tropical nada ameno, os moradores do Rio de Janeiro encaravam sua rotina de todo dia.
Entre a mistura de classes e estilos de vida, um sonho para poucos e uma batalha diária para muitos, o Rio era palco de várias histórias.
Algumas delas mais interessantes que outras.
Na Zona Norte, mais precisamente no Morro do 18, localizado na Piedade, uma rotina bastante árdua e um jeito mais duro de viver, ou melhor de sobreviver, se iniciava novamente.
Era por volta das oito da manhã, os moradores se ocupavam de deixar o morro para mais um dia de trabalho, ou se organizavam nos comércios pequenos dentro do complexo.
Dentre muitos estilos de vida, Harry procurava se lembrar sempre de que por mais que tivesse muitas dificuldades, sempre havia uma chance de melhorar.
O garoto de vinte dois anos cursava direito pela noite na universidade federal do Rio de Janeiro, este era seu último ano, estava em seu décimo período.
Tendo perdido pai e a mãe cedo, ele trabalhava desde muito jovem. Sustentava a si mesmo do modo como conseguia.
Trabalhava todos os dias pela manhã na feira do morro e alguns dias pela noite tinha bicos extra no bar que ficava no centro do complexo. Pela tarde ele estagiava, embora sem remuneração ainda.
Morava em uma pensão pequena junto com outras duas pessoas, local de uma mulher que infelizmente Harry não se dava bem. Mas ele pagava, então Jessica tinha que aceitá-lo.
Era uma vida dura, mas ele tratava de pensar que poderia ser pior. E mesmo que estivesse ruim, deveria continuar subindo de pouco em sua vida, até alcançar os objetivos.
A feira parecia movimentada como sempre, ele era ajudante de uma velha senhora. Marisa lhe conhecia desde que era um garotinho correndo pelas ruelas do morro.
Harry ganhava uma pequena porcentagem do lucro diário.
Observando o local, ele sentia-se cansado. Sua noite foi curta ao ter passado boa parte dela se debruçando sobre os livros.
Mas Harry ainda assim tinha a esperança de um movimento maior na feira, assim teria mais lucro.
— Hoje não tá bom — ouviu Sara comentar. Sua amiga de infância trabalhava na feira todo dia junto com a mãe.
Ela estudava nutrição na UFRJ pela noite. Eram amigos desde que Harry se conhece por gente e ela era uma boa amiga.
— Muito difícil essa vida — o cacheado bufou, se encostando na lateral da barraca — pensei que esse mês seria melhor, tô comendo tanto ovo que daqui a pouco viro galinha.
— Ao menos você não tá passando fome — riu, balançando a cabeça em negação.
— É né — resmungou. Mesmo nesta situação, ele sabia que ainda estava melhor do que muitos.
Marisa conversava com outra senhora, vizinha da mesma, ambas falavam sobre as operações policiais que haviam ocorrido no último fim de semana, próximo do morro.
Era sempre um caos quando a polícia resolvia invadir o complexo ou suas redondezas, sempre tentando fazer "justiça" pondo em risco inúmeras vidas inocentes. Afinal não era culpa da maioria não ter como mudar-se para um lugar seguro.
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COMPLEXO 18
Fanfictionlouis é o temido líder do comando vermelho, enquanto harry é um simples morador do complexo 18, que sonha em ser advogado.