29

15.6K 1.7K 2.8K
                                    

Louis olhava atrás da janela, as ruas escuras à medida em que ele subia o complexo da Maré. Era meia noite e cinco.

Levou tempo até chegar no 18, entender a situação e, então, ir para o Lins se encontrar com um amigo, para somente depois voltar e tentar encontrar o gerente do juramento.

Todo o ocorrido ainda não lhe fazia esquecer do que Harry lhe disse, da discussão que tiveram.

Para ser sincero, ele não estava bravo por Harry ter gritado com ele, ou ter sido agressivo em expressar a sua preocupação com a vida que levava. Ele não era errado, quanto a isso.

Às vezes Harry custava a entender que Louis não era qualquer traficante. Ele era um chefe, não só de um morro como de uma facção.

Ele era importante e influente, era quem tomava as decisões e agia primeiro.

Sua chateação real, era em relação ao modo como a raiva de Harry o levou a ser agressivo na forma como se referiu a ele: Marginal.

Louis sabia que não era um cara "certo" em seus atos e trabalho. Mas a questão não era "não ser" bandido, mas sim Harry o ver como um mero bandido.

Pouco lhe importava o que as pessoas achavam sobre ele, mas Harry não era qualquer um. Louis o ama e a sua opinião sempre importou para ele.

De qualquer modo, ele daria um tempo de pensar no assunto. Estava magoado e esperava que Harry fosse maduro para assumir que errou ao gritar com ele e se referir a ele daquele modo.

Ele estaria disposto a conversar, quando descansasse do longo dia.

— Teu pensamento tá longe — Louis ouviu a voz ao lado.

— Muita coisa rolou — deu de ombros — tô cansado, achei que ia ter uma noite tranquila.

— Problemas além dos negócios? — Zayn perguntou.

— Sim — suspirou.

Louis olhou para Calvin, que estava sentado frente a eles, junto a Oli.

Seu amigo havia se encarregado de levar Juliette para clínica veterinária antes de escurecer. Pela tarde, não houve boas reações ao processo de parto e acharam melhor levá-la para clínica.

A veterinária avisou que havia um paciente que estava em observação e ela passaria uma parte da noite ali e assim também poderia verificar Juliette.

Louis esperava que estivesse tudo bem com ela.

— Relaxa — Zayn tocou o ombro — seja lá o que for, pensa sobre isso depois. É melhor focar nesse lance agora, depois você vai pra casa e descansa. Mais tarde pensa melhor.

— É — acenou.

Louis estava preocupado com a possibilidade de ter que entrar no complexo da maré. Não seria fácil, ele sentia que as coisas estavam tomando um rumo agressivo.

Voltou a pensar sobre o que havia dito a Harry, sobre a chance de não vê-lo novamente por algo acontecer a si.

Foi uma resposta besta, ele não gostaria de pensar que algo poderia lhe acontecer.

— Escuta, melhor a gente esperar eles saírem de lá — Zayn sugeriu ao amigo — não adianta a gente querer bater de frente em casa de facção rival.

— Tô achando que eles não chegaram a ir pra Maré.

Oli parou o carro, olhando por cima do banco:

— A gente deve ter chegado na frente — disse — ou tarde demais.

— Vou tentar localizar eles — Calvin disse.

Louis se acomodou no banco, olhando pela janela. A entrada do complexo da Maré era muito prático de se encontrar, ele esteve naquele lugar outras vezes, em situação distinta.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora