COMPLEXO 18

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Harry assistia atentamente a repórter anunciar no jornal os acontecimentos daquela manhã de domingo.

Havia acordado tarde, depois das onze. Após um banho longo junto a Louis, ele estava deitado na cama organizada, com Meliante ao lado.

O cachorro dormia, parecendo sequer ligar para o mundo ao redor. Mas Harry tinha o olhar sobre a tela, ouvindo a repórter informar as operações policiais que estavam sendo feitas.

A polícia se aproveitava da briga descarada entre facções para poder operar nas comunidades onde havia maior disputa por território.

E boa parte dos morros citados eram vizinhos do 18.

— Nesta manhã, foram registradas três mortes no morro da Torre, após uma troca de tiros entre participantes das facções Comando Vermelho e Terceiro Comando. Entre as mortes, uma das lideranças do TCP foi identificada.

Harry respirou fundo, observando a mulher ler o papelzinho que havia em sua mão, como se fosse uma notícia recém recebida.

— De acordo com o delegado responsável pelas operações naquela comunidade, o confronto teria como objetivo o Morro da Torre, que foi tomado do domínio da facção Terceiro Comando, nessa manhã, pelos participantes da facção Comando Vermelho.

A mente de Harry trabalhava em encontrar um motivo para se despreocupar quanto a Louis. A liderança da facção rival havia sido morta. Isso significaria um confronto maior ainda? Menos paz?

Ele olhou em direção a porta do quarto, não que pudesse ver Louis, ele estava muito distante, na cozinha.

Louis lhe chamou para almoçar fora, mas Harry não estava disposto e também não sentia fome o suficiente para comer em um restaurante. Disse que comeria qualquer coisa que Louis cozinhasse.

Quando o jornal foi para o intervalo, ele ouvia a voz do namorado, quem lhe chamava desde algum canto do apartamento enorme.

Desceu da cama com cuidado de não acordar o cachorro dormindo ao seu lado. Ele andou para cozinha, não sabendo o que esperar do esforço de seu namorado em cozinhar.

Harry sorriu, ao ver o namorado parado em meio ao caos da cozinha e estranhou ao ver somente uma panela sobre o fogão embutido.

— Senta aí, amor — ele apontou para a bancada que havia em meio a cozinha.

Havia três lugares vagos mas somente um prato e seus talheres sobre a mesma. Harry se sentou no assento do meio.

— O que tu aprontou? — arqueou a sobrancelha.

— Primeiro de tudo, vamo deixar claro que eu não sei cozinhar — Louis avisou, tinha um pano de prato sobre o ombro, o que deixava a cena mais caseira.

Harry segurou uma risada.

— E com meus conhecimentos muito básicos sobre cozinhar e essas paradas, eu só pensei em uma opção que seria preciso usar recursos bem simples — Louis se explicou da maneira mais formal possível.

— Louis, o que você fez?

— Meio que já veio pronto...

Harry observou Louis caminhar até ele com um prato em mãos. Colocou o prato em sua frente, na bancada.

— Miojo de tomate da turma da Mônica — ele ouviu Louis dizer.

— Amor — gargalhou, não conseguia disfarçar a risada. Parecia simples, mas pelo nervosismo de Louis, o custou muito.

— Qual é? — cruzou os braços, emburrado com tal reação do namorado — fiz com maior carinho, Harry.

— Mas eu adorei — Harry respirou fundo — é meu sabor favorito, te prometo, amor. E deve tá mo gostoso.