Extra

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Cinco anos atrás

Hoje Louis completaria vinte e um anos, e como sempre haveria o tradicional churrasco em comemoração.

Habitualmente Louis interagia com dezenas de pessoas, para ele a comunidade era sua família. Por esse motivo, a comemoração nunca cessava em uma só festa. Havia seu churrasco para os mais íntimos e, pela noite, o baile.

A verdade era que ninguém possuía mais paixão pelo Complexo do 18 do que Louis, o cuidado com os moradores era necessário, em seu ponto de vista. Quando tantas pessoas dependiam de sua proteção e o respeitavam, lhes abandonar não era uma opção.

Louis gostava de programar-se, mas naquele ano Calvin e Oli decidiram tomar conta da parte trabalhosa. Louis só precisava comparecer.

— Ansioso, filho? — a voz de Helena o retirou de seus pensamentos.

Estava deitado no sofá da sala, enquanto um filme qualquer passava na televisão.

— Como não ficar? — este sorriu, olhando para sua madrinha — eu mermo tô uma pilha de nervos.

— Certeza que seus amigos estão fazendo algo que você vai gostar muito — ela se sentou perto deste.

— Pagode, picanha e cerveja...o combo que não tem como dar errado — acenou.

— E você vai levar alguma garota?

— Eu sou do mundo, madrinha, já falei que não namoro — negou, logo recebendo um tapinha em sua perna.

Louis realmente nunca havia se relacionado seriamente com alguém, as garotas eram sempre algo casual em uma noite de baile. Não costumava desejar alguém para andar ao seu lado. Além do mais, ultimamente estava incerto quanto à sua sexualidade.

— Você ainda vai arranjar alguém que coloque juízo na sua cabeça, menino.

— Com tanto que não seja chifre, pode botar o que quiser — riu.

— Você não tem jeito — negou, logo colocando-se de pé — e deveria ir se arrumar, é quase onze horas.

— Tô indo, madrinha — suspirou, sentando-se no sofá.

Louis tinha poucas certezas na vida, mas uma delas definitivamente era saber que qualquer coisa que Helena lhe pedisse deveria ser imediatamente feita.

— Não tem como ser pior — Harry resmungou.

Caminhava ladeira acima, o sol quente do meio dia lhe torturava dentro da camisa de farda da escola municipal.

— Olha pelo lado bom, nós vamos nos formar no fim do ano — Sara lhe deu um toque.

— E torço para ser aprovado em direito na UFRJ ou eu vou me matar — disse.

— Daqui a cinco anos você vai ser o melhor advogado recém-formado do Rio de Janeiro.

— Espero que esse comentário seja ouvido por Deus ou posso ir procurando uma caixa de papelão para alugar.

— A gente só tem dezessete anos — Sara riu — deixa essas preocupações para o ano que vem.

— Você diz isso porque tem mãe — resmungou — eu não tenho pais, dinheiro ou recursos.

— Mas você tem a mim, a minha mãe e sua inteligência. Além do mais, com essa beleza você poderia ter virado um sugar baby. Por falar nisso, nunca mais aquele gringo te mandou mensagens?

— Ele disse que eu era lindo, o ser mais lindo que ele já viu —  deu de ombros — e depois ele pediu uma foto do meu pé e nunca mais apareceu.

— Você deveria ter pego a foto de um pé qualquer na internet.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora