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Na quarta, as coisas pareciam mais agitadas pelo morro.

Louis estava ciente das coisas que aconteciam nos outros pontos de "guerra" ao redor do 18 e em outras áreas onde sua facção comandava.

Ele sentia que tudo parecia instável, mas ao menos ainda tinha controle. Quanto a Pedro, Louis deu a palavra e ela foi cumprida.

Descobriu tudo possível na troca de informações que Pedro teve com Renato, sem precisar usar da típica tortura.

E no fim, Pedro teve seu fim, em um das maneiras favoritas dentre as sentenças em facções, sendo queimado.

O único ponto negativo em estar com as coisas sob controle, era que ele passava muito mais tempo fora de casa, do que dentro. Até mesmo para a segurança de Helena.

E com a faculdade de Harry a todo vapor, eles não tinham tido muito tempo nos últimos dois dias.

Louis tentava passar o máximo de momentos junto do namorado, quando o deixava e buscava na UFRJ, ou mesmo quando levava lanche para Harry, antes que este fosse dormir.

Porque sim, sequer tinham como dormir juntos, já que Louis fazia plantão agora.

Harry estava um tanto inquieto quanto às coisas que ocorreram no baile. Ele tinha orgulho da segurança do namorado e de ser reconhecido, mas ainda assim não era sua intenção estar daquele lado do jogo, não do modo que parecia apoiar os crimes daquele modo.

Ele ficaria ao lado de Louis, mas não queria ser um "posto" ou um "mandante". Se precisasse, usaria da lei para defender seu namorado e quem lhe pedisse.

Ao mesmo tempo, com as idéias conturbadas, Louis estava feliz, porque Harry tinha finalmente tido uma oportunidade nova de estágio e naquela manhã fazia entrevista.

Era por volta das dez horas e Louis esperava alguma notícia, uma mensagem de Harry falando sobre como foi, se estava bem.

Ele olhou para o lado, observando Calvin conversar com Sara. Estava sentado na calçada, observando a rua e o movimento agitado.

Sentia falta de estar apenas na presença de Harry e no seu carinho. Ele sentia que deveria ser melhor e fazer da maneira certa, para então somente poder merecê-lo.

Havia decidido algo: falaria com cabelinho, pediria a ele para que avisasse sobre uma oportunidade de teste para qualquer papel.

Ele daria um jeito de sair daquela vida, por Helena, por Harry e por si mesmo.

— Aí — ouviu a voz de Calvin, quem se sentou ao seu lado. Ele observou como Louis parecia ter a mente cheia — no que tá pensando?

— Besteira — sorriu vago.

— Certeza?

— É só que... — encolheu os ombros — tô nessa vida a mo tempo, nunca tive orgulho disso mas também não me arrependo do que eu construí.

— Mas... — o olhou.

— Faz uns dias que eu tô pensando que minha hora de vazar dessa vida tá perto — murmurou — qual é, cara? Eu tô querendo viver com meu amor. Quero paz pra minha mãe e pra mim.

Louis fez uma curta pausa, olhando para as próprias mãos. Parecia organizar as ideias em sua mente tão perturbada.

— Tava pensando que, um dia o Harry vai ser doutor pra valer e ele vai nesses lugares chiques com gente importante, e eu? — o olhou — olha pra mim e vê se vai pegar bem ele andar com um cara como eu?

— Não tem nada de errado com você, Louis.

— Pra gente não — riu sem graça — mas pra eles eu sou tudo de errado, a gente é. Eu sei que meu Harry nunca ia me fazer sentir mal por quem eu sou, mas eu ia me sentir mal pra caralho no meio deles.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora