Epílogo

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Harry parecia completamente perdido em meio a tantos papéis. Costumava ser bastante organizado e saber exatamente onde cada coisa deveria estar em seu escritório, mas especialmente essa semana as coisas estavam fora de controle.

Às onze horas tinha uma audiência e havia perdido seu celular a exatos oito minutos, mergulhado em desespero com a enorme possibilidade de receber a importante ligação e atendê-la pelo descuido de sua mente naquele dia.

Ao passar dos anos, desde que formou-se na faculdade, sua vida sofreu diversas mudanças, algumas boas e outras nem tanto. Trabalhou em um bom escritório por quase dois anos, juntou algum dinheiro por sua conta e alugou uma sala em um prédio comercial popular.

Harry começou a investir em sua carreira por sua conta, embora Louis houvesse insistido que poderia lhe dar uma ajuda. A princípio recusou, mas alguns meses depois, quando o fluxo de procura por seu escritório aumentou, aceitou a proposta de Louis lhe ajudar a comprar um lugar maior.

A ideia de ter um lugar seu era tentadora, mas o investimento era grande demais para o que poderia ter disponível naquele momento, por esse motivo e após horas de conversa com Louis, aceitou a ajuda.

A quase quatro meses começou com o escritório fixo em uma zona comercial e bastante procurada. A sua cartela de clientes, iniciante, também foi um pequeno empurrão de Louis, embora tivesse ficado ciente deste fato um tempo depois.

Começar um escritório próprio envolvia não somente recursos, mas contatos e uma boa clientela. Não era uma opção conhecida em meio a área, embora fosse muito competente. Nisto, Louis ligou para um ou dois amigos envolvidos no tráfico e indicou o escritório de Harry, comentando como era dedicado à área criminal e bastante competente.

Com o bom rendimento e boa parte dos casos obtendo sucesso, acabou chamando a atenção de outros casos, o que elevou seu status dentro da profissão, embora fosse uma caminhada dura e nada fácil.

Em relação a vida pessoal, ele estava muito bem casado.

Sem grandes cerimônias, por desejo seu, houve o casamento no civil e um jantar comemorativo.

Ele e Louis possuíam ideias muito diferentes de como se celebrar um casamento. Enquanto o jantar de casamento após a assinatura dos papéis lhe parecia de bom tamanho, Louis havia planejado uma festa no complexo. A discussão foi extensa.

— Acho que deveríamos ter uma festa — foi a primeira coisa que Harry ouviu, quando observou este entrar em seu escritório, em casa.

— Um jantar está bem — negou com a cabeça, colocando a atenção sobre seu noivo e deixando seus papéis de lado — já tivemos um baile em comemoração ao noivado.

— Na verdade, eu te pedi em noivado no baile — corrigiu, sentando-se no sofá pequeno que havia no canto da sala — o que é mais um motivo para termos uma festa.

— Tudo bem, podemos discutir sobre isso — acenou, levantando-se de sua poltrona. Harry caminhou até o sofá e sentou-se ao lado de Louis, encostando a cabeça em seu ombro — mas se for uma ideia tosca, não vou pensar duas vezes antes de recusar.

— Tem que confiar em mim — resmungou — eu sei dar festas.

— Tudo bem, me fala o que você tem mente — se acomodou.

— Tá bom — limpou a garganta — fogos de artifí-

— Sem chance — negou, o olhando rapidamente — é o nosso casamento ou o ano novo?

— Achei que você poderia pensar isso, então escrevi um monólogo — sorriu, se levantando do sofá para puxar o celular em seu bolso.

— Nunca ouvi você falar "monólogo" antes — arqueou a sobrancelha.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora