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Harry suava frio, sentia o coração batendo tão forte em seu peito ao ponto de por um momento parecer que saltaria.

Ele correu pelas vielas por quase trinta minutos, a casa de Sara era fácil de ser encontrada, mas o barulho de tiros e os gritos tiraram sua concentração.

Fazia mais de uma hora que estava abaixado, atrás do sofá, na sala de estar. Seu corpo tremia e ele parecia se concentrar no chão embaixo de seus pés, do que levar em conta toda confusão lá fora.

Tinha as mãos tapando os ouvidos, sua mente o traia e ele tentava não pensar em coisas ruins relacionadas ao seu namorado.

Sara estava ao seu lado, enquanto que Raissa vigiava a farmácia. Ela tinha que prestar atenção, evitar que os saqueassem. Às vezes acontecia.

— Acho que não vai demorar — Sara murmurou — os tiros parecem mais distantes, devem ter levado pra portaria.

Harry não disse nada, continuou quieto.

Não era a primeira e nem a décima vez que ouvia esse barulho ou vivenciava esse momento, mas era primeira vez como sendo namorado de alguém que estava à frente daquilo tudo.

Seu coração doía no peito, ele queria Louis ao seu lado em segurança, mas isso estava longe de seu alcance agora.

— É — suspirou — acha que a gente pode ir pro seu quarto? Eu tô meio cansado e quero ligar pra Helena.

— Você sabe se ela tá bem?

— Falei com ela assim que cheguei aqui, pensei que ela ainda tava na pracinha, mas parece que ela voltou antes do tiroteio começar — suspirou com alívio.

— Vamo — Sara acenou.

Eles se levantaram correndo, para poder avançar pelo corredor e entrar no quarto, na última porta.

Sara se sentou no chão, encostada em sua cama. Harry aproveitou para pegar o carregador em sua bolsa e pôr seu telefone para carregar um pouco.

— Vou tentar falar com o Louis.

— Não acho que ele vá conseguir responder agora, mas você pode mandar mensagem, seria legal mostrar que tá preocupado com ele — Sara disse.

Harry suspirou, digitando algo no chat:

"Você tá bem, vida? Quando puder, me responde, por favor"

"Falei com a dona Helena, ela tá bem, assim que puder eu saio daqui e subo o morro, pra ela não ficar sozinha"

Ele observou as mensagens serem enviadas. Teria de esperar por alguma resposta e torcer para que Louis ficasse bem.

— Eu vou pra casa do Louis.

— Ainda não — Sara segurou seu braço — não teve o toque, Harry, a gente não vai saber se ficou tudo bem, até avisarem.

O toque era usado quando o morro estava em algum tipo de confronto.

Poderia ser um toque de recolher para avisar que havia polícia no 18, ou apenas um aviso de que deveriam sair das ruas pois aconteceria um confronto. Avisavam no momento em que começava e acabava.

— Dona Helena já tem muita idade, ela não sabe o que tá rolando — Harry explicou — quase duas horas aqui, sem dar notícia nenhuma pra ela. E se ela sair de casa?

— É, mas você tem que ter cuidado — a garota disse — o morro tá uma loucura agora, é maluquice sair no meio de tiroteio e se o Louis souber vai ficar puto.

— Isso me lembra que de manhã eu vou ter que buscar o presente dele — Harry passou as mãos pelo rosto — pensei que daria pra buscar hoje a noite, mas rolou aquilo. Vou tentar.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora