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A madrugada trazia desconforto a Louis. Ele tinha um problema ao seu lado: os pesadelos constantes.

Helena havia ido visitar uma amiga em Botafogo, onde iria passar a noite. Segundo ela, um grupo de amigas da igreja fizeram uma reunião ali e, para não voltarem muito tarde, acabaram dormindo lá.

Estava sozinho em sua cama, havia tentado dormir várias vezes e falhado várias vezes. Optou por tomar um de seus remédios para dormir, a quase meia hora, mas já não fazia efeito.

Foi naquele momento que decidiu que, talvez fosse bobo, mas deveria buscar companhia.

Ele se vestiu rapidamente, colocando um calção e uma regata qualquer das várias que tinha em sua gaveta. Ele calçou as chinelas e buscou as chaves de sua moto.

Descendo o morro completamente escuro, às duas e meia da manhã, observou a não tão comum calmaria.

Em pouco tempo, Louis estava na frente da casa cuja fachada era laranja. Ele desceu da moto, abaixando o pedal e tirou o celular do bolso.

— Amor, tá acordado? Eu tô aqui na frente de sua casa. Será que você podia vir aqui rapidão? — disse, ao gravar o áudio.

Harry não trabalhava mais dia de semana no bar, ao menos não todos os dias. Ele também havia parado de ir à feira todos os dias, porque agora saía pelas manhãs para fazer algumas entrevistas de seleção para estágios dos mais diversos. Estava se esforçando em encontrar algum que fosse útil.

Soube que Harry estava acordado ao ver o "visto" de leitura nas mensagens.

Louis se encostou no muro, olhando em volta a ruela vazia e escura. Aquele morro não costumava ser vazio ou silencioso aquelas horas, momentos como estes já não eram tão comuns.

Mais cedo havia conversado com Harry sobre a ideia de levá-lo para conhecer o apartamento na Barra e, para a sua eterna dúvida, o outro não parecia estar tão interessado.

Se desencostou ao ver a porta abrir devagar:

— Aconteceu alguma coisa? — Harry perguntou. Ele parecia confuso, usava um camisão e short de malha fina.

— É que eu tô sozinho lá em casa, você tá sabendo — explicou — e daí não tô conseguindo dormir, queria saber se posso dormir contigo hoje.

— Claro, vida — ele segurou em sua mão, o puxando para dentro.

Harry era a única pessoa com quem Louis já contou ou compartilhou de forma nua e crua seus traumas. Ele não só o ouvia como o consolava e aconselhava.

O cacheado lhe guiou para dentro da casa. Já sabia que outros viviam ali e embora o ambiente fosse pequeno, era muito bem organizado.

Harry abriu a segunda porta no corredor pequeno e lhe puxou para dentro. De primeira, ele viu o cachorrinho descer de onde estava, na cama, e correr até ele.

— Ei, filhão — Louis sorriu para ele, se agachando em frente ao animal e lhe fazendo carinho nas orelhas.

Meliante parecia inquieto, lambendo Louis como se não o visse a dias, mas a poucas horas estavam juntos. Eram apenas dois dias desde que foi adotado, mas já parecia tão apegado a ambos.

Louis voltou a olhar para Harry, quem já havia sentado na cama. Parecia concentrado em recolher os papéis e anotações ali em cima.

— Tava estudando? — Louis perguntou, se colocando de pé.

— Revisando a matéria — disse, andando até a mesa pequena, no canto do quarto, para colocar os materiais ali em cima — mas não esquenta, já tá tarde e tenho que dormir.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora