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Era um domingo, o dia parecia como qualquer outro, se tirasse toda a animação que sobressaia nos fins de semana agitados no morro.

Apesar de ser um domingo como qualquer outro, o calor pesando sobre as cabeças dos moradores da cidade maravilhosa, cada um buscava passar seu dia vago de uma forma diferente.

Louis não fazia muito da vida, a não ser cuidar dos negócios que possuía dentro e fora daquele complexo. Mas os domingos não eram dias muito exigentes.

Pela manhã ele havia descido o morro para lidar com algumas tarefas pessoais, envolvendo o aniversário de sua mãe.

Helena não estava sabendo de tudo que Louis havia planejado, e por algum motivo ela também não sabia o local onde seria, ainda mais porque este não lhe contava.

E depois de cuidar das tarefas pessoais, saiu com Oli e Calvin para fazerem a contagem do que foi arrecadado durante a semana de venda em algumas bocas.

Lucrava bastante dentro do morro e lucrava ainda mais fora dele.

— Falta só mais uma — Calvin avisou, segurava a mochila em mãos, afinal não andavam com dinheiro à mostra.

Fora as mercadorias que às vezes levavam, ou as armas.

— Já reparou que é melhor andar com pistola do que um fuzil? — Calvin voltou a perguntar, ao apontar para a arma na mão de Louis.

— Como se ele desse ideia — Oli riu, andando ao lado de Louis — do jeito que Louis gosta de se aparecer.

— Qual foi? Até parece que vocês não tem um — Louis revirou os olhos, sem dar muita importância à discussão.

— Ter a gente tem, parceiro, agora desfilar com ele por aí, já é coisa tua — Calvin deu de ombros.

— É mais quem é o chefe? — Louis sorriu, lhes encarando por cima do ombro.

— Humildade prevalece — debulhou de novo.

Louis e os outros dois entraram em uma ruela na parte de baixo do morro, de cara puderam ver dois caras encostados no muro.

Ambos tinham mochilas nas costas e trocavam ideia com um garoto pouca coisa mais novo do que Louis.

Ao verem-no, rapidamente os demais ajeitaram a postura:

— Bom dia, chefia — um dos meninos deu um toque em Louis, um cumprimento — veio conferir?

— Como sempre — Louis não estendeu muito a conversa — termina a venda e a gente conversa depois.

O moleque que comprava a erva entregou para o outro o dinheiro, depois colocou o pacotinho no bolso. Ele acenou para Louis, antes de deixar o local e voltar à rua principal.

Oli colocou o caderno na mão de Louis, aquele onde conferia quanto foi dado em mercadoria na mão de cada vigilante em boca, assim como os valores que deveriam retornar.

— Sobrou alguma coisa? — Louis perguntou a Gabriel.

— Menos que trinta gramas, chefe — o disse — aqui rendeu uma grana boa essa semana.

— Calvin, confere o dinheiro aí — acenou para o amigo.

— Confia, chefia, a gente cuidou bem da grana, beleza? — o outro falou com certo humor.

— Vamo ver — Louis os olhou com a expressão mais séria.

Ser um chefe implicava ter pulso firme, ou não haveria ninguém respeitando suas regras.

Calvin recebeu o bolo de dinheiro em mãos, com uma liga segurando as notas. Ele já sabia quanto deveria ter ali, então contou rapidamente.

Sendo um bom observador, Louis notou como Gabriel e Theo olhavam um para o outro vez ou outra. Havia um problema quanto a eles: eram novos nisso.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora