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Era por volta das oito horas da noite. Havia um movimento grande nas ruas principais dentro do morro. Louis estava encostado em sua moto e conversava com alguns amigos.

Como sempre o morro parecia ter vida própria, os trabalhadores voltavam para casa mais ou menos naquela hora.

— Vai dar um moral pro Lucas na inauguração do bar hoje? — Calvin perguntou ao amigo, de braços cruzados ao observar a vista.

— Sei não — balançou a cabeça em descaso — tô bolado com ele, tá me devendo e não me pagou ainda.

— Ele não disse que ia te pagar com o dinheiro que ele pegasse hoje na inauguração?

— É bom mesmo, que se ele tiver de caô comigo vou ficar puto — Louis cruzou os braços.

— Custa nada ir  — Oli deu de ombros — tô sem ideia pra hoje, vou passar lá mais tarde.

— Tô trocando ideia com uma aí e ela chamou pra gente ir na inauguração — Calvin avisou — não vai ir mesmo, cara?

— Vou nada — resmungou — prefiro ficar em casa e beber uma cerveja. O dia foi cheio de corre, tô com cabeça não.

— Tá assim por que o Styles não tá te dando moral agora?

— E quando foi que ele deu moral pro Louis? — Oli perguntou — só chuta cachorro morto.

— Se foder, eu to dizendo que ele ainda vai ser meu fiel — Louis se desencostou da moto — e vai ser hoje.

— E vai fazer o que, ein? Vai obrigar ele a sair contigo?

— E eu lá preciso obrigar alguém a sair comigo? Gostoso desse jeito eu não passo fome — riu.

— Vai nessa — Oli riu — se quisesse outro tu não tava aí choramingando, tinha ido atrás é chamado pra ir no bar hoje.

— Já te falei que não vou nessa porra. Prefiro ficar em casa do que ver vocês se esfregando em mulher a noite toda — bufou, pegando a mochila do chão e jogando sobre o ombro — vou descer o morro pra resolver umas paradas.

— O que?

— E é da conta de vocês? — disse, subindo na moto.

— Ih, que história é essa? — Calvin cruzou seus braços — a gente é parceiro desde sempre e você escondendo jogo assim?

— Tô fazendo nada errado não — suspirou — eu só tô indo conferir um favor que o Victor me pediu.

— Cabelinho te pediu o que, ein?

— Cês tão me gastando muito hoje — Louis riu, ligando a moto — vou mandar entregar umas paradas no apartamento dele.

— Hum — Oli olhou para Calvin. Não estavam pondo fé no amigo, mas ninguém iria contrariar ainda mais.

Não tinha mais nada a ser dito, ele tinha coisas a fazer.

— Vejo vocês depois — disse — e deixe o rádio ligado.

— Pode deixar — Calvin acenou.

Segundos depois Louis descia o morro, fazia isso todos os dias e conhecia aquelas ruelas com a palma de sua mão.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora