23

17.3K 1.8K 3.2K
                                    

Harry estava encolhido, abraçando as pernas de maneira protetiva. Estava sentado na beira do cais, observando um homem estacionar o iate que Louis havia solicitado para hoje.

Ele estava sozinho. Admirava a bela cor das águas e todo céu iluminado. Ele nunca esteve ali antes.

O veículo era grande, cabia bastante gente, embora Harry soubesse que apenas uma parcela dos convidados poderia ir. A maioria havia preferido ficar em terra firme e seguir a festa ali, o que era ótimo.

Mas quem sabe poderia ser pelo acontecimento que ainda viria naquela tarde. Um jogo do Flamengo e Vasco pelo Carioca.

Embora esses pontos se passassem por sua mente, Harry pensava quase exclusivamente no que havia acontecido a tão somente meia hora atrás.

Suspirou, apoiando o queixo em seus joelhos juntos. Não tinha sido uma boa reação, mas havia sido a única que se passou por sua cabeça.

Um "eu te amo" era algo que não tinha costume de ouvir. De forma alguma. Não se lembrava da última vez que havia recebido um.

As únicas figuras afetivas já existentes em sua vida foram seus pais e Sara, e embora houvesse tido anos ao lado de seus pais, quando bem jovem, as três não eram realmente comuns ao vocabulário.

Sara até poderia lhe amar, como irmãos, mas não era algo expresso verbalmente com frequência. Talvez em seu aniversário, quem sabe?

A questão era que ele não sabia como reagir, não achou que foi uma ideia inteligente fugir, mas também não era incrível paralisar em frente a Louis e o deixar se declarar sem receber uma palavra sequer em troca.

Ele tinha medo da perda.

Medo de se entregar àquele sentimento incomum, e ser abandonado novamente. Ele não pensava em relação a Louis lhe deixar para trás, mas sim a lhe ocorrer qualquer que fosse a coisa que viesse a separá-los.

Dizer um "eu te amo" para Juju ou Sara, não era o mesmo que dizer as três palavras para o homem que ele sabia que tinha todos os sentimentos do mundo.

Não era sobre sentir ou não, mas sim sobre ter a coragem de se permitir aceitar o sentimento.

Tudo ocorreu tão rápido, todos os momentos e a conexão deles, que Harry acabou não se dando conta do quanto ele queria que Louis fosse seu para sempre, em cada instante e para toda vida.

Seu peito doía ao imaginar que Louis, como todas as suas perdas e medos, pode lhe olhar e dizer com todas as letras que o amava, e ao mesmo tempo estar triste por não ser ou não parecer ser correspondido.

Mas ele não havia vindo atrás de Harry nesta meia hora. Talvez Louis tenha realmente achado que não havia sido ouvido.

Harry suspirou, pressionando os lábios e sentindo a sua garganta doer com o simples imaginar do namorado não podendo conter a ansiedade ao ter que novamente guardar consigo o sentimento, esperando por sua boa vontade de ter um pouco de coragem.

Harry fungou, mexendo o nariz, quando enxugou uma lágrima. Se sentia muito mal, tentaria pensar um pouco mais e se acalmar, para poder conversar com Louis. Era aniversário dele, não merecia passar por isso.

Era para ser um bom dia.

Quando ouviu um conjunto de vozes soando próximas, ele enxugou as lágrimas. Sabia que vinte pessoas iriam embarcar com eles, embora a capacidade fosse o triplo facilmente.

O iate já estava parado no cais e o capitão pronto para os receber. Harry se colocou de pé, limpando a grama de sua bermuda. Ele teria de procurar seus amigos, porque seu namorado parecia ocupado com tudo e todos.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora