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Às onze horas da noite de quinta-feira, Harry recebeu uma mensagem de Louis.

Ela dizia: "faz tudo que você precisar fazer, até meia noite".

E, enquanto Harry estudava, no silêncio de seu pequeno quarto, Louis subia o morro em sua moto. Voltava após um plantão curto na portaria, checando se realmente os homens que trabalhavam para ele, estavam atentos em não deixar passar outro alguém de fora do morro, ainda mais sendo de outra facção.

Sua moto subia lentamente, tinha uma sacola pendurada em seu pulso e mantinha o foco no cachorro que estava equilibrando-se sentado no assento, em sua frente.

— Se segura, cria, tamo quase lá — sorriu, acelerando um pouco mais, ao enxergar a rua estreita onde ficava a entrada da casa onde Harry morava.

Observou a fachada laranja da casa, assim que dobrou para entrar na ruela. Desligou a moto, descendo o pedal e, em seguida, colocando o cachorro no chão. O animal se deitou prontamente.

— Qual foi? Você adora andar de moto — bufou, logo tirando seu celular do bolso.

Louis abriu no chat com Harry, era cedo relativamente cedo, o começo da madrugada. Enviou uma mensagem curta, apenas avisando que estava ali.

— Nem inventa de fazer drama pro Harry — avisou ao cachorro, que o olhava quieto — se ele brigar comigo e te proibir de andar de moto, como que eu vou te levar pra passear no morro?

Meliante chiou baixo, apoiando a cabeça sobre as patas, ao se esticar naquele chão de terra e pedras gastas.

— Vou ter que arranjar uma bicicleta com cestinhas né, parceiro? — Louis cruzou os braços — tá vacilando se acha que vou deixar minha cria sozinha. Sou um pai responsável, menor.

Mas aquela conversa não se estendeu por mais tempo, pois Louis assistiu a porta abrir-se lentamente e Harry surgir à sua vista.

Por mais que estivesse feliz em vê-lo, Louis não tinha como ignorar a aparência cansada de Harry, a maneira como parecia caído, desgosto e esgotado da rotina de todos os dias.

Harry lutava muito para alcançar o que queria, por mais exaustivo que fosse. Lutava a ponto de não saber a hora em que deveria parar e respirar um pouco.

E era por esse motivo que Louis estava ali.

— Eu te falei que ia estudar a noite toda, vida — o cacheado disse.

Sim, Harry havia lhe mandado uma mensagem a horas atrás, avisando que, como seus projetos dessa semana já haviam sido concluídos e com a dispensa da aula nesta sexta, ele iria passar a madrugada estudando e acordar um pouco mais tarde.

Talvez ajudasse a esquecer a ausência de um estágio.

— Mas aí que tu se engana, amor da minha vida — Louis afirmou, balançando a cabeça — eu te mandei mensagem dizendo que era pra tu resolver tudo que tu queria, até a meia noite de sexta. Pelo meu relógio, já são meia noite e vinte.

— E por que mesmo? — Harry perguntou de maneira confusa, se agachando para fazer carinho em Meliante, que circulava sem parar entre suas pernas, buscando atenção.

— Porque eu, oficialmente, tô sequestrando você nesse final de semana — ele começou a explicar — nada de ler, estudar ou se preocupar com essas paradas chatas. Sem pensar em faculdade, nem em estágio.

— Tá ficando maluco, meu Deus — Harry gargalhou, de um modo curto e seco, antes de endireitar-se de pés novamente, cruzando os braços sobre o peito — você fumou ou o que?

— Tô falando sério — ele deu de ombros — falei com o Lucas, avisei que você ia ter folga do final de semana. Pedi pro Marcelo ajudar a dona Marisa lá na feira mais tarde, pode ficar tranquilo.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora