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Louis respirou fundo. Estava cansado.

A noite havia sido cansativa e por algum motivo teve de enfrentar o turno sozinho, sem a presença de seus amigos. Segundo eles, precisavam de folga naquela noite.

Poderia se chatear por estar sozinho, descendo as ruelas escuras as uma da manhã. Mas o pior de fato era enfrentar o começo de seu aniversário sozinho.

O domingo ainda escuro, refletia algo frio em seu peito. Tinha medo da idade, do tempo que se passava e da rotina que era sempre a mesma, preso em uma realidade do qual ele não sabia como seria o dia de amanhã.

Louis relaxou os ombros, agora subindo a rua estreita em direção a sua casa. O celular o tempo todo em sua mão era como uma clara esperança de que receberia a mensagem esperada, a qualquer momento.

De Harry não havia recebido uma felicitação sequer.

Ele suspirou, colocando o celular no bolso. Andou em direção a entrada de sua casa, empurrando devagar o portão que protegia a parte da frente. Caminhou para a porta que dava acesso à sala.

Assim que a empurrou, como sempre, se deparou com o breu e calmaria. Um suspirou lhe escapou. Helena já deveria ter se deitado.

No meio tempo, ele subiu as escadas e entrou em seu quarto, colocando o fuzil descarregado dentro de uma das gavetas amplas e vazias no cômodo.

Sua barriga roncava e esse foi o motivo pelo qual ele desceu a cozinha, tomaria um banho depois. Louis foi até a geladeira e ao menos um pingo de felicidade lhe contagiou ao ver um pequeno bolinho com cobertura e uma velinha escondido ali.

— Feliz aniversário pra mim — riu, fingindo soprar o fogo imaginário da vela ainda não queimada.

Saiu pelos fundos e subiu a escada em direção a laje. Ao menos uma boa foto com o bolinho e uma hashtag ele iria conseguir, naquela madrugada.

A porta parecia entreaberta, o que estanhou.

— Essa senhora tá maluca deixando a porta aberta — saiu um resmungo entre seus lábios.

No minuto em que colocou os pés para fora, sentiu algo ser estourado próximo ao seu rosto e algumas vozes lhe atingiram em todas as direções. Colocou as mãos em frente a si para se proteger e aquilo gerou risadas.

— Que isso, parceiro? Quer me infartar? — Louis pôs suas mãos sobre o peito ao sentir-se ser abraçado por Oli e Calvin.

— Para de ser frouxo — Oli deu um tapinha em suas costas — parabéns, irmão.

— Você tá ficando idoso — Calvin disse, o abraçando agora — daqui a pouco vamo te visitar no asilo.

— Vocês vem comigo — ele riu, os empurrando. Se sentia instantaneamente mais animado.

Por fim, ele pode finalmente focar mais a fundo, em como Helena foi a próxima a se aproximar de si.

Ela lhe abraçou com força, sentindo a importância do momento. Estava feliz por ter Louis comemorando mais um aniversário.

— Meu filho, você cresceu tanto — ela suspirou, ao fazer um carinho em seu rosto, as mãos com a pele gasta pelo trabalho de uma vida.

— E ainda vou ficar muito mais velho — ele sorriu — você vai me ver de cabelo branco, dona Helena.

— Se Deus quiser — ela o abraçou de novo.

Louis andou um pouco para que finalmente ficasse em frente a Harry, que até o momento estava quieto. Ele não se manifestou, estava esperando sua vez.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora