07

26.6K 2.6K 6K
                                    

Embora tudo estivesse mergulhado em escuridão e quase nada pudesse ser visto por Louis, o corpo pequeno se tremia mediante o barulho alto dos tiros.

Ele se encontrava no sofá pequeno da sala, a sua visão não era a melhor, parecia mais baixa, como se enxergasse tudo desde abaixo.

Havia a sombra de um homem no meio sala, mas o som ensurdecedor dos tiros sendo trocados não cessavam. Ele ouvia o homem gritar ordens.

Louis se moveu até ele devagar, a mão sobre seu peito sentindo o coração pular forte. Ele andou o suficiente para estar perto e ver mais do que uma silhueta.

Porém nesse mesmo momento ouviu o grito de dor e o corpo sendo atingido por um, dois, três tiros seguidos. O homem caiu ao chão.

Louis suava muito, suas mãos pequenas tremiam e ele tentava entender o que acontecia. Virou o corpo do homem caído e seu peito apertou ao ver a face conhecida ensanguentada.

— Pai.

Seu peito começou a bater mais rápido e suava o suficiente para suas mãos parecerem molhadas. Ele as olhou e viu o mar de sangue cobrindo as suas impressões.

O som da porta frágil da casinha sendo posta no chão foi o estopim.

Louis abriu os olhos em um baque, sentado em sua cama. Ele sentia o suor frio por seus poros e seu coração batendo como se estivesse golpeando seu peito.

Ele estendeu as mãos para olhar bem, mesmo no escuro ele conseguia vê-la sobre a luz fraca da lua que invadia pela janela: não havia sangue.

No entanto, elas tremiam muito. Ele se levantou depressa, embora sentisse tontura pela rapidez, e foi até o pequeno móvel ao lado da cama e abriu. Ali havia alguns remédios.

Não que Louis levasse a sério, mas ele passava por crises hora ou outra, as lembranças eram um castigo grande para ele. Helena lhe obrigou a ir em um psicólogo quando começou a passar dias sem dormir com medo de ter pesadelos como aqueles ou piores.

Ele se lembra de ter ido três ou quatro vezes, e depois nunca mais.

Mas ele continuava tomando remédios para o que foi nomeado pela psicóloga como: ansiedade e crises recorrentes.

Louis não seguia a risca como deveria, mas tinha seus modos de conseguir medicamentos. Quando se lembrava ele tomava o remédio para ansiedade e outros como calmantes e remédios para dormir.

Em noites de pesadelo como essas, ele não tinha coragem de voltar a dormir. Dali começava seu dia.

Helena era um boa mãe, Louis não queria passar noites e noites a acordando para contar sobre as suas crises e seus medos, sobre como o passado e seus fantasmas ainda eram cruéis com aquele menino do morro.

Às vezes conversava com Oli sobre aquilo e seu amigo o entendia, mas na maioria das vezes os demais não sabiam exatamente o que lhe dizer para confortar, se é que havia conforto.

Ele pegou um comprimido de alprazolam e levou à boca junto com um gole da água do copo em cima da mesinha.

Ainda eram as quatro e dez da manhã. Ele entrou no chuveiro, tomou seu banho e depois trocou de roupa.

Depois de toda sua higiene matinal, desceu para encontrar algo que pudesse comer. Tinha vários afazeres hoje. Helena só acordava às cinco e meia agora que não trabalhava mais.

Ele desceu na cozinha para passar um café. Todo dia em que acordava cedo, ele passava o café para dar menos um trabalho a sua mãe.

— Acho que dá tempo de comprar pão — disse para si mesmo.

COMPLEXO 18Onde histórias criam vida. Descubra agora