capítulo 8

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Eduardo Montawk

Maria sempre faz comida aqui em casa para mim, então não posso dizer que já faz muito tempo desde a última vez que eu comi uma comida caseira. No entanto, de alguma forma nenhuma me deixou tão ansioso para saber o gosto quando a que a Barbara está fazendo.

E para falar a verdade eu nunca comi um fettuccine caseiro, estou realmente curioso, principalmente por que ela não me parece do tipo que passaria horas na cozinha.

— O que eu posso fazer para ajudar?— Perguntei rezando para que ela dispense a minha ajuda, eu sou do tipo que queimo até água, mas queria me mostrar útil para ela, justamente por isso eu estou atrás dela segurando uma espátula a pelo menos cinco minutos.

— Pode cortar os temperos.— Ela disse sinalizando para uma quantidade relativamente grande de coisas para serem cortadas.

Ótimo, vou descobrir como fazer isso sem decepar um dedo no processo.

Peguei a faca que ela estendeu na minha direção, uma bem grande e aparentemente muito afiada.

Senti gotículas de suor de formarem na minha testa se acumulando, estou ficando um tanto quanto nervoso com essa tarefa.

Comecei com os tomates, cortando lentamente os pedaços em total concentração até ouvir a gargalhada da Barbara atrás de mim.

— Você nunca fez isso na vida, não é?— Ela questionou de uma forma que dispensa a resposta me deixando um pouco envergonhado.

— O que me denunciou?— Perguntei deixando a faca de lado, creio que a minha função não vai mais ser algo tão importante quanto os temperos.

— Várias coisas na verdade, você não tem firmeza para segurar a faca, isso faz você cortar muito devagar, fora que os pedaços estão gigantes.— Ela disse pegando um dos pedaços que eu orgulhosamente cortei antes de joga-lo na minha direção.

— Eu fiquei com medo de acabar cortando o meu dedo fora, acho que sangue, carne, osso e pele não fazem parte dessa receita.— Retruquei empinando o nariz tentando prender o riso.

Eu sou uma grande negação na cozinha, mas teoricamente isso não é culpa minha.

Quando eu era mais novo a minha mãe ou a Maria, nossa funcionária da casa faziam a comida, eu nunca acompanhava o processo, de alguma forma sempre que eu estava com fome a comida aparecia "magicamente" na minha frente.

Depois que meus pais morreram eu sobrevivi em tese apenas de fast food e das comidas da Maria, depois com a herança eu abri a minha empresa, me mudei e a Maria continuou comigo como uma mãe, mas nunca me ensinou a fazer nada na cozinha, nem mesmo um miojo.

— Tenho uma função nova para você.— Barbie disse com um sorriso de canto me deixando desconfiado.

Que tipo de nova função ela poderia dar a alguém que não sabe nem ao menos cortar um tomate?

— Que função?— Questionei com a voz baixa e desconfiada.

— Liga para algum restaurante e pede uma sobremesa, em outra oportunidade se você quiser eu posso te ensinar a fazer alguma coisa sozinho.— Ela ofereceu e eu concordei de imediato.

Adorei que a minha nova função é fazer algo que eu sempre faço, ligar e pedir para entregarem alguma coisa, e fiquei animado com a possibilidade de finalmente aprender a fazer alguma coisa na cozinha.

Até hoje o meu maximo foi colocar o pão na torradeira e mesmo assim eu sempre acabo errando o tempo que devo deixar e o pão sempre fica queimado em algumas partes. Bom, ao menos continua comestível e é isso que importa.

Fui para a sala caçar o meu celular, o encontrei depois de um tempo embaixo de uma pilha de papéis no chão.

Liguei para o melhor restaurante da cidade e pedi uma torta de chocolate.

Aos olhos de qualquer pessoa pode parecer algo simples demais para ser pedido em um restaurante tão bom quanto o let bistrô, mas não existe nenhuma torta que seja melhor que a de lá e eu já experimentei de diversos lugares diferentes.

Nada supera o restaurante do chefe Matteo Drummond, segundo uma matéria que eu li ele é autodidata no que diz respeito a comida e passou alguns anos fora do país para aperfeiçoar a sua técnica.

Realmente é um show de sabores.

Fiz o pedido e como sempre fui muito bem atendido, a torta deve chegar aqui em no máximo vinte minutos, o restaurante let bistrô defende muito a eficiência para que o cliente seja atendido da melhor maneira possível.

Fui até a minha adega e escolhi um vinho para acompanhar o jantar, não peguei um dos melhores por que a ocasião não é especial, é apenas um jantar entre amigos então um simples assim já está de bom tamanho.

Colecionar vinhos é uma coisa que eu herdei do meu pai, ele era um grande apreciador e um dos seus grandes sonhos era ter uma vinicula para exportar um bom vinho para todos os lugares.

Esse sonho eu nunca pude realizar por ele, mas dei continuidade a sua coleção desde que ele faleceu e modéstia parte, praticamente já dobrou de quantidade.

Peguei duas taças e voltei caminhando calmamente para a cozinha, onde pelo cheiro eu posso dizer que o processo já está bastante adiantado.

— Quer uma taça de vinho?— Perguntei já servindo o conteúdo nas taças.

— Aceito sim, obrigada. O jantar já está quase pronto.— Barbara disse com uma expressão satisfeita no rosto.

Franzi a testa enquanto entrego a taça para ela e bebo um pouco do conteúdo da minha.

— Quanto tempo eu demorei lá dentro? — Questionei rindo completamente desacreditado com a rapidez dela para cozinhar.

— Muito pouco, mas o suficiente.— Retrucou provando um pouco do caldo da comida.

Logo depois ela pegou uma nova colher, pegou um pouco mais do caldo e ergueu a mão na minha direção.

Sem entender muito bem o que fazer eu apenas abri a boca e aceitei a oferta de experimentar o sabor do seu prato e eu simplesmente adorei.

Preciso admitir que não estava muito confiante, mas meu Deus! Ela é incrivelmente boa na cozinha.

— Nossa, isso está perfeito Barbara.— Não poupei o elogio me sentindo tentado a pedir mais um pouco da comida antes de jantarmos.

Ela sorriu em uma mistura de agradecida e envergonhada.

— Eu gosto de cozinhar, é o único lugar onde eu tenho o controle de tudo e isso me acalma.— Retrucou dando de ombros.

Quem diria que ela gosta de ter as coisas sob seu controle, eu nunca teria imaginado.

Se bem que no trabalho ela sempre toma as rédeas da situação quando sabe que consegue fazer a função com perfeição, e é justamente por isso que eu tenho certeza que ela vai ser uma ótima presidente para a empresa.

Peguei os pratos e os talheres e coloquei a mesa para nós dois, já que não posso ser útil cozinhando então serei de outra maneira.

Não demorou nada para a Barbara surgir com a comida em travessas fumegantes. O cheiro está incrível e o gosto ainda melhor como eu mesmo pude conferir.

Nós jantamos relativamente em silêncio, nada desconfortável, mas ainda sim em silêncio, hora ou outra um de nós comentava algo interessante ou engraçado para complementar o clima amigável entre cada prato de comida e taças de vinho.

Eu gosto da companhia dela, é algo... Fácil.

É fácil conversar com ela, eu não preciso ficar pensando um milhão de vezes antes de abrir a boca.

Isso é bom.




Aproveitem o capítulo amores♥️

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