capítulo 18

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Eduardo Montawk

Eu sinceramente não consigo ver onde eu posso ter me equivocado em relação a nossa pequena discussão de duas semanas atrás.

Sim, ela fez questão de ficar enfurnada dentro do seu quarto por longas duas semanas, me dando a honra de sua presença apenas na empresa e nada além disso.

Preciso admitir que frustração é pouco para o que eu senti.

Tudo bem que a Barbara ainda é uma menina, inclusive é a isso que eu atribuo a revolta na qual ela me recebeu quando cheguei, mas mesmo assim eu não consigo evitar ficar chateado.

Caramba, será que ela é tão inocente ao ponto de acreditar que eu permaneceria completamente celibatário nesse noivado falso?

Eu preciso regularmente de um sexo casual, lógico que não vou desrespeitar ela e trazer alguma mulher aqui em casa, mas nada impede que em sigilo eu me alivie do estresse diário.

— Bárbara, você quer jantar fora hoje?— Depois dessas duas semanas lhe dando todo espaço do mundo eu decidi tentar uma aproximação, até por que de qualquer forma ainda estamos noivos e precisamos ser vistos em público.

Bati três vezes na porta do seu quarto e não recebi resposta.

Cansei de ser compreensivo e bonzinho demais, ela vai ter que falar comigo mesmo que não queira!

Abri a porta do quarto dela com um solavanco, agradecendo a Deus por não estar trancada ou eu juro que no humor que ela anda me fazendo ter eu colocaria essa porta abaixo.

Quando entrei fiquei um tanto quanto embasbacado, na falta de uma palavra melhor.

Barbara está completamente produzida, usando um vestido curto vermelho extremamente provocante, um salto bem alto da mesma cor vibrante assim como o seu batom, já o cabelo ela optou por deixar solto naturalmente.

Pela primeira vez na vida eu olhei para ela como uma mulher, e não como uma criança ou simplesmente a filha de um amigo como eu costumava olhar para ela.

Barbara sempre foi proibida para mim de diversas formas, por isso eu joguei para o fundo da minha mente todo e qualquer atrativo que ela pudesse ter. Claro que isso se torna quase impossível com essa visão.

— Quer jantar fora?— Perguntei tentando fazer a minha voz parecer o mais normal possível, porém percebi que falhei miseravelmente. Espero que isso só tenha sido perceptível para mim mesmo.

— Estou arrumada para outra coisa, caso não tenha percebido.— Barbara disse dando uma conferida bem descarada em seu próprio traseiro, tentando observar como ele fica nessa roupa.

Isso não seria difícil dela saber, bastava me perguntar.

— Onde você pensa que vai?— Perguntei cruzando os meus braços preferindo arrancar um membro fora do que deixar que ela saia de casa nesses trajes.

— Como assim onde eu "penso" que vou? Eu não estou só pensando Eduardo, a minha carona já está chegando.— Ela retrucou simplesmente indo buscar uma bolsa no closet.

Obviamente eu a segui para dentro do cômodo.

— Você não vai sair assim, Barbara.— Falei esperando que a minha voz sirva de aviso o suficiente.

— Eduardo, eu pensei bastante nessas duas semanas e decidi algo que gostaria de lhe comunicar, veja bem, COMUNICAR e não lhe pedir.— Disse calmamente, mas eu sou um homem inteligente o suficiente para saber que ela está tudo, menos calma.

— O que decidiu?— Perguntei sem nenhum receio a pesar de tudo, por que de toda forma acredito que dê tudo o que ela possa dizer nenhuma delas vai ser um término do falso noivado.

— Você está certo, você tem desejos e precisa mesmo que eles sejam satisfeitos.— Ela começou a falar e eu senti um alívio gigantesco me inundando. Ela finalmente compreendeu o que eu passei duas semanas tentando explicar!

— Obrigado por entender, não se preocupe eu vou continuar fazendo tudo as escondidas, não vou te envergonhar.— Garanti lhe dando a minha palavra de honra.

— Calma, eu ainda não acabei de falar. Eu entendo que você tenha desejos e que precise sacia-los, mas assim como você eu também preciso, e se não for por meu noivo então que seja por outro.— Barbara disse e em algum momento durante a sua fala a minha mente deu um terrível delei.

Como assim se ela não for satisfeita por mim será pelos outros?

— Você está me dizendo que vai me trair?— Questionei completamente desacreditado com a falta de consideração.

O meu sangue começou a borbulhar nas minhas veias e eu me senti praticamente um vulcão prestes a entrar em erupção.

— Trair você? Por que isso seria traição se nós não passamos de amigos?— Perguntou com a sombrancelha erguida como forma de desafio.

Senti uma vontade gritante dentro de mim, quase primitiva, de tranca-la dentro desse quarto para que ela não possa sair de casa, e como punição pelo que disse eu quis lhe dar umas boas palmadas no traseiro.

Uma buzina ressoou alta e ela sorriu para mim dando a conversa por encerrada.

— A minha carona chegou, não me espere acordado querido, tenho planos de me ocupar a noite inteira.— Barbara disse me dando uma piscadela e saiu passando rapidamente porta a fora antes que eu tivesse tempo de fazer alguma coisa para impedir.

O duplo sentido do que ela me disse me deixou em ponto de sair de carro atrás dela para eu mesmo trazê-la para casa.

Por Deus, como ela é inconsequente!

Simplesmente não consigo acreditar que ela está saindo decidida a transar com o primeiro imbecil que aparecer apenas para me provar uma tese ridícula de que eu também não deveria fazer isso.

Eu já expliquei para aquela criaturinha perversa que as coisas são diferentes para nós dois! Pra mim qualquer uma dessas outras mulheres são apenas mais uma, não é nada de importante, mas para ela é diferente.

Por favor, ela é minha noiva!

Sai do seu quarto pisando firme e bati a porta com força atrás de mim decidido a não deixar isso me consumir, mas também completamente firme da decisão de esperar ela acordado, aqui na sala, pouco importando a hora que seja.

Peguei um livro e tentei ler um pouco, mas a atividade se provou completamente impossível de ser realizada uma vez que cada parágrafo parece um imenso borrão diante dos meus olhos, completamente desconexos me fazendo voltar para o início trezentas vezes.

Acabei desistindo do livro e coloquei um filme para passar na televisão. Simplesmente Passat mesmo por que prestar atenção que é bom, nada.

Acabou esse filme e eu coloquei outro, e depois mais outro. Quando eu já estava indo para o quarto filme a porta da minha casa foi aberta e a mulher mais irritante do dia entrou com os sapatos na mão e um sorriso frouxo no rosto.

— O que aconteceu lá?— Perguntei assim que a porta foi fechada recebendo um revirar de olhos em troca.

— Por favor Edu, eu não quero brigar agora, liberei tanta endorfina que estou feliz por um mês inteirinho. Não se preocupe, eu fui discreta.— Respondeu fazendo um sinal de silêncio com o dedo na boca.

Barbara foi para o seu quarto aos tropeços me deixando em plena fúria plantado na sala.

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