capítulo 25

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Eduardo Montawk

Claro que eu não gostei de saber que a Barbara me escondeu o fato de ter sido sua primeira vez, mas não posso negar que saber que ela não teve absolutamente nada com qualquer idiota daquela festa tirou um peso de mais de uma tonelada das minhas costas.

Nenhum outro antes de mim, isso é ótimo.

Ela já está no seu próprio escritório, nós dois dividimos a leva de trabalho entre nós dois por que eu sozinho não seria capaz de dar conta completamente das duas empresas, então decidi que era melhora ela já ir se habituando com o ritmo árduo de trabalho que precisamos levar.

Além disso precisamos organizar uma festa de noivado, as revistas de fofoca foram mais eficientes a primeiro impacto, mas agora as notícias estão sendo apagadas por novas e eu preciso nos levar de volta para o topo.

Assinei mais algumas permissões para mudança de orçamento mensal para melhor atender os nossos clientes e a Paula entrou na minha sala, novamente sem ser anunciada.

Ergui o olhar lentamente para ela com a maior cara de tédio que eu fui capaz de reproduzir.

Essa mulher me cansa e não se dá conta disso.

— O que quer?— Perguntei curto e grosso. Preciso de uma nova secretaria, urgentemente.

— É assim que fala comigo?— Me respondeu com uma pergunta enquanto abre lentamente os botões de sua blusa.

Por favor, ela precisa começar a se dar ao respeito.

— Pare de desabotoar a roupa imediatamente, você sabe que eu tenho uma noiva e esse é um ambiente de trabalho.— Adverti ainda na mesma posição, sentado em minha cadeira segurando uma caneta na mão enquanto olho para ela sem interesse algum.

Se fosse uns dois dias antes eu possivelmente teria desconsiderado o fato dela ter entrado sem me pedir permissão e para aliviar a tensão eu certamente ficaria com ela aqui. De novo.

Como fiz vezes antes.

No entanto agora eu vejo claramente que ela foi um genérico pouco eficiente para afastar a minha cabeça de coisas que eu não poderia fazer com a minha noiva, por que no fim das contas eu mandei tudo as favas e fiz. E a Paula não pode se comparar a ela nem mesmo em mil anos.

— Por favor, nós dois sabemos que sua noiva é um mero enfeite e que você nunca tocou nela. Quer mesmo que eu acredite que você de repente virou um noivo dedicado?— Questionou e logo em seguida gargalhou alto debochando de mim e do que eu havia dito.

— Tudo bem Paula, tudo bem. Antes realmente as coisas eram dessa forma, mas agora tudo mudou.— Respondi largando a caneta em cima da mesa.

O rosto da mulher na minha frente assumiu uma feição de desacreditada e puro choque.

— O que quer dizer com isso?— Perguntou quase gaguejando.

— Vou usar o português claro com você. Eu não preciso mais de você Paula, para absolutamente nada que a minha noiva possa cuidar. Eu e ela estamos muito bem em todos os aspectos, não que isso seja da sua conta, e se você quer mesmo saber eu amaldiçoou o dia que eu tive a infeliz ideia de me relacionar com você tendo uma mulher incrível em casa esperando por mim. Mas acredite, eu não sou idiota de cometer o mesmo erro duas vezes. Agora saia antes que eu precise te demitir.— Retruquei perdendo completamente a pouca paciência que me resta.

Eu já estou tendo que fazer um esforço sobrehumano para não me sentir o pior e o mais inútil dos homens por ter me relacionado com ela, essa mulher não precisa aparecer para tornar tudo ainda pior.

No momento em que eu decidi me relacionar com ela secretamente me pareceu uma solução inteligente para os meus problemas, a Barbara ficaria feliz por eu estar me comportando e eu não passaria nenhuma vontade nesse meio tempo. Achei que estava pensando com a racionalidade ao decidir isso, mas agora eu vejo que não era bem por aí.

Eu fui egoísta demais para enxergar, mas agora que a minha relação com a Barbara ultrapassou um pouco a linha do "relacionamento de fachada" eu me peguei pensando o que ela faria caso descobrisse, e nenhuma das possibilidades seria boa.

Não posso mudar o passado, mas definitivamente posso enterra-lo para proteger o futuro, seja lá o que ele acabe virando.

Paula voltou a abotoar a blusa e saiu porta a fora pisando firme. Soltei o ar que estava preso nos pulmões e me joguei de costas na cadeira.

Espero que as coisas continuem assim, não tem espaço para drama no momento.

Terminei de verificar algumas papeladas, parte da minha empresa e parte da do Roberto, está tudo em ordem e eu espero que ele acorde logo para que tudo volte a ser como antes.

Bom, talvez não exatamente como antes, mas ainda assim espero que ele acorde logo.

Olhei para o relógio e sorri ao me dar conta de que já é horário de almoço.

Vou buscar a Barbara na sala dela para almoçar comigo.

Sai andando alegremente da minha sala e me perguntando o motivo de estar tão contente assim, isso nunca me aconteceu, mas também várias coisas nunca aconteceram na minha vida e estão acontecendo agora.

Bati na porta da sala dela e a ouvi me autorizando a entrar e assim o fiz, mas era melhor que não tivesse feito.

Paula estava sentada na cadeira da frente da mesa da Barbara e as duas pareciam muito animadas conversando.

Arregalei os olhos instintivamente e comecei a suar frio.

Qualquer passo dessa víbora e tudo vai pelos ares.

— O que aconteceu?— Barbara perguntou meio presa em risos e meio preocupada com a minha expressão de espanto.

Forcei uma tosse e olhei para a Paula que sorri satisfeita por ter conseguido me atingir com força total.

— Vim chamar você para almoçar, querida.— Respondi forçando um sorriso para ela.

Barbara franziu a testa mas deu de ombros aceitando o convite.

— Adorei nossa conversa Paula, vou te convidar qualquer dia para ir passar uma tarde comigo em casa, acho que vamos dar boas risadas.— Barbara disse e eu tive vontade de gritar um "não!" Bem grande e com direito a todas as exclamações do mundo.

Mas isso seria um tiro no meu próprio pé.

— Claro, eu com certeza vou adorar conhecer a casa de vocês.— Ela disse olhando diretamente para mim com um sorriso no rosto.

Eu estou definitivamente passando mal, posso cair duro no chão a qualquer momento.

Engoli em seco e puxei a Barbara para fora da sala no mesmo segundo, antes que a Paula acabe falando muito mais do que deve.

Eu e a Barbara estabelecemos um ritmo muito bom entre nós dois, não vou deixar que uma forasteira acabe com tudo isso.

Com tudo o que eu levei tempos para permitir que acontecesse.

— Você está bem?— Barbara me perguntou assim que entramos no meu carro.

— Estou sim, mas o que acha que não voltarmos ao trabalho hoje?— Perguntei olhando para ela com um sorriso.

Nesse momento, olhando para o rosto dela, para o sorriso e agora os olhos me veio uma vontade absurda de beija-la e foi o que eu fiz.

Uni nossas bocas em um beijo singelo e um tanto quanto rápido, para ela foi apenas um suave beijinho, mas para mim foi uma promessa de que mesmo sem saber o que eu comecei a sentir por ela, não vou permitir que ninguém estrague isso.

Ninguém.

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