Capítulo 32

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Barbara Lindsay


Entrei no hospital correndo rapidamente com o Eduardo em meu encalço.

Precisei trocar de roupa antes de sair, mas o que importa é que estou aqui.

Interromperam uma grande briga para dar a melhor noticia do mundo, tanto que eu não estou nem mesmo pensando no quanto eu fui enganada, tudo o que eu quero é ver o meu pai.

Ele acordou.

— Boa noite, somos familiares do senhor Roberto Lindsay, ligaram avisando que ele acordou.— Eduardo abordou um medico que ia passando por perto despretensiosamente.

— Ah, sim claro, ele está perguntando por vocês tem um tempo.— Ele pediu para que nós o acompanhássemos para colar as etiquetas de familiares e depois fomos diretamente para o quarto no qual o meu pai está agora.

Já o tiraram da UTI.

Não sei nem explicar a alegria e o alivio que me preencheu ao ver o meu amado paizinho sentado enquanto come alguma coisa sem muita consistência.

— Pai!— Exclamei me jogando contra ele quando entre no quarto emocionada. As lagrimas molham o meu rosto copiosamente, mas dessa vez finalmente é por um motivo agradável e feliz.

Só Deus sabe o quanto eu tive medo de perder o meu pai, o único que sempre me amou acima de tudo e de todas as coisas.

— Bonequinha! Está tudo bem, eu estou de volta, não precisa chorar assim.— Meu pai tentou me acalmar de todas as formas, mas eu continuei chorando e o abraçando temendo que isso seja apenas um sonho bom.

Pouco a pouco eu fui soltando o aperto, mas me mantive próxima a ele com medo que precise de algo, afinal ainda não é seguro que ele  levante e faça tudo sozinho, seus músculos não estão tão firmes assim depois de mais de dois meses em coma.

Meu pai se deu conta da presença do Eduardo no quarto, bem no canto da porta, encostado na parede evitando ser notado.

Por mim ele nem estaria aqui, mas o meu pai gosta muito dele.

— Eduardo, meu amigo! Tem cuidado de tudo na minha ausência? Como andam as coisas na empresa?— Eu sabia que ele só confiaria de perguntar coisas a respeito dos negócios para o Eduardo e isso não me chateia a pesar de estar sem suportar olhar diretamente para ele.

Eduardo é um grande canalha, isso é indiscutível, mas é bom nos negócios e isso também é um fato a ser constatado, e não uma opinião.

— Tudo em ordem meu amigo, tudo com o que tem que se preocupar é em ficar bem novamente, você nos deu um susto enorme.— Eduardo disse dando passos cautelosos em direção a cama. A cada novo passo arriscado ele me olha como quem pede permissão para continuar. Eu dei de ombros e deixei que ele se aproximasse, isso não é sobre mim e sim sobre meu pai.

— E da Barbara, você cuidou dela?— Me upai questionou chamando o amigo para mais perto.

Ele me olhou pelo canto do olho antes de acenar positivamente com a cabeça e responder.

— Inclusive preciso conversar com você sobre isso. Barbara está morando na minha casa.— Ele disse de uma vez sem se dar ao trabalho de me perguntar se poderia.

Bom, que seja, o fato é que realmente meu pai saberia de tudo assim que ligar a televisão.

— Por qual razão?— Meu pai questionou aparentemente confuso.

— Primeiramente, eu estava morando com ele. — Falei e Eduardo me olhou um tanto quanto contrariado. Considerei irrelevante seus sentimentos e voltei minha atenção ao meu pai. — Precisamos criar um relacionamento fake para proteger nosso patrimônio das garras do conselho, mas agora que você está de volta papai, já podemos inventar uma desculpa para "terminar". — Me forcei a sorrir como se estivesse mesmo satisfeita com o desfecho final.

— Eu acho que não é bom fazer isso agora, ficaria muito claro que foi mentira.— Eduardo argumentou e o meu pai depois de ponderar um pouco a respeito acabou concordando com ele firmemente.

— E isso prejudicaria o andamento da empresa, tem razão. Mas não precisa continuar incomodando a privacidade do Eduardo, querida. Pode voltar para casa, imagino que eu possa sair daqui amanha se assinar um termo de responsabilidade.— Ele disse olhando para mim e eu concordei veemente.

— Ela não me incomoda, pode se recuperar com calma, ela volta quando você estiver bem.— Eduardo tentou argumentar, mas eu neguei. Não existe força superior o bastante no mundo para me fazer continuar dividindo o teto com ele.

Mesmo que meu pai não tivesse acordado, mesmo que eu precisasse enfrentar a vasta solidão daquela casa completamente sozinha, ainda assim eu iria e certamente não me arrependeria.

Amo o Eduardo com todo meu coração, isso não mudou, mas sei que devo me amar acima disso e por mais que doa eu vou fazer o que devo. Não posso aceitar uma traição tão grande, por favor, ele deixou ela se aproximar de mim.

Ele me viu cogitando a possibilidade de me tornar amiga daquela mulher e não fez nada para impedir.

Em partes eu acredito que ela mentiu em coisas no seu relato, não sou tão boba para acreditar totalmente nela, inclusive acredito agora com a cabeça mais fria que eles não tinham mais nada um com o outro quando eu e ele passamos a nos relacionar, mas a questão não é essa, nunca foi.

Eu podi8a ter compreendido e poderia ter perdoado, mas o que me dói de verdade é que ele tenha se dedicado tanto para esconder isso de mim, disse que tinha deixado de me ver como uma criança, mas na primeira oportunidade de me deixar resolver nossos problemas como adulta ele simplesmente deduziu que eu não seria capaz de tanto e pronto, aceitou viver em meio a aflição de ser descoberto.

Ele não confiou em mim, e isso significa que não chegou a me amar.

Então não faz sentido insistir em algo que não vai verdadeiramente chegar a nada.

— Eu vou voltar para casa, quero deixar tudo em ordem para receber o papai.— Respondi ligeiramente.

— Você não vai querer ficar sozinha.— Eduardo insistiu em contra argumentar, se ele continuar assim meu pai pode desconfiar de algo.

— Lara fica comigo.— Respondi dando de ombros e por sorte ele parou de falar também, deve ter percebido que não vai conseguir me convencer. 

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