Capítulo 31

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Eduardo Montawk


— Primo, fica calmo, as pessoas estão olhando.— Heitor tentou me manter no mesmo lugar, mas de nada adiantou.

Eu estou vendo tudo pintado de vermelho, em uma mistura quase intangível de raiva e desespero.

Saí pisando firme na direção da Paula que continua parada no mesmo lugar, como se estivesse me esperando para debochar de mim. Das duas uma, ou ela é muito corajosa ou muito burra para querer fazer isso quando eu estou tão transtornado que não tenho absolutamente nada a perder.

— Eu vou matar você.— Avisei ao me aproximar.

Por sorte ou algo do tipo ela deu alguns passos na direção de um vão escuro do salão de festas, se ela não gritar existe uma chance de eu conseguir aniquila-la sem que ninguém desconfie.

Ninguém além do Heitor que continua me seguindo de perto.

— Mas por que? Eu só contei a verdade para a sua noivinha, somos amigas sabia? Faz parte das obrigações de uma amiga ser sincera.— Ela disse praticamente gargalhando na minha cara, especialmente extasiada por ter conseguido destruir a minha vida.

Sim, eu sei perfeitamente que não foi culpa apenas dela e que não é coisa de cavalheiro me defender acusando, mas eu ia contar tudo para a Barbara!

Ia contar correndo o risco dela nunca me perdoar, mas ia aceitar a responsabilidade que recaísse sobre mim, tudo o que eu queria era fazer as coisas certas, e assim ter ao menos uma misera esperança de dar tudo certo. Então sim, eu posso culpar a Paula pelo que aconteceu.

Sem pensar em absolutamente nada com clareza o bastante para discernir o que é certo ou errado eu me impulsionei na direção dela e quando me dei conta estava com as mãos em volta do seu pescoço fino e delicado.

Ah, seria tão fácil acabar com ela agora, só um aperto e tudo acabaria para ela.

Paula me olha completamente aterrorizada, certamente ela pensou que eu não teria coragem o bastante para fazer algo desse tipo, no entanto acaba de perceber que não me conhece tão bem quanto pensava.

— Edu, para com isso, você não quer virar assassino por conta de alguém como ela. Larga.— Heitor disse tentando me convencer a soltar e também tentando literalmente retirar as minhas mãos do pescoço da mulher.

Refleti sobre o que o meu primo disse e decidi soltar de uma vez, não vou passar o resto da vida na cadeia por uma cadela feito ela.

Assim que eu soltei ela caiu sentada no chão, tossindo enquanto tenta desesperadamente recuperar o oxigênio.

— Nunca mais apareça na minha frente Paula, não sei o que sou capaz de fazer com você se tornar a vê-la.— Adverti e se fosse ela me daria por contente de apenas estar saindo daqui com vida.

— Tenho direitos financeiros a receber em caso de demissão.— Ela alegou e eu tive vontade de rir em escarnio.

— Eu te dei a chance de sumir levando uma grande quantia em dinheiro e você não aceitou, agora vai embora sem nenhum centavo meu! Cuide disso Heitor, eu vou atrás da minha mulher agora.— Avisei e sem esperar resposta por parte do meu primo saí correndo porta a fora.

Peguei o meu carro e em velocidade máxima dirigi até em casa. Vez ou outra pensamentos horríveis invadiram a minha cabeça.

E se a Barbara não tiver ido para casa por que sabe que eu também vou?

E se ela resolver se esconder de mim?

E se ela teve algum acidente no meio do caminho?

Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos, de qualquer forma não vou demorar para descobrir, estou chegando em casa.

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