Capítulo 36

312 30 6
                                    

Eduardo Montawk


Quando eu decidi vir para essa festa não tinha raciocinado muito bem sobre as possiveis implicações da mesma.

Não me passou pela cabeça que eu pudesse passar tanto odio quanto acabei passando desde a hora em que cheguei aqui.

A principio eu estava nervoso como um adolecente pelo simples fato de poder ver a Barbara novamente, não que eu não tenha tentado isso em outras ocasiões aparentemente melhores que na festa de boas vindas do seu pai, mas sempre que eu tento marcar uma hora ou quando apareço de supresa na empresa ela cria desculpas ou simplesmente diz que não tem tempo e nem vontade para me receber.

Aqui pelo menos ela não teria como me expulsar. 

Eu realmente achei que uma vez estando no mesmo ambiente que ela poderiamos conversar um pouco e ela seria meio que obrigada a  manter a compostura.

Por tudo o que há de mais sagrado no mundo, eu não tenho conseguido dormir bem a noite, nem me alimentar bem durante o dia e muito menos me concentrar no trabalho, tudo isso por que va unica coisa que sou capaz de pensar é na Barbara e em como eu vou conseguir ter ela de volta. Acontece que eu acabo inconcientemente pensando que pode ser que eu não a tenha mais mesmo que ela me ame e isso me deixa a beira de um colapso nervoso.

Durante o jantar eu prometi a mim mesmo que ficaria quieto e suportaria os risinhos daquele cara direcionados para a minha Barbie, mas no momento em que ela foi completamente sozinha para o escritorio eu vi a oportunidade perfeita de falar com ela sem ser interrompido.

— Você por acaso está querendo me deixar maluco?—Perguntei puxando seu braço na minha direção assim que eu fechei a porta.

Sim, talvez essa não tenha sido a melhor abordagem  de todas, mas eu estou com tanta raiva, mas tanta raiva daquela conversinha paralela que eu não posso nem mesmo afirmar que estou em pleno controle de mim.

— Não sei do que está falando, agora solte o meu braço e saia daqui antes que te vejam.— Ela retrucou afiada como sempre. Me certifiquei de não estar apernando seu braço demais e continuei segurando.

— Ah então você não sabe? Quem é aquele cara Barbara?— Perguntei cansado de meias palavras.

— Ah, o Carlos. Ele é um querido, fique você sabendo que conversar com ele é sempre revigorante.— Barbara está testando a minha paciencia, isso é nitido, mas eu acho que ela esqueceu que paciencia é um dom que me falta.

— Você já teve alguma coisa com ele? — Questionei forçando a respiração pelo nariz em uma falha tentativa de não imaginar a cena deles dois juntos.

Isso eu não poderia suportar, então é melhor que ele nem se atreva a tanto ou não respondo por mim.

— Isso importa? Como eu disse, ele é um...

— Um querido eu sei, e dependendo do que você me diga ele vai ser um querido e sem dentes. Você já teve algo com ele?— Perguntei novamente exaperado. Percebi nos olhos dela a duvda clara brincando de um lado para o outro, de uma forma a ficar realmente sem saber se eu estou blefando ou falando serio.

Eu não blefo.

— Isso não importa Eduardo, se tiver acontecido foi antes de você e se acontecer agora é depois de você. Minha vida não te diz respeito.— Respondeu dando de ombros como se isso significasse algo para mim.

— Para de fingir que não liga Barbara, você me ama, admite. Você é minha e sabe disso.— Falei com uma certa prepotência. Não me sinto nem um pouco mal por isso, eu tenho plena certeza que a Barbara por completo é inteiramente minha, de nenhum outro além de mim.

— Não sei de onde você tira essas coisas.— Retrucou debochando de mim. Para mim esse foi nada mais  que o estopim, preciso que ela admita mesmo que contra sua vontade que ela me ama e que é minha.

Caramba, eu as vezes acho que estou perdendo a razão, enlouquecendo um pouco mais a cada dia que passo longe dela. Nunca tinha me apaixonado antes da Barbara, a principio quando eu percebi o que estava acontecendo foi quase como levar um soco no estomago. Me senti sem ar e levemente tonto, demorei bastante tempo para me recuperar das sensações iniciais, mas quando consegui entrei em uma avalanche ainda maior.

Eu aprendi a tão pouco tempo o que é estar perdidamente apaixonado por alguém... não posso simplesmente aceitar que agora vou viver oco por dentro, eternamente condenado a viver sem a mulher que amo.

Jane Austen, a famosa autora de Orgulho e Preconceito, tem sido de certa forma um divisor de aguas e o meu tormento mais profundo ao mesmo tempo nos últimos dias.

Tenho passado tanto tempo sem conseguir dormir durante a noite que resolvi ler esse livro quando sem mais nem menos o encontrei em casa, acontece que o que era para ser uma leitura distrativa virou algo interativo demais e eu fui procurar a fundo sobre a autora e sobre suas demais obras. Foi pesquisando sobre a vida pessoal da mesma que meu coração começou a falhar nas batidas.

Como pode alguém que escreveu um livro como Orgulho e Preconceito ter simplesmente acabado seus dias sozinha?

Ela conhecia o amor, sabia a magnitude do sentimento e a dor de perder algo assim... E mesmo assim viveu e morreu sozinha, sem um amor que fosse para si.

Não consigo imaginar destino pior que esse, e é essa mais uma das razões para eu jamais desistir de lutar por quem eu amo, mesmo que isso leve tempo.

Puxei a Barbara contra mim com força chocando o seu corpo contra o meu. Não precisava de muito mais do que isso para ter uma resposta, ela arfou contra mim com tanto desejo que apenas isso já era o bastante.

Mas eu quero mais, muito mais que isso.

—Seu corpo reage ao meu toque como nunca reagiria ao de qualquer outro Barbara.— Respondi sussurrando e como se servisse para ilustrar as minhas palavras eu passei as pontas dos meus dedos por toda a extensão do seu braço em um carinho preguiçoso.

—Edu...—Ela arfou quando aproximei meu rosto do seu pescoço.

Eu sorri completamente extasiado, satisfeito por ser eu e apenas eu quem causa tantas reações nela de uma vez só.

Depositei um beijinho molhado na base do seu pescoço ainda impelido em ter muito mais que arfadas e suspiros condescendentes.

Eu estou com saudade, faminto e desesperado por ela.

— Diga que é minha, Barbara. Diga que nenhum outro jamais vai ter você como eu tenho. Vamos querida, me diga e eu a farei muito feliz essa noite e por todas as próximas se você me permitir.— Pedi em sussurros e Barbara continuou em silêncio, dando o máximo de si para resistir a tentação.

Admiro a persistência, mas ela não vai durar muito.

— Diga amor.— Pedi mais uma vez.

— Ai que se dane. Eu sou sua Eduardo, sempre fui.


Irresistível DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora