Capítulo 2

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Eduardo Montawk

Eu não sei nem explicar o quanto me deixou confuso a conversa com a Bárbara.

Quando ela disse que queria conversar eu pensei em duas possibilidades: ou ela estaria com problemas no trabalho ou com algum cara, e em qualquer uma das opções eu poderia ajudar a resolver.

Mas nunca me passou pela cabeça que esse homem em questão fosse ser eu.

E não é dizendo que ela é uma garota pouco atraente, longe disso na verdade, mas ela é uma garota jovem demais para mim e o mais importante, é filha de um grande amigo. A unica coisa que eu não posso ignorar é ela ser filha de quem é.

Eu jamais seria capaz de uma traição desse tamanho, ele nunca me perdoaria e eu sinceramente não acho que estaria sendo digno de perdão.

Quando comecei com a minha empresa eu era muito mais jovem do que a Bárbara e ninguém me dava nenhum tipo de credibilidade devido a minha pouca idade, a única pessoa que nunca duvidou da qualidade do meu trabalho e que sempre acreditou no meu potencial foi o Roberto.

Na verdade ele foi muito além de acreditar em mim, ele arriscou a própria empresa fazendo uma sociedade comigo, tudo bem que na época eu já tinha conquistado mérito, prestígio e respeito da cidade inteira, mas mesmo eu abdicando de vários fins de semana, de várias coisas que pessoas da minha idade faziam apenas para ficar me dedicando ao meu trabalho, as pessoas ainda continuavam pensando que em algum momento eu iria falhar e tudo viria abaixo, por isso que a iniciativa do Roberto em criar uma sociedade foi tão importante para mim, as pessoas pararam de duvidar e de esperar algum erro meu.

Justamente por isso que eu nunca seria capaz de fazer algo que colocasse em risco a nossa amizade, e se algum dia ele precisar da minha ajuda com o que quer que seja eu vou ajudar sem pensar duas vezes.

Joguei o paletó em cima da mesa e me joguei no sofá, a festa foi muito satisfatória e acredito que conseguimos pelo menos mais uns sete clientes para ambas as empresas, essas pessoas transformadas em números são mesmo muita coisa.

Fui para o meu quarto tomar um banho longo e relaxante, eu adoro a minha empresa, mas o trabalho por vezes é extremamente cansativo e desgastante.

Tomei um banho quente e vesti uma calça de moletom e uma regata pronto para me jogar na cama e só sair daqui amanhã, mas quando me deitei percebi que tinha deixado o meu celular na sala quando cheguei.

— Que inferno!— Gritei de dentro do meu quarto completamente contrariado por ter que sair da minha cama para ir atrás do celular.

Eu sinceramente deixaria para lá se eu não achasse completamente irritante quando tento ligar para alguém e não consigo por que a pessoa "não estava com o celular na hora", por isso eu sempre estou com o meu na mão, se alguém me ligar e eu não atender é por que muito provavelmente eu não quis mesmo.

Precisei procurar o bendito celular por que o infeliz não está em nenhum lugar visível. Perdi pelo menos uns dez minutos minutos colocando a mão atrás das almofadas e nos cantos do sofá até finalmente conseguir pegar o meu aparelho.

Incrivelmente assim que ele estava na minha mão começou a tocar insistentemente. Eu pensei em não atender quando vi de quem se trata, é a Paula, minha assistente, eu cometi o erro de ficar com ela algumas vezes principalmente na minha sala da empresa, era uma forma de aliviar o estresse e voltar para o trabalho completamente recarregado, mas a minha decisão "prática" acabou se provando muito estúpida já que ela começou a achar que era a minha namorada e passou a questionar tudo o que eu fazia.

Óbvio que eu cortei o mal pela raiz e hoje ela é apenas a minha assistente de fato, mas as vezes ela ainda liga para mim apenas para falar que sente a minha falta, é chato e cansativo.

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