Capítulo 30

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EDUARDO MONTAWK


Finalmente o dia da nossa festa de noivado chegou. Passei todos esses dias tremendo na base de tanto medo que o assunto "traição" viesse a tona, mas para o meu contentamento o contato entre a Paula e a Barbara diminui drasticamente quando a minha noiva soube que a Paula se interessa por um homem com compromisso.

Apertei o nó da gravata pensando na forma certa de trazer a conversa a tona.

Já tive tempo mais que o bastante para conhecer ela, saber que  a pesar da pouca idade a Barbara tem maturidade o suficiente para levar o nosso relacionamento adiante, e isso me deixa extremamente menos preocupado.

— Os membros do concelho vão estar lá?— Barbara perguntou surgindo na porta do quarto completamente perfeita em um vestido longo, delicado e branco.

Ela é perfeita de tantas maneiras que eu acredito piamente que nunca a vi como mulher antes de tudo apenas por que meu cérebro a associava com proibida para mim por conta da minha amizade com o pai dela.

Agora tudo o que eu posso pensar com relação a ele é: Será que ele vai gostar de me ver como marido da filha dele?

— Você está perfeita.— Elogiei com um sorriso, caminhando lentamente até ela e enlaçando com meus braços a sua cintura.

— Você também não está nada mal. — Gracejou se esticando um pouco para depositar um beijo casto e carinhoso em meus lábios.

Não nego que sempre gostei muito da minha vida de solteiro, nunca ter que dar explicações a ninguém sobre nada na vida, mas preciso admitir que ficar assim com alguém, especialmente quem eu amo faz a vida inteira fazer sentido para mim.

Minha existência ganhou um significado, um colorido novo quando ela entrou na minha vida como o meu amor.

— Eu estou fabulosamente lindo. E sim, todos eles vão estar lá fazendo o papel de abutres como sempre.— Desde a reunião a qual anunciei nosso casamento por puro desespero e falta de uma ideia melhor o concelho em peso tem ficado irritantemente na nossa cola, sempre espreitando esperando que um de nós cometa algum erro fatal e eles nos peguem no pulo, ou como dizem, nos peguem de calças curtas.

Isso não vai acontecer, mas de qualquer forma é preciso ficar bem esperto.

— Vamos para a festa?— Ela me perguntou e eu assenti ainda grudado em sua cintura.

Para coroar ainda mais a noite eu fui incumbido de fazer um discurso de noivado, no começo eu quis recusar, mas depois eu parei e pensei que seria melhor deixar claro para todo mundo os meus sentimentos pela Barbara, inclusive para ela mesma já que eu ainda não tive a mínima coragem de falar "eu te amo" para ela.

— Vamos, quando voltarmos vamos comemorar apenas nós dois.— Falei olhando para ela imaginando o quanto a nossa comemoração a dois é mais esperada que a publica.

Saímos de casa e chegamos no salão de festas da empresa rapidamente. O mesmo salão de festas onde ela me disse seu interesse por mim, e eu sendo um perfeito idiota a recusei afirmando de forma bem arrogante que ela era apenas uma garota e que nunca teríamos nada.

Paguei com a língua obviamente, por que agora não me vejo mais sem ela.

Assim que adentramos o salão fomos recebidos com uma salva de palmas ensurdecedora, ao que tudo indica a festa só poderia ser considerada como iniciada depois que nós dois chegássemos.

— Senhor, é melhor fazer o discurso no começo da festa, as pessoas não vão prestar muita atenção depois.— Silvia, a secretaria do financeiro me falou e eu assenti com a cabeça concordando. Melhor assim por que quanto mais cedo fizermos isso, mais cedo poderemos nos sentar e aproveitar a companhia um do outro.

— Claro, estou indo. Barbie, fique bem na frente, tudo o que eu falar vai ser especialmente para você.— Comentei piscando o olho de forma brincalhona e galanteadora para a minha noiva que sorriu em resposta.

Barbara em pouco tempo mudou tanta coisa na minha vida.

Eu costumava funcionar como a droga de um robô, sempre programado para fazer os compromissos de trabalho e me anulando a cada dia, como se as minhas vontades, meus sonhos e minhas ambições pessoais não fossem tão importantes quanto mostrar para todos que eu consigo ser em sucedido, mesmo sem ter tido nenhum tipo de instrução a esse respeito.

Depois dela eu voltei a sorrir e até a sonhar com uma vida a parte dos trabalhos, uma vida em conjunto com ela.

Nossa, eu me transformei em um homem ridicularmente piegas.

— Boa noite a todos, em primeiro lugar antes de qualquer coisa eu gostaria de agradecer a presença de todos em meu nome e no da minha noiva, Barbara. Em segundo eu gostaria de falar especialmente para ela. Meu amor, se eu pudesse contaria tudo nos mínimos detalhes para todas essas pessoas entenderem o quanto você é perfeita em todos os sentidos, mas como eu acredito que nenhum deles tem dias disponíveis para ouvir tudo eu vou resumir. Conheci a Barbara quando ela ainda estava no inicio da adolescência então sempre a vi como a filhinha do meu amigo, obviamente alguém absurdamente proibido para mim. Acontece que depois de um tempo, quando ela começou a trabalhar conosco eu me permiti observar um pouco mais sobre ela. Quando me dei conta estávamos juntos e pouco tempo depois noivos. A velocidade dos acontecimentos certamente assusta a muitos, mas para nós funciona muito bem, eu não podia mais continuar fingindo que não a queria para mim como minha esposa. Eu a quero como minha esposa. Barbara, quero que saiba que eu não sou perfeito, mas eu vou fazer de tudo todos os dias para ser o homem que você precisa e merece que eu seja, mas você não precisa mudar nada, por que já é mais que perfeita para mim.— Terminei o discurso e recebi diversas palmas, no entanto não prestei muita atenção. Procurei pelo par de olhos que me interessava e não encontrei.

Franzi a testa e desci do palco levando um encontrão com o Heitor, que a proposito parece muito preocupado.

— O que aconteceu?— Perguntei com a testa franzida, a pesar de estar mais preocupado com o paradeiro da Barbara. Parece que a criatura virou fumaça e simplesmente sumiu!

— Eu te disse para contar logo. Vem comigo.— Sem me dar tempo de responder e me arrastou para trás do palco, onde eu vi a pior cena possível.

Senti como se levasse um forte soco no estomago ao me deparar com a Paula conversando com a Barbara.

Isso poderia não significar nada se a Barbara não tivesse me encarado com o rosto lavado de lagrimas e banhado de decepção e magoa.

O mundo pareceu sumir diante dos meus pés.

— Eu sinto muito.— A voz do Heitor ecoou por meus ouvidos, mas eu não prestei atenção.

Fiquei paralisado vendo a Barbara virar as costas e ir sorrateiramente embora da festa.

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