Capítulo 3

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Bárbara Lindsay

Eu nunca senti os meus olhos tão pesados assim na minha vida.

Mesmo achando esquisito esse peso repentino forcei as minhas pálpebras para cima me arrependendo logo em seguida por conta da forte claridade que invadiu os meus olhos.

— Barbie? — Ouvi a voz de alguém me chamando ao longe, mas estou tão focada em diminuir o impacto da luz nos meus olhos que não me concentrei na voz que parece estar cada vez mais próxima.

— Bárbara, abra os olhos.— Ouvi o pedido e assim o fiz, abri os olhos novamente e esperei o rosto na minha frente deixar de estar tão embaçado.

O que o Eduardo está fazendo aqui?

E mais importante, onde eu estou?

— Que lugar é esse?— Perguntei sentindo a boca muito seca como se eu não tivesse bebido nenhum líquido a dias.

— Não faça nenhum esforço, está bem? Estamos em um hospital.— Ele disse carinhosamente passando as mãos pelos meus cabelos lentamente.

Aos poucos as memórias do acidente invadiram a minha cabeça como uma tremenda avalanche e se eu estivesse em pé no chão com certeza teria caído.

O carro perdeu o controle, o freio não estava funcionando e a última coisa de que me lembro é do carro capotando inúmeras vezes até finalmente parar.

Depois disso não consigo me lembrar de mais nada por mais que eu tente.

O meu pai... Ele estava dirigindo o carro, onde ele está?

— O meu pai, onde ele está?— Perguntei ficando cada vez mais angustiada tentando me levantar da cama, mas acabei sendo forçada a desistir no mesmo momento em que uma dor aguda me atingiu em cheio.

— Fica calma, você acabou de sair de uma cirurgia bastante delicada, não pode ficar fazendo tanto esforço.— Eduardo disse com a voz contida me fazendo voltar a mesma posição confortável de antes.

Por mais que a dor cirúrgica seja extremamente dolorosa depois de ser forçada eu não poderia estar me importando menos com isso no momento .

Nada é mais importante do que saber o que aconteceu com o meu pai.

— Edu, por favor me fala, o meu pai está vivo?— Perguntei sentindo o coração cada vez mais acelerado devido ao medo.

— Ele está vivo sim, fica calma.— Ele respondeu me acalmando.

— Se ele está vivo, por que demorou tanto para me falar?— Questionei franzindo a testa.

O Eduardo me pareceu dividido entre me dizer a plena verdade ou manter a integridade da minha saúde intacta por mais tempo.

Por fim prevaleceu a primeira alternativa e ele se preparou para me dizer o que de fato está acontecendo.

— Eu preciso que você se mantenha calma, está bem?— Ele pediu calmamente puxando uma cadeira para se sentar ao meu lado.

Incrível como uma pessoa pedindo "calma" tem exatamente o efeito contrário ao desejado.

— Se me pedir para ficar calma mais uma vez eu juro que vou te acertar com esse abajur.— Respondi sem nenhum resquício de paciência fazendo ele levantar as mãos em sinal de rendição.

— O médico me instruiu a te manter o mais calma possível, desculpe se estou parecendo repetitivo.— Edu disse pedindo desculpas com as palavras e com a expressão também.

— Ridiculamente repetitivo na verdade, mas se puder pular toda essa preocupação excessiva e me falar de uma vez onde o meu pai está eu vou ficar muito grata.— Respondi cruzando os braços ansiosa.

Ele respirou fundo e balançou a cabeça afirmativamente.

— Tudo bem, eu vou falar. O seu pai está vivo sim, mas eu não tenho notícias boas para dar a você.— Edu começou a falar e a cada palavra o meu coração acelerou tanto que quase saltou pela boca.

— Ele está muito machucado?— Perguntei sentindo os olhos enchendo de lágrimas fazendo tudo ficar embaçado de novo.

— Ele está em coma, Bárbara. Eu sinto muito, a maior parte do acidente foi completamente do lado do motorista e o seu pai é quem estava dirigindo. Eu sinto muito.— Eduardo disse como se as palavras lhe causasse quase tanta dor quanto estão causando a mim mesma.

Ele e o meu pai são próximos a muitos anos, imagino que seja mesmo muito difícil para ele saber do estado do meu pai.

Mas não é mais difícil do que é para mim.

Desisti de segurar as lágrimas e deixei que rolassem livremente pelo meu rosto. Conforme meu rosto ficou encharcado o desespero apenas aumentou e em um ímpeto de tentar ser útil para o meu pai, mesmo que apenas para ficar ao lado da cama dele eu tentei me levantar novamente e dessa vez a dor não foi capaz de me parar sozinha.

— Eu quero ver o meu pai! Me deixa ver o meu pai.— Pedi ao berros e em meio as lágrimas tentando fazer com que os braços fortes do Eduardo se afastem de mim e me deixe seguir para onde eu desejo.

— Pode chorar a vontade Barbie, não precisa se preocupar com nada, está bem? Eu vou cuidar de você, eu prometo.— Ele disse afagando os meus cabelos com carinho.

Decidi me render ao desespero e enlacei o Eduardo pelo pescoço com força e me permiti chorar até que o meu corpo não fosse mais capaz de emitir som algum.

— Ele não pode morrer.— Falei entre soluços.

— Ele não vai morrer, querida, ele vai continuar lutando para ficar vivo por você.— Edu disse ainda afagando os meus cabelos e amparando o meu corpo desajeitado.

— Ele é tudo o que eu tenho Edu, sem ele eu vou ficar sozinha.— Falei externando os meus medos e comecei a chorar ainda mais.

A minha vida inteira em termos de família se resume a mim e ao meu pai juntos, ele sempre foi o tipo de pai perfeito que só se vê em filmes clichês. O tipo de pai que qualquer um desejaria ter.

Ele sempre foi para todos os meus recitais de ballet, todas as reuniões da minha escola, todas as minhas apresentações da escola incluindo o dia das mães e nunca se importou se teria ou não uma reunião de trabalho no mesmo dia que esses eventos que me incluíam, por que nada nunca esteve acima de mim para ele.

O meu pai é o meu herói, a minha base e o meu exemplo, eu não posso perde-lo.

Não estou pronta para isso ainda, ele não pode me deixar.

— Você tem a mim também Barbara, não vou te deixar sozinha, não importa para o que seja, mas sempre que precisar de mim eu vou estar com você.— Ele disse de uma forma tão solene que eu senti no meu interior que ele está falando a verdade, então me permiti confiar em suas palavras.

Eu sei que ele nunca vai estar disponível para mim da forma como eu gostaria que estivesse, mas só de ter alguém para estar comigo nesse momento eu já me sinto satisfeita.

Ao menos enquanto aguardo o meu pai acordar.

Ele vai continuar lutando, não vai me abandonar assim.

Eu tenho certeza.

Oi meus amoresssss tudo bom? Como eu disse na outra história, eu não ando muito bem e por isso que eu estou bem sumida, mas vou tentar dar um jeito nisso o mais rápido possível.

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