capítulo 4

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Eduardo Montawk

Eu aprendi algumas coisas sobre a Bárbara durante esses dois meses que ela ficou internada se recuperando, posso até mesmo fazer uma lista breve e objetiva.

1) Ela é impossível de controlar, simplesmente não tem como, ela vai fazer o que der na telha de qualquer jeito.

2) Ela com fome se transforma em um grande monstrinho agressivo, até jogou um abajur em mim.

3) Ela é muito impaciente, logo na segunda semana de internação ela queria subornar os médicos para lhe dar alta.

4) Ela ODEIA comida de hospital, e me fez contrabandear algumas comidas para ela.

Graças ao bom Deus ela vai ter alta hoje e esse tormento vai acabar, era terrível ter que ficar vigiando a porta enquanto ela devorava um hambúrguer gigante.

— Edu, eu não se se me sinto bem de abandonar o meu pai aqui sozinho.— Barbie disse acabando de fechar o zíper da sua bolsa, completamente pronta para ir embora.

O pai dela ainda não apresentou nenhuma grande melhora em seu quadro, mas eu sempre digo a ela que ele também não apresentou nenhuma piora, o que de qualquer forma é uma vitória. Significa que ele está lutando com tudo o que pode para ficar vivo.

— Ele não está abandonado, querida, ele está bem cuidado aqui, e você pode vir visitar ele sempre que quiser.— Respondi levantando a bolsa dela.

Eu perguntei se ela não queria ficar um tempo na minha casa, por que ela está sendo liberada, mas ainda não está 100%, e eu admito, ofereci também por que não acho que vá ser uma experiência agradável para ela ficar na casa que ela vive com o pai, completamente sozinha.

Claro que eu não falei isso, ou poderia facilmente ser entendido como piedade e ninguém gosta de despertar esse tipo de sentimento.

— Tem razão, podemos passar no quarto dele antes de ir?— Ela questionou e eu Assenti com a cabeça.

Fomos no quarto e o homem que sempre foi forte agora está muito magro em cima da cama, com vários fios ligados ao seu corpo.

O pior é pensar que são esses fios que o mantém vivo de fato.

Fiquei na porta observando a interação da Bárbara com ele, fiz isso muitas vezes durante esses meses.

É sempre assim, ela chega um pouco retraída, depois da o primeiro passo na direção do pai e um outro logo depois desse, quando fica mais próxima dele ela passa a mão pelo rosto enxugando uma lágrima e então se senta na cadeira ao lado do pai e segura a sua mão.

Ela fica em silêncio por alguns minutos antes de começar uma conversa que só ela e o pai dela entendem.

Esperei por quarenta minutos em silêncio, até a Bárbara se levantar da cadeira, depositar um beijinho na testa do pai e vir caminhando na minha direção.

— Vai ficar tudo bem.— Falei para ela como forma de conforto esperando
sinceramente que as minhas palavras sejam verdadeiras.

Barbie apenas assentiu com a cabeça e foi para a recepção assinar a sua alta.

O caminho até a casa dela foi bastante tranquilo, com um silêncio longo, mas nada desconfortável.

Acho que ela só precisa colocar a cabeça em ordem por um tempo.

— Obrigada por ter vindo até aqui comigo, Edu.— Bárbara agradeceu assim que nós paramos na frente da casa dela.

— Sabe que não precisa agradecer.— Respondi pegando a bolsa dela para que ela não carregue peso.

Eu ainda não estou muito certo de que deixar ela aqui sozinha seja a melhor coisa a se fazer, mas não consigo imaginar meios de fazer ela mudar de ideia e ir passar uns dias na minha casa.

Lá pelo menos eu poderia ficar de olho nela por parte do tempo e na outra metade a minha governanta pode fazer isso por mim.

— Edu, você não precisa ficar preocupado, a Lara vai vir ficar comigo hoje, fica tranquilo.— Ela disse como se fosse capaz de ler todos os meus pensamentos e preocupação.

— Aquela sua amiguinha?— Questionei franzindo a testa. Eu me lembro que o pai dela me falou de uma amiguinha bem próxima da Bárbara, mas não me lembro do nome dela.

Barbara olhou para mim com a testa franzida.

— Amiguinha? Sério, você sempre vai me ver como uma criança?— Ela perguntou visivelmente cansada e um pouco brava também.

Ué, mas o que foi que eu fiz de errado?

— Eu vou deixar de ver você como criança quando você crescer.— Falei simplesmente crendo na ilusão de que isso bastaria para ela se acalmar.

Eu estava errado, é claro.

— Se você me deixasse mostrar o quanto eu cresci, não estaria dizendo isso.— Ela respondeu em um murmuro baixo, mas mesmo assim eu ouvi.

— O que disse?— Questionei arregalando os olhos.

Tudo bem que na festa ela me contou sobre esse desejo completamente descabido que ela tem por mim, mas como eu deixei claro que não existe a menor possibilidade disso se concretizar eu achei que ela já tivesse entendido.

— Nada, eu não falei nada, até por que você é teimoso o suficiente para não ouvir mesmo que eu fale.— Ela disse empinando o nariz.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, uma garota pequena de cabelos castanhos veio correndo na nossa direção, se jogando em cima da Bárbara logo em seguida.

Quem é essa doida?

— Ai, Lara, cuidado para não me mandar de volta para o hospital.— Barbara disse rindo enquanto retribui o abraço.

— Desculpa amiga, é que eu estava tão preocupada com você.— A Lara disse voltando a apertar a amiga nos braços.

— Obrigada por ter me trazido Eduardo, já pode ir embora despreocupado.— Bárbara disse olhando para mim e eu Assenti voltando para o meu carro.

Pelo menos eu sei que ela não está sozinha, agora já posso voltar a minha preocupação para um assunto mais urgente e bem mais desagradável do que qualquer preocupação que eu possa ter com a Barbara.

As empresas.

Durante esses meses as duas empresas acabaram ficando sem uma liderança de fato, eu tentei dedicar o máximo de atenção para as duas, mas como eu precisava ir ao hospital todos os dias acabei não dando conta de todos os setores, mesmo que eu tenha beirado a exaustão diversas vezes.

Agora eu preciso pensar em uma solução para a reunião do mês que vem da empresa da família da Bárbara.

Com o pai dela ausente o controle da empresa está obviamente nas mãos dela, mas ela não sabe como gerir uma empresa desse porte, e o pior é que não sobra muito tempo para que ela aprenda.

Ou a liderança é escolhida e alguém da família fica no cargo, ou os abutres vão ter uma ótima oportunidade de usurpar tudo, e então não vai mais ter como resolver o problema.

Eu preciso pensar em uma solução, o meu amigo conta comigo para isso!

Eu não posso deixar que ele perca tudo, assim como ele nunca deixou de acreditar que eu sou capaz de gerir uma empresa sem perder tudo.

Mas a grande pergunta é: Como eu posso fazer isso?



Olha quem voltouuuuuuuuu
Euuuuuuuuuu kkkkkkkkk desculpem meu sumiço, eu vou tentar voltar regularmente. Não esqueçam de votar e comentar MUITO viu ♥️

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