Capítulo 35

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Barbara Lindsay

Continuei me forçando a prestar o maximo de atenção possivel em um numero horrendo de conversas tediosas, mas nada me tirou a sensação iminente da presença dele.

Meu corpo arrepiou, minha espinha foi ficando fria pouco a pouco e eu inconcientemente prendi o ar nos pulmões assim que ele chegou na festa. Eu não o tinha visto, nem mesmo o vi até agora, mas de uma forma nada convencional e impossivel de ser logicamente justificada eu senti a sua presença.

Pareço uma louca, eu sei, mas eu realmente senti. 

— Amiga, vem comigo, tem uma pessoa para você reencontrar.—  Graças aos céus a Lara apareceu e  me tirou de perto daqueles investores entediantes.

Ou talvez seja apenas eu e as sensações completamente enlouquecidas do meu corpo.

— Bebe isso por que você parece uma pilha ambulante de nervos.—  Ela me entregou uma taça de viho que eu prontamente aceitei completamente agradecida.

—  Nossa, quanta empolgação.—  Carlos, o primo da Lara falou aparecendo completamente do nada na nossa frente.

Me fez engasgar com o liquido.

—  Nossa,  Carlos, quanto tempo! Eu nem sou muito de beber, mas precisava relaxar.—  Confessei entregando a taça já vazia para a minha amiga, depois abri os braços e fui animadamente abraçar um amigo que não vejo a muito tempo.

Carlos e eu parecia o tipo que daria certo no final, e talvez tivesse dado mesmo se ele  não tivesse ido embora e eu já não fosse tão apaixonada pelo Eduardo.

—  Relaxar? Você sabe que essa é a minha especialidade amor, vem comigo. Tchau prima.—  Carlos saiu me puxando nos tirando de perto da Lara com um sorriso presunçoso no rosto.

Carlos é o tipo de homem que faria qualquer mulher suspirar pelos cantos feito uma idiota com muita facilidade. Ele é alto, moreno, tem um corte de cabelo meio militar e isso por que ele simplesmente se acha maravilhoso dessa forma, e é claro que eu não sou nem louca de descordar, ele fica um pedaço de tentação. Para coroar ainda mais a magnitude do homem a minha frente ele tem os olhos verdes e se veste com um estilo despojado e conquistador barato.

 — E então pequena, do que estamos tentando relaxar?— Ele perguntou quando chegamos em uma parte mais afastada do jardim, mais precisamente a mesa com bebidas.

— De um cara que me deu dor de cabeça.—  Respondi com sinceridade e ele riu.

—  Terminaram?—  Questionou e eu assenti com a cabeça confirmando. Carlos sempre soube que quando estavamos juntos eu estava apixonada por outra pessoa, nunca menti para ele, mas o que sempre foi segredo é a pessoa que detinha os meus sentimentos.

—  Terminamos sim.—  Confirmei dessa vez em voz alta.

—  Otimo, já posso dar em cima de você ou ainda é cedo? Eu nunca sei quanto tempo esperar.—  Brincou e eu ri abertamente.

Tinha sentido muita falta desse tipo de senso de humor que só ele tem. Em outras pessoas não brilha tanto quanto nele.

—  Você continua um safado sem limites, não é?—  Perguntei ainda sorrindo.

Incrivel como o meu humor melhorou só de conversar por menos de dois minutos com ele.

—  Por que eu mudaria se meu jeitinho conquista todas que eu quero? Não se mexe em time que está ganhando, pequena.—  Carlos respondeu e eu lhe dei um leve tapa estalado no braço.

— Todas as que você quer? Eu não sou só mais uma da sua listinha, em mim você não encosta mais.—  Respondi com o nariz empinado aproveitando a sensação de familiaridade entre nós dois.

—  Largo todas por você, sabe disso.—  Respondeu e eu sorri ainda mais decidida que hoje eu vou me divertir.

—  Carlos, quanto tempo que não o vejo.—  Meu pai surgiu completamente arrumado, usando nada menos que um terno intaliano sob medida, comemorando a volta do Carlos para as nossas vidas.

Meu pai é o tipo de pessoa por quem é facil de se apegar, assim sendo todos os que passam por nossas vidas acabam criando um laço especial com ele.

—  Tio, eu estou aqui tentando fazer sua filha voltar a ficar comigo, pode me ajudar?—  Pediu ao meu pai e eu arregalei os olhos assustada. Sim, sei que sou maior de idade e que posso fazer o que eu bem entender da minha propria vida, mas isso nãoameniza o fato de ser estranho o meu pai saber quem eu já sai beijando por ai.

—  Eu não tenho opinião sobre isso, fiquei feliz de rever você garoto, apareça mais vezes, vou ali conversar com o Eduardo, ele está quieto demais hoje.—  Meu pai se despediu e eu não resisti, precisei dar uma olhada na direção do Eduardo para conferir o que o meu pai disse.

E de fato não era exagero, ele está muito amuado.

— Voltando ao nosso assunto, me dê atenção por favor.—  Carlos fez um draminha para eu olhar para ele novamente, claro que eu me obriguei a parar de olhar para o Eduardo, ele nem mesmo se deu ao trabalho de olhar na minha direção, não existem razões para que seja eu a ficar fazendo isso.

O certo é prestar atenção em quem quer a minha atenção.

—  Amiga, desculpa atrapalhar esse reencontro cheio de tesão de vocês, mas eu preciso da sua ajuda para convocar as pessoas para o jantar, já está tudo pronto e eu não quero atrasar. — Lara chegou interrompendo a nossa conversa mas eu não me importei, a noite é  toda dedicada a volta do meu pai e nada é mais importante que fazer tudo ser perfeito.

Me desculpei com o Carlos e pedi para ele esperar um pouco por que depois do jantar, que ele também vai participar, darei atenção a ele.

Fui com minha amiga até o microfone onde gentilmente guiei as pessoas para a nossa sala de jantar. Eu e Lara tivemos muito trabalho para montar um jantar adequado, muito saboroso e nada muito rebuscado por que o meu pai não gosta de comida chique demais.

— Amigos, agradeço a todos por estarem aqui presentes comemorando a minha volta. Quero fazer um agradecimento especial a Lara e ao Eduardo por que vocês cuidaram do meu bem mais precioso na minha ausência, a minha filha Barbara. fico em uma dívida de gratidão eterna com vocês e nunca vou me esquecer disso. Aproveitem o jantar, minha bonequinhas Barbara e Lara planejaram tudo com muita dedicação.— Meu pai falou e agradeceu de forma simples, mas muito sincera. Ele é um homem de poucas palavras mesmo, mas nunca o vi tão de coração aberto na frente de outras pessoas quanto agora.

Ele sabe que quase nos deixou, e o quanto isso nos destruiria.

Especialmente a mim.

Durante o jantar Eduardo olhava sorrateiramente para mim, parecendo particularmente irritado com o Carlos que vez ou outra faz algum charme ou flerte na minha direção.

— Pai, espera, vou no escritório buscar um presente que comprei pra você.— Anunciei me lembrando das abotoaduras que escondi no escritório dele.

Por incrível que pareça, mesmo o escritório sendo dele ele mal o usa, então não existe lugar melhor nessa casa para esconder o que quer que seja.

Me levantei e caminhei a curta distância entre a cozinha e o escritório, divididos apenas por um corredor médio.

Entrei e fechei a porta atras de mim, porém me sobressalto ao sentir alguém puxando o meu braço com força me chocando contra si.

Eu nem percebi que mais alguém entrou aqui depois de mim.

— Você por acaso está querendo me deixar maluco?

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