capítulo 11

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Barbara Lindsay

Só percebi que tinha caído no sono quando acordei sentindo um carinho suave em meu braço.

Por um momento eu me permiti acreditar que era o Edu me acariciando com tanto cuidado, por essa razão completamente enlouquecedora que eu permaneci de olhos fechados mais que o necessário apenas para aproveitar mais a minha ilusão.

Quando precisei me forçar a admitir que era o momento de abrir os olhos dei de cara imediatamente com a Lara, minha melhor amiga me encarando com compaixão.

O meu celular não tem senha, o Eduardo deve ter pegado o numero da Lara para pedir que viesse me bucar, eu certamente já estou incomodando bastante.

– O Eduardo me contou o que aconteceu, eu sinto muito, homem são realmente a praga da humanidade.– Lara disse balançando a cabeça de cima para baixo até finalmente se dar conta de que o Edu esta logo atras dela. Minha amiga virou-se para ele com um sorriso amarelo e sem graça. – Claro que isso não engloba o homem presente.– Disse encolhendo os braços sem graça.

Eu senti vontade de rir diante da cena, a Lara é uma pessoa totalmente sem filtro, não pensa ou filtra as coisas antes de falar e isso sempre resulta em risos da minha parte. Acho que isso é uma das coisas que me fazem gostar tanto dela, a minha amiga representa tudo o que eu não consigo ser, mas que eu adoro ver ela sendo.

– Claro, imagino que sim.–Edu respondeu rindo deixando o cloma mais leve, como se a Lara estivesse esperando que ele realmente ficasse bravo.

Logico que eu sabia que isso não iria acontecer, o Edu é um homem serio e profissional, mas de alguma forma eu nunca o imaginei como alguem que perderia as estribeiras por algo trivial, e nesse quesito ele nunca me decepcionou.

– Bom, o que você está fazendo aqui?– Perguntei me sentando no sofá, ficar assim deitada por tanto tempo me faz sentir doente.

– Eduardo me ligou e disse que você precisava de mim, e quando eu cheguei aqui ele me contou tudo. Sinto muito amiga.– Ela disse com um ar de compreensão e eu sorri para evitar as lagrimas.

Eu estou tentando não pensar nas consequências da minha atitude, imagino que sofrer por antecedencia não vai me levar a nada e eu sei que posso lidar com os problemas quando eles de fato surgirem.

Ao menos eu acho.

– Você acha que tem como reverter a situação?– Perguntei para ela tentando parecer casual e despreocupada.

A Lara não trabalha no meu tipo de mercado, mas isso não quer dizer que ela não seja absolutamente inteligente para o que quer que seja.

– Você quer a minha sinceridade ou a resposta que você gostaria de receber?– Perguntou torcendo a boca já me dando a resposta por entre seus trejeitos, no entanto eu não me dei por satisfeita apenas com a suposição, eu quero ouvir a resposta.

– A sinceridade, é claro.– Afirmei sentindo as minhas pernas ficarem na consistencia de um espaguete.

Estou nervosa com o risco iminente de ter colocado tudo pelo que meu pai trabalhou a vida inteira a perder, mesmo sabendo que caso ele estivesse acordado ficaria orgulhoso da minha postura incorruptivel ao ter sido tão descaradamente assediada, no entanto mesmo que o meu lado racional e logico saiba disso o meu lado sentimental e ilogico insiste que eu poderia ter reagido de uma forma diferente para que o resultado tambem fosse diferente.

Ele ainda não fez uma denuncia formal, mas eu sei que isso não vai levar mais do que algumas horas para acontecer, afinal uma pessoa com o orgulho ferido é alguem terrivel de lidar, mas quando essa pessoa de orgulho ferido é tambem alguem sem uma misera linha de escrupulos, então alem de ser terrivel de lidar é tambem uma pessoa muito perigosa.

– Eu acho que a vaca foi para o brejo com certeza.– Como eu disse, a Lara não -sabe como ser sutil.

Suspirei derrotada começando a aceitar que vou perder a presidencia antes mesmo de conseguir provar a minha competencia.

– Eu fiz o que devia fazer, e mesmo que eu perca tudo eu ao menos não comprometi a minha dignidade.– Retruquei enchendo o meu peito de ar para aparentar confiante com as minhas palavras.

– Exatamente, não tem do que se envergonhar, ele foi um nojento e você se defendeu.– Lara disse mantendo a postura impenetravel de certeza e confiança em suas proprias palavras.

– Podemos ir para casa? – Questionei ja me levantando do sofá para pegar as minhas coisas, mesmo sabendo que eu apenas me defendi não consigo evitar a vontade absurda de me debulhar em lagrimas, e até agora eu tenho conseguido me conter, no entanto não faço ideia de quanto tempo mais eu vou conseguir me controlar.

Preciso sair daqui urgente, a ultima coisa que eu preciso é que o Eduardo me veja chorando como uma garotinha perdida.

– Claro.– Lara levantou acompanhando os meus passos passando pela porta da frente antes de mim.

Mesmo morrendo de vontade de ir embora o mais rapido possivel eu não posso ignorar toda a boa vontade que o Edu teve de me ouvir e de me acalmar com tudo o que aconteceu.

Então eu reuni toda a minha força de vontade e olhei para ele tentando organizar as minhas palavras de agradecimento.

– Obrigada por ter me deixado ficar, você não tinha obrigaço de fazer isso mas mesmo assim fez, e por favor me desculpe por nossos planos não terem saido da forma como nós planejamos.– Falei mantendos os seus olhos cativos dos meus, são em momentos assim que eu me encaro como uma verdadeira masoquista.

Não me importo que eu seja a unica nutrindo sentimentos entre nós, não me importo que ele nunca vá gostar de mim da mesma forma que eu gosto dele, e mesmo que isso doa cada vez mais eu simplesmente não consigo me importar desde que eu possa ter momentos assim com ele.

Claro que eu porvavelmente vou querer surtar quando ele se apaixonar por alguem, mas até que esse momento chegue, eu vou aproveitar o pouco que eu tenho.

– Não precisa me agradecer.– Ele disse olhando para baixo para conseguir olhar para mim.

– Preciso sim, eu sei que você só esta fazendo tudo isso por todod o carinho que você tem por meu pai, e por isso eu agradeço tanto.– Falei com sinceridade.

De uma forma ou de outra é no minimo reconfortante saber que tem mais alguem sentindo tanta falta do meu pai quanto eu.

– Escuta, não fica sofrendo por antecipação, a minha mãe costumava dizer que não existe mal que não possa ser remediado, a menos que seja a morte. Eu ainda não sei o que eu vou fazer para resolver, mas eu te prometo que tudo vai ficar bem. – Edu disse e eu me permiti acreditar em suas palavras.

Sai de sua casa sem dizer mais nenhuma palavra, tambem não era necessario que eu disesse.

Ele sabe que eu confio nele, no entanto tambem sabe que eu estou abalada demais no momento para verbalizar alguma coisa alem de um "eu confio em você".

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